Economia informal ignora a crise e cresce 27,6% em doze meses (DCI)

Por ETCO

Fonte: DCI, 15/05/2009

RIO DE JANEIRO – Impulsionada pelo avanço da carga tributária, que levou a uma verdadeira fuga das empresas no mercado formal, a economia “subterrânea” passou incólume pelo agravamento da crise global, e cresceu 27,6% de dezembro de 2007 a dezembro de 2008. É o que revelou o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) e o Instituto Brasileiro Ética Concorrencial (Etco), ao anunciarem o Índice da Economia Subterrânea, que mede o desenvolvimento de empresas e atividades envolvidas com o mercado informal, ou em práticas de sonegação de impostos. Foi o mais forte avanço em um período de dezembro a dezembro da série histórica do índice, que começou em 2003.

Para calcular o índice foram usados dados sobre informalidade apurados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e informações sobre circulação monetária apuradas pelo Banco Central (BC).

Ao apresentar os resultados do indicador, o pesquisador-pleno do Ibre/FGV Fernando de Holanda Barbosa Filho comentou que, ao se observar a série histórica, é possível perceber que o indicador da economia subterrânea caminha “lado a lado” com o avanço da economia formal. “Podemos ver que, quanto maior a atividade e maior o crescimento do PIB, a economia subterrânea também cresce junto. (…) As duas economias [formal e subterrânea] crescem em paralelo. Uma alimenta a outra. A renda ganha na economia formal é gasta na economia subterrânea, e vice-versa”, disse, explicando que as elevações do PIB também indicam um crescimento na circulação de moeda no País.

Entretanto, o crescimento da economia subterrânea não pode ser explicado somente pela influência benéfica da economia formal. Para o presidente do Etco, André Franco Montoro, muitas empresas ou pequenos empresários também escolheram abandonar o mercado formal para não pagar impostos. As instituições informaram que, do total da taxa de crescimento de 27,6% do índice, 55,7% da elevação é referente ao aumento da carga tributária, que deve ter subido entre 10% a 11% no ano passado, segundo dados fornecidos pelo Ibre/FGV.