Contrabando financia crimes e ameaça presença do Estado

Por ETCO
30/01/2019
Afirmação foi feita por Edson Vismona, do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial, durante o 12 º Enecob

 

A diferença de impostos entre países vizinhos é um dos principais problemas para o contrabando. A afirmação foi feita por Edson Vismona, do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial, durante o 12º Encontro Nacional de Editores, Colunistas, Repórteres e Blogueiros (Enecob), que acontece em Foz do Iguaçu (PR). Ele explicou ainda que o contrabando, além de fazer com que o Brasil não arrecade impostos, vem crescendo cada vez mais e ameaça a presença e a força do Estado.

“O movimento que mais gera renda para as organizações criminosas transnacionais é o contrabando. Os contrabandistas são presos em flagrante, mas são soltos. Há um sentido de impunidade. Uma prática que se incentiva é o contrabando de cigarro. São números alarmantes que temos no Brasil, já que 67% das apreensões são de cigarros. A Receita Federal tem até uma máquina própria para destruir cigarros que funciona o dia inteiro”, diz o especialista.

Ele deu mais detalhes sobre os números do contrabando no Brasil. “Em cinco anos, o mercado ilegal aumentou 150%, enquanto os impostos no mercado legal subiram 48%. É inaceitável. O líder de mercado do Brasil é uma marca contrabandeada. É inaceitável que o mercado esteja entregue ao crime organizado, que opera com grande tranquilidade. Só de sonegação, são R$ 9 bilhões. Você não tem como sustentar esse processo com essas assimetrias de impostos”, explicou.

Por fim, ele explicou que o contrabando financia outros tipos de crime, como tráfico de drogas e corrupção. “Não é nada pequeno. Não é coisa de camelô. Há um mundo paralelo cada vez mais forte ameaçando nossos países. Esse dinheiro que vai para organização criminosa vai ocupar o espaço que era do Estado. No Rio de Janeiro, por exemplo, o crime organizado ocupou o espaço territorial. Você não pode fornecer serviços para esse espaço, como gás, luz etc. O Estado deixa de ocupar porque o crime ocupa. Nós não estamos falando de algo que pode acontecer, mas algo que está acontecendo. O Rio de Janeiro está sob intervenção federal porque perdeu a capacidade”, finalizou.