Economia Subterrânea cresce no Brasil

A participação da economia subterrânea na economia brasileira atingiu cerca de 17,8% do PIB no ano de 2022, como mostra o Índice da Economia Subterrânea (IES). Este resultado é maior do que o observado no ano de 2021 (17,4%) e aponta para uma volta ao padrão de elevações observadas no período pré-pandemia. O índice construído numa parceria entre o Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial, o ETCO, e o FGV IBRE mensura a evolução da economia subterrânea desde 2003 e procura capturar a evolução das atividades que operam à margem das legislações e regulamentações que afetam as atividades formais no país.

As altas observadas no indicador até o ano de 2019 foram consequência da crise iniciada em meados de 2014, que reduziu o setor formal da economia, e da lenta recuperação da atividade econômica, concentrada em sua parte mais flexível a economia informal, que estava puxando o emprego no país. Ao mesmo tempo, a redução das taxas de juros e o lento aumento da renda amenizaram o quadro de crescimento da economia subterrânea que seria mais forte na ausência destes fatores.

No entanto, os eventos dos últimos anos associados à pandemia da Covid-19 elevaram de forma extraordinária o nível de incerteza em relação ao desempenho da economia. Os impactos negativos sobre a atividade econômica e sobre o mercado de trabalho afetaram de forma mais intensa os trabalhadores informais, em comparação com os trabalhadores formais. Esta mudança de composição do mercado de trabalho, com maior peso da formalização, aliada a forte redução do nível de atividade econômica, contribuíram para o recuo do Índice da Economia Subterrânea (IES) no ano de 2020.

Passada a fase mais aguda da pandemia foi iniciado o processo de normalização da atividade econômica, estimulando tanto a economia formal como a informal, registrando uma volta da informalidade aos padrões observados no período pré-pandemia, em parte causada pela recuperação mais rápida do emprego informal, o que era de se esperar dada a maior flexibilidade nesse tipo de vínculo, assim,  o Índice da Economia Subterrânea (IES), desde de 2021, voltou a crescer, revertendo a queda observada em 2020.

Nos últimos dois anos, a volta da atividade econômica fez com que tanto a economia formal como a informal tivessem forte recuperação. No entanto, a parte informal do mercado de trabalho mostrou recuperação mais forte em termos relativos, fazendo com que o IES apresentasse crescimento no período, mais do que compensando a queda ocorrida na pandemia.

A fim de entender com mais profundidade este tema, o ETCO (Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial) e o IBRE/ FGV, desenvolveram um índice para acompanhamento da economia subterrânea proporcionando um indicador da evolução das atividades informais. A economia subterrânea é definida como a produção de bens e serviços não reportada ao governo, deliberadamente, para: sonegar impostos; evadir contribuições para a seguridade social; driblar o cumprimento de leis e regulamentações trabalhistas; evitar custos decorrentes das normas aplicáveis a cada atividade.

O índice se inicia em 2003, com o maior valor da série histórica, cerca de 21% do PIB Brasileiro. Entre 2003 e 2014, no período de forte expansão do emprego formal, o Índice de Economia Subterrânea apresentou uma forte tendência de queda, alcançando em 2014 o seu menor valor (16,1%). Desde então, como consequência da crise de 2015/2016, o índice tem apresentado tendência de crescimento, interrompida com a crise do COVID 19. A normalização da atividade econômica, sinaliza uma nova elevação do índice.

Diversos fatores estruturais estimulam a formalização do mercado de trabalho: elevação da escolaridade média do brasileiro; medidas de simplificação das normais legais que reduzem o custo da formalização como implantação das Notas Fiscais eletrônicas (NFes), o SIMPLES, o MEIA e a expansão do mercado de crédito reduziram a economia subterrânea no país nos anos 2000 ampliando as atividades econômicas em conformidade com a lei.

É fato que a conjuntura econômica apresenta forte impacto sobre a economia subterrânea. A crise de 2015/2016 acarretou o crescimento do emprego informal, estimulando sucessivos aumentos no Índice de Economia Subterrânea entre os anos de 2015 e 2019.

O avanço da pandemia da Covid-19 gerou forte redução do espaço para os trabalhadores informais causando o recuo do índice em 2020, com a mudança de composição do mercado de trabalho, com maior peso da formalização, aliada a forte redução do nível de atividade econômica.

