Economia informal deve ser integrada rapidamente

Por ETCO
20/07/2011

Por Jornal do Comércio – RS – Editorial

O Produto Interno Bruto do Brasil (PIB) cresceu 0,5% no terceiro trimestre de 2010. Atingirá, no ano, entre 7% e 8%, crescimento chinês, segundo economistas.

Como o Natal está aí, o consumo é alto e, nele, as falsificações e os produtos Made in China proliferam, incluindo prosaicas cuecas com marcas e indicações feitas em português.

Ou seja, a fonte manda de acordo com a língua do freguês, no outro lado do mundo, um negócio da China. Quando o Brasil se horroriza com a guerra do Rio, no combate aos narcotraficantes, nota-se que o desemprego diminuiu.

No entanto, há um dado alarmante, ou seja, a economia informal aumentou. Pessoas que não se matriculam na Previdência Social ou tenham registros oficiais de outro tipo não são meliantes. No entanto, deixam de se proteger e de auxiliar o conjunto da sociedade e da economia.

Pois após cinco anos consecutivos, entre 2003 e 2008, crescendo menos que o Produto Interno Bruto (PIB), a economia subterrânea – negócios decorrentes de empreendimentos informais não registrados junto aos governos – cresceu em 2010 na mesma velocidade que a economia formal do País.

Com a revisão de 2009 e atualização para 2010, o indicador foi divulgado pelo Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO), em conjunto com o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). O total movimentado pela economia subterrânea ultrapassa agora R$ 650 bilhões em 2010.

De acordo com a pesquisa, a curva da relação do índice com o Produto Interno Bruto parou de cair, mostrando uma tendência de estabilização na casa dos 18,6%.

Portanto, nos últimos três anos, a economia subterrânea aumentou na mesma proporção que o PIB brasileiro, o que é preocupante para o País.

O índice leva em conta uma previsão de crescimento de 7,5% do PIB este ano e inflação de 5% em 2010. A exemplo de 2009, este ano mais R$ 656 bilhões devem ficar à margem da economia formal.

É uma alta quantia e que poderia ajudar na arrecadação das prefeituras, governos estaduais e a própria União. Em julho deste ano, o Ibre/FGV e o ETCO divulgaram que os valores estimados em reais, em 2009, atingiram R$ 578 bilhões, equivalente ao PIB da Argentina.

Na avaliação do presidente-executivo do ETCO, André Franco Montoro Filho, o crescimento da economia tem um duplo e antagônico efeito sobre a informalidade. “De um lado o crescimento gera uma modernização institucional que estimula a formalização das atividades econômicas, mas de outro o crescimento da renda aumenta o consumo de bens e serviços, inclusive os produzidos na economia subterrânea. Os resultados divulgados indicam que o segundo efeito tem sido predominante nos últimos anos”, acrescentou Montoro Filho.

Muitos de nós, sabendo ou não, estimulamos o comércio que se abastece de produtos contrabandeados, a maioria vinda da China. Compra-se apenas pelo preço, sem levar em conta a péssima qualidade do que é adquirido.

Quando chamamos serviços hidráulicos, de eletricidade, faxineiros e outros não perguntamos se esses trabalhadores têm registro na Previdência. Provavelmente não, o que é um prejuízo para eles mesmos e para a economia do País.

Façam-se campanhas para que quem puder entre na formalidade do mundo dos negócios, ainda que seja um micronegócio.