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Economia informal cresce mais que a formal

Por ETCO

Fonte: O Estado de S. Paulo, 06/04/2008

A economia subterrânea, que é a soma da produção de bens e serviços que, por algum motivo, escapam dos controles oficiais, cresceu no ano passado num ritmo superior ao da economia formal. Além disso, o desempenho dessa atividade econômica oculta no Brasil contrariou o que ocorre em países subdesenvolvidos e aumentou junto com a economia formal, repetindo o comportamento de países desenvolvidos. Em países subdesenvolvidos, normalmente quando a economia formal avança, a economia informal recua.

“Aqui, a economia subterrânea está surfando na onda da economia formal porque a regulação da economia formal é muito grande. A economia subterrânea é mais flexível”, afirma o economista Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) do Rio de Janeiro.

Barbosa Filho, que fez sua tese de doutorado na Universidade de New York, nos Estados Unidos, sobre a formalidade e a informalidade do mercado de trabalho, criou um indicador inédito para medir o comportamento da economia subterrânea. O índice será divulgado na próxima semana. Sem revelar os números, o economista diz que a taxa de crescimento da economia subterrânea superou, em 2007, os 5,4% de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

Segundo o economista, esse vigor da economia subterrânea não é necessariamente ruim. Barbosa Filho diz que a economia subterrânea gera uma série de bens e serviços que não podem ser produzidos na formalidade com a mesma agilidade. “Não é maravilhoso aparecer uma série de vendedores de guarda-chuvas nas ruas cinco minutos depois de a chuva ter começado? Isso mostra como é dinâmica e flexível a economia subterrânea.”

Ele acredita que a tendência é de que a economia subterrânea continue crescendo neste ano num ritmo mais acelerado do que o da economia formal. “Hoje tudo está a favor da economia subterrânea: a carga tributária é crescente e o nível de atividade também, as exportações estão desacelerando e a corrupção está em patamares elevados”, observa.

O índice elaborado pelo economista mostra como oscilou trimestralmente essa parte da atividade entre fevereiro de 2003 e dezembro de 2007. A iniciativa de criar um indicador para medir o comportamento da economia oculta foi do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (Etco). A entidade encomendou a apuração do indicador para a FGV.

“O índice servirá não apenas para mostrar as variações, mas também as causas da economia subterrânea. A intenção é sair do achismo e ter bases concretas para orientar políticas públicas que criem mecanismos para trazer essa fatia da economia para a formalidade”, diz o presidente executivo do Instituto Etco, o economista da Universidade de São Paulo, André Franco Montoro Filho. A chave para incorporar a informalidade à formalidade é simplificar: reduzir as exigências e a burocracia, diz Montoro Filho.