Desde 2021, em função do início da normalização econômica e da recuperação mais rápida do setor informal temos notado um aumento no Índice de Economia Subterrânea, indicando uma volta ao padrão de elevações observados antes da pandemia. Em particular no ano de 2022 o peso da economia subterrânea no PIB foi de 17,8%. Este valor observado em 2022, mostra que a economia subterrânea no Brasil, movimentou algo próximo a R$ 1,7 trilhões de reais, próximo por exemplo ao PIB da Suécia que correspondem a algo próximo de 18% do PIB brasileiro, segundo dados do FMI.

Por ter menores custos, a recuperação do mercado de trabalho foi incentivada pelo lado do emprego informal, com a possibilidade de novo aumento no indicador de economia subterrânea nos próximos anos. Sendo assim, a diminuição do índice dependerá da velocidade de recuperação da economia e do avanço das reformas necessárias ao estímulo da economia.

A boa notícia é que os fatores estruturais que proporcionaram a redução da economia subterrânea permanecem presentes na economia brasileira. Em particular, o processo de simplificação das normas e regulamentações permanece ativo (com perspectivas de ampliação pelo atual governo), a escolaridade média do brasileiro continua aumentando e o mercado de crédito deve voltar a sua trajetória de crescimento. Além disso, os efeitos da reforma trabalhista devem continuar estimulando a formalização do mercado de trabalho, reduzindo o seu custo. De outro lado, a criação do PIX deverá fortalecer, nos próximos anos, o uso de mecanismos formais de pagamento, facilitando a mensuração das atividades econômicas e, com isso, no longo prazo permitindo a redução da parcela informal no PIB brasileiro.

* Edson Luiz Vismona (presidente do ETCO – Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial) e Fernando de Holanda Barbosa Filho – economista do FGV/IBRE

Economia Subterrânea movimenta R$ 1,7 trilhões no Brasil e volta ao padrão pré-pandemia

A economia subterrânea aumentou a participação na economia brasileira e atingiu 17,8% do PIB, o que representa cerca de R$ 1,7 trilhões de reais. O resultado faz parte do Índice de Economia Subterrânea (IES), uma parceria entre o Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO) e o FGV/IBRE, que acompanha desde 2003 a evolução das atividades que operam à margem das legislações e regulamentações que afetam as atividades formais no país.

O indicador, maior que o observado em 2021 (17,4%), aponta para uma volta ao padrão de elevações provocado pelos eventos dos últimos anos associados à pandemia da covid-19 que elevaram o nível de incerteza em relação ao desempenho da economia.

O fim da fase mais aguda da pandemia e o início do processo de normalização da atividade econômica favoreceram a recuperação mais rápida do emprego informal, que reage mais rapidamente, contribuindo com o aumento do Índice da Economia Subterrânea (IES) no ano de 2021.

De acordo com Edson Vismona, presidente do ETCO, esse aumento do IES aponta para o novo governo a necessidade de fortalecer os fundamentos econômicos, com uma reforma tributária que estimule a formalização da economia e a geração de empregos.

Fazendo um resgate histórico, as altas observadas no indicador até o ano de 2019 foram consequência da crise iniciada em meados de 2014, que reduziu o setor formal da economia. Ao mesmo tempo, a redução das taxas de juros e o lento aumento da atividade econômica amenizaram o quadro de crescimento da economia subterrânea que seria mais forte na ausência destes fatores.

 

 

 

 

 

O Gráfico mostra a evolução do Índice de Economia Subterrânea desde 2003 – Fonte: Elaboração ETCO e FGV/IBRE

O economista da FGV/IBRE, Fernando de Holanda Barbosa Filho, ressalta que os últimos anos associados à crise da pandemia do COVID-19 afetou de forma desproporcional o trabalhador informal na comparação com o trabalhador formal.

“Por ser mais flexível, é bem provável que a recuperação do emprego ocorra, como já temos visto, em função de aumentos mais fortes no mercado de trabalho informal, o que pode fazer com que haja novos aumentos no indicador de economia subterrânea nos próximos anos. Sendo assim, a dinâmica do indicador dependerá da velocidade de recuperação da economia, que dependerá do avanço das reformas necessárias ao estímulo da economia.”, conclui Barbosa Filho.

Vismona e Barbosa Filho concordam que fatores estruturais que proporcionaram a redução da economia subterrânea permanecem presentes na economia brasileira, mas é preciso cautela quanto a avaliação da evolução do indicador, pois sua dinâmica dependerá da velocidade de recuperação da economia, que dependerá do avanço das reformas necessárias ao estímulo da economia.

Evolução do Índice

O ETCO e o FGV/IBRE desenvolveram um índice para acompanhamento da economia subterrânea proporcionando um indicador da evolução das atividades informais. A economia subterrânea é definida como a produção de bens e serviços não reportada ao governo, deliberadamente, para sonegar impostos; evadir contribuições para a seguridade social; driblar o cumprimento de leis e regulamentações trabalhistas; evitar custos decorrentes das normas aplicáveis a cada atividade.

O índice se inicia em 2003, com o maior valor da série histórica, cerca de 21% do PIB Brasileiro e desde então, apresentou uma forte tendência de queda, alcançando em 2014 o seu menor valor (16,1%). No entanto, a partir de 2015, observou-se uma piora no indicador, com um aumento de mais de 1 ponto percentual entre 2015 e 2019.

A redução do índice no país nos anos 2000 está relacionada a diversos fatores estruturais que estimularam a formalização do mercado de trabalho e dificultaram a atuação das empresas à margem da lei. Dentre os fatores que ajudaram a elevar a formalização da economia, podemos citar o aumento do mercado de crédito e a ampliação da escolaridade média do brasileiro.

Além disso, as medidas de simplificação das normais legais ajudam a reduzir o custo da formalização, estimulando a redução da economia subterrânea. Neste sentido, medidas com a implantação das Notas Fiscais eletrônicas (NFes), o SIMPLES e o MEI tendem a formalizar mais a economia.

Entre o segundo trimestre de 2014 e o quarto trimestre de 2016 o Brasil enfrentou um longo período de recessão (11 trimestres) de acordo com o Comitê de Datação de Ciclos Econômico (CODACE).  Uma das consequências desta perda de dinamismo na economia foi o aumento do número de pessoas ocupadas em atividades informais.

Podemos notar (Gráfico) uma piora no Índice de Economia Subterrânea entre os anos de 2015 e 2019. Neste período, houve um aumento de mais de 1 ponto percentual no Índice de Economia Subterrânea, de modo que ele passou de 16,2% em 2015 para 17,3% em 2019.

Entre 2016 e 2019, houve uma recuperação do emprego, porém informal, cujas relações de trabalho são bem mais flexíveis, gerando aumentos no número de pessoas sem carteira assinada e na participação da renda deste grupo na renda total.

Logo, o aumento da informalidade observado neste período fez com que o impacto via mercado de trabalho fosse maior, levando assim a sucessivos aumentos no Índice de Economia Subterrânea entre os anos de 2015 e 2019.

Já no ano de 2022, foi possível notar um aumento de 0,4 pontos percentuais no indicador, explicada pela volta ao padrão de elevações observado antes da pandemia. Este valor observado em 2022, mostra que a economia subterrânea no Brasil, movimentou algo próximo a R$ 1,7 trilhões de reais, próximo por exemplo que o PIB da Suécia que correspondem a algo próximo de 18% do PIB brasileiro, segundo dados do FMI.

Esse aumento do indicador no ano de 2022 está associado ao início da normalização econômica e a mudança de composição no mercado de trabalho. Com a pandemia sob controle, houve uma recuperação mais rápida do setor informal em comparação com a queda observada nos trabalhadores formais, o que gerou um aumento na informalidade.

O lado positivo é que os fatores estruturais que proporcionaram a redução da economia subterrânea permanecem presentes na economia brasileira. O processo de simplificação das normas e regulamentações permanece ativo (com perspectivas de ampliação pelo atual governo), a escolaridade média do brasileiro continua aumentando e o mercado de crédito deve voltar a sua trajetória de crescimento.

Além disso, os efeitos da reforma trabalhista tendem a estimular a formalização do mercado de trabalho, reduzindo o custo relativo da formalização, estimulando a volta do emprego formal. A recente criação do PIX também deverá fortalecer, nos próximos anos, o uso de mecanismos formais de pagamento, facilitando a mensuração das atividades econômicas e, com isso, permitindo a redução da parcela informal no PIB brasileiro ao longo prazo.

 

Informalidade volta a crescer no País

A economia informal voltou a crescer no País. É o que mostra a nova edição da pesquisa do ETCO e do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV-IBRE) que calcula o Índice de Economia Subterrânea (IES) desde 2003. Este ano, de acordo com o estudo, o total de bens e serviços produzidos e comercializados no País sem o acompanhamento dos órgãos oficiais totalizou R$ 1,3 trilhão, valor equivalente a 16,8% do PIB brasileiro e superior ao PIB de países como Suécia e Irlanda.

O resultado representa um aumento de 0,1 ponto percentual no Índice do último ano e mostra o retorno da informalidade à trajetória ascendente iniciada em 2015. Até aquela data, o IES registrava onze anos consecutivos de queda, tendo caído do patamar de 21% do PIB em 2003 para a mínima histórica de 16,1% em 2014. Naquele período, os especialistas apontavam o crescimento econômico e as medidas de promoção da formalização, como a Nota Fiscal Eletrônica e o regime do Microempreendedor Individual (MEI), entre os motivos que explicavam a queda do Índice.

A reviravolta teve início a partir da recessão de 2015 e continuou nos anos seguintes em virtude do baixo crescimento econômico e da elevação da taxa de desemprego, que pressionam empresas e trabalhadores na direção da informalidade. Nesse sentido, a expressiva redução observada em 2020, quando o IES caiu de 17,3% para 16,7% do PIB, é considerada um ponto fora da curva causado pelas limitações impostas pela pandemia.

“As restrições de circulação durante os meses mais críticos da pandemia tiraram as pessoas das ruas, prejudicando sensivelmente ambulantes, motoristas de aplicativos e comerciantes informais”, explica o presidente executivo do ETCO, Edson Vismona. “Essa população teve sua atividade interrompida de forma brusca e isso trouxe forte impacto econômico e social.”

O economista Paulo Peruchetti, do FGV/IBRE, lembra que o governo adotou várias medidas para proteger empresas e trabalhadores formais, como o Benefício Emergencial de Preservação do Emprego (BEM). No caso dos informais, o Auxílio Emergencial levou renda, mas não sustentou a atividade econômica e o trabalho, reduzindo temporariamente a economia subterrânea.

Aumento deve continuar

Com a reabertura da economia, o trabalho informal voltou a crescer. “É um emprego onde a pessoa não tem nenhuma garantia, não paga nada, não tem nenhum auxílio nem previdência, é um subempregado. Nós temos que oferecer condições para que ela se formalize e fuja da ilegalidade”, afirma Vismona.

A expectativa é que esse movimento se acentue ainda mais a partir de agora. “Por ser mais flexível, é bem provável que a recuperação do emprego ocorra em função do crescimento mais forte de oportunidades no mercado de trabalho informal, o que pode fazer com que haja novos aumentos no indicador de economia subterrânea nos próximos anos”, afirma Peruchetti.

O IES é calculado com base em pesquisa do IBGE sobre a informalidade no mercado de trabalho e dados sobre a quantidade de papel-moeda em circulação no País. A economia subterrânea utiliza mais dinheiro em suas transações financeiras.

Pandemia afeta atividade informal no Brasil e derruba indicador

Economia subterrânea no Brasil, movimentou algo próximo a R$ 1,2 trilhões de reais, maior que o PIB de países como Suíça e Suécia

A economia subterrânea sofreu uma pequena queda na participação na economia brasileira e atingiu 17,1% do PIB, o que representa cerca de R$ 1,2 trilhões de reais. O resultado faz parte do Índice de Economia Subterrânea (IES), uma parceria entre o Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO) e o IBRE/FGV que acompanha, desde 2003, a evolução das atividades que operam à margem das legislações e regulamentações que afetam as atividades formais no país.

O indicador, ligeiramente menor que o observado em 2019 (17,3%), aponta para uma interrupção nas sucessivas altas observadas desde 2015, provocada pelos eventos associados à pandemia da covid-19 que elevaram de forma extraordinária o nível de incerteza em relação ao desempenho da economia.

Os impactos negativos sobre a atividade econômica e sobre o mercado de trabalho afetaram de forma mais intensa os trabalhadores informais, em comparação com os trabalhadores formais, contribuindo para a queda do Índice da Economia Subterrânea (IES) no ano de 2020.

De acordo com Edson Vismona, presidente do ETCO, a queda observada no índice, ao contrário do que aconteceu no passado, não está associada ao aumento da atividade formal.

“É uma redução de que não podemos comemorar. As restrições de circulação durante os meses mais críticos da pandemia, tiraram as pessoas das ruas, prejudicando sensivelmente ambulantes, motoristas de aplicativos e comerciantes informais. Essa população teve sua atividade interrompida de forma brusca e isso trouxe um forte impacto econômico e social”, completa o executivo.

 

O Gráfico mostra a evolução do Índice de Economia Subterrânea desde 2003 – Fonte: Elaboração ETCO e FGV/IBRE

Fazendo um resgate histórico, as altas observadas no indicador até o ano de 2019 foram consequência da crise iniciada em meados de 2014, que reduziu o setor formal da economia, e da lenta recuperação da atividade econômica, concentrada em sua parte mais flexível a economia informal, que estava puxando o emprego no país. Ao mesmo tempo, a redução das taxas de juros e o lento aumento da renda amenizaram o quadro de crescimento da economia subterrânea que seria mais forte na ausência destes fatores.

O economista do IBRE/FGV, Paulo Peruchetti, acredita que a atual crise, de características únicas, o trabalhador formal foi mais protegido, principalmente por conta do Benefício Emergencial de Preservação do Emprego (BEm). Já em relação aos informais, o benefício emergencial garantiu a renda, mas não o emprego.

“Por ser mais flexível, é bem provável que a recuperação do emprego ao longo do próximo ano ocorra em função de aumentos mais fortes no mercado de trabalho informal, o que pode reverter a queda no indicador de economia subterrânea nos próximos anos”, conclui Peruchetti.

Vismona e Peruchetti concordam que fatores estruturais que proporcionaram a redução da economia subterrânea entre 2014 e 2019 permanecem presentes na economia brasileira, mas que é preciso cautela quanto a avaliação da evolução do indicador, pois sua dinâmica dependerá da velocidade de recuperação da economia, que dependerá do avanço das reformas necessárias ao estímulo da economia.

 Evolução do Índice

O ETCO e o IBRE/ FGV desenvolveram um índice para acompanhamento da economia subterrânea proporcionando um indicador da evolução das atividades informais. A economia subterrânea é definida como a produção de bens e serviços não reportada ao governo, deliberadamente, para: sonegar impostos; evadir contribuições para a seguridade social; driblar o cumprimento de leis e regulamentações trabalhistas; evitar custos decorrentes das normas aplicáveis a cada atividade.

O índice se inicia em 2003, com o maior valor da série histórica, cerca de 21% do PIB Brasileiro e desde então, apresentou uma forte tendência de queda, alcançando em 2014 o seu menor valor (16,1%). No entanto, a partir de 2015, no entanto, observou-se uma piora no indicador, com um aumento de mais de 1 ponto percentual entre 2015 e 2019.

A redução do índice no país nos anos 2000 está relacionada a diversos fatores estruturais que estimularam a formalização do mercado de trabalho e dificultaram a atuação das empresas à margem da lei. Dentre os fatores que ajudaram a elevar a formalização da economia, podemos citar o aumento do mercado de crédito e a ampliação da escolaridade média do brasileiro.

Além disso, as medidas de simplificação das normais legais ajudam a reduzir o custo da formalização, estimulando a redução da economia subterrânea. Neste sentido, medidas com a implantação das Notas Fiscais eletrônicas (NFes), o SIMPLES e o MEI tendem a formalizar mais a economia.

Entre o segundo trimestre de 2014 e o quarto trimestre de 2016 o Brasil enfrentou um longo período de recessão (11 trimestres) de acordo com o Comitê de Datação de Ciclos Econômico (CODACE).  Uma das consequências desta perda de dinamismo na economia foi o aumento do número de pessoas ocupadas em atividades informais.

Podemos notar (Gráfico) uma piora no Índice de Economia Subterrânea entre os anos de 2015 e 2019. Neste período, houve um aumento de mais de 1 ponto percentual no Índice de Economia Subterrânea, de modo que ele passou de 16,2% em 2015 para 17,3% em 2019.

Entre 2016 e 2019, houve uma recuperação do emprego, porém informal, cujas relações de trabalho são bem mais flexíveis, gerando aumentos no número de pessoas sem carteira assinada e na participação da renda deste grupo na renda total.

Logo, o aumento da informalidade observado neste período fez com que o impacto via mercado de trabalho fosse maior, levando assim a sucessivos aumentos no Índice de Economia Subterrânea entre os anos de 2015 e 2019.

Já no ano de 2020, foi possível notar um recuo de 0,2 pontos percentuais no indicador, explicada pela mudança de composição do mercado de trabalho, com maior peso da formalização, aliada a expectativa de forte redução do nível de atividade econômica. Este valor observado em 2020, mostra que a economia subterrânea no Brasil, movimentou algo próximo a R$ 1,2 trilhões de reais, maior por exemplo que o PIB de países como Suíça e Suécia que correspondem a algo próximo de 16% do PIB brasileiro, segundo dados do FMI.

O recuo do indicador no ano de 2020 está associado a mudança de composição no mercado de trabalho. Com o avanço da pandemia da Covid-19 houve uma maior redução relativa dos trabalhadores informais em comparação com a queda observada nos trabalhadores formais, o que gerou um aumento na formalização.

O lado positivo é que os fatores estruturais que proporcionaram a redução da economia subterrânea permanecem presentes na economia brasileira. O processo de simplificação das normas e regulamentações permanece ativo (com perspectivas de ampliação pelo atual governo), a escolaridade média do brasileiro continua aumentando e o mercado de crédito deve voltar a sua trajetória de crescimento. Além disso, a reforma trabalhista realizada no governo anterior tende a estimular a formalização do mercado de trabalho, reduzindo o custo relativo da formalização, estimulando a volta do emprego formal.

Índice histórico

A informalidade traz prejuízos diretos para a sociedade, cria um ambiente de transgressão, estimula o comportamento econômico oportunista, com queda na qualidade do investimento e redução do potencial de crescimento da economia brasileira.

Em 2022, a Economia subterrânea movimentou R$ 1,7 trilhão, voltando ao padrão pré pandemia.

Como ele é calculado

O tamanho da Economia Subterrânea é estimado a partir de dois indicadores:
O Índice de Economia Subterrânea é calculado pela média de dois importantes indicadores da economia. Método monetário Elevação da moeda em virtude da carga tributária e da informalidade do trabalho. Trabalho informal Percentual de trabalhadores sem carteira assinada e da renda do trabalho informal.

A atividade informal tenta permanecer não observada pelas autoridades e, consequentemente, apresenta maior demanda por moeda do que as atividades formais, que recorrem mais a instrumentos bancários para suas transações. Assim, o aumento da atividade informal vai elevar a demanda por moeda através de dois canais:

    • Aumento da proporção dos trabalhadores sem carteira.
    • Elevação da tributação.

A hipótese é que a elevação da tributação induz um aumento da economia subterrânea, o que gera também aumento da demanda por moeda

Com base na PNAD, calcula-se a média entre o percentual de trabalhadores informais e o percentual da renda do trabalho que é informal.

O nível da Economia Subterrânea é a média entre os dois métodos: método monetário e informalidade no mercado de trabalho.

O Mercado Ilegal e a Economia Subterrânea no Brasil foram temas da reunião do CONIMAQ

“Não existe país desenvolvido que não tenha como fundamento a visão ética e a defesa da lei”, ressaltou Edson Luiz Vismona, presidente do Instituto de Ética Concorrencial (ETCO), durante reunião com membros do Conselho Nacional da Indústria de Máquinas (CONIMAQ) no último dia 21 de fevereiro, na sede da ABIMAQ, em São Paulo.
Vismona apresentou pesquisa realizada pelo FNCP que mostra a perda total de mais de R$ 146 bilhões envolvendo apenas 15 setores produtivos com o mercado ilegal (R$ 100 bilhões) e sonegação (R$ 46 bilhões) em 2017. “O levantamento, realizado desde de 2014, foi feito no sentido de sensibilizar a mídia, sociedade e o governo para o tema, pois não podemos aceitar desvios dessa monta para um país que quer e precisa retomar o crescimento”.
O presidente executivo da ABIMAQ, José Velloso, com base nos dados apresentados, ressaltou que a alta carga tributária e todas as demais obrigações acessórias cobradas das empresas, são a “bola de ferro” amarrada no pé dos empresários brasileiros, parafraseando fala do ministro da Economia Paulo Guedes.
Segundo ele, depois da reforma da Previdência, a aprovação de uma reforma Tributária deve ser trabalhada com afinco pelo Governo Federal para que possamos simplificar e desonerar as empresas, permitindo-as investir em seus negócios. Outro ponto comentado, foi a importância do compliance para empresas e associações, citando como exemplo o Código de Conduta e Ética, elaborado pela ABIMAQ.
Finalizando sua participação, Vismona reforçou que as empresas estão preocupadas e empenhadas em fortalecer a cultura ética, de forma que tais regras sejam observadas pelos clientes, fornecedores e parceiros comerciais para se manterem competitivos no mercado nacional e internacional, ao mesmo tempo que enfrentam os desafios internos e externos impostos a quem empreende no Brasil. Na visão dele “Por todas as adversidades a serem superadas diariamente, o empresário brasileiro tem uma postura heroica de demonstração de competência”.