Crescimento do mercado informal ameaça o desenvolvimento do país

Por ETCO

Fonte: Jornal de Angola – ECONOMIA – 02/10/2009

O presidente do Conselho de Administração do Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA) afirmou, na quarta-feira, em Luanda, que a tendência de crescimento do mercado informal em Angola é uma ameaça ao desenvolvimento do país. Paixão Franco, que fez esta afirmação na quarta sessão do Jango de Desenvolvimento, organizado pelo PNUD, onde o “Desenvolvimento do sector privado em Angola” foi o tema abordado, referiu que o mercado informal é uma ameaça pela característica da não tributação. O presidente do Conselho de Administração do BDA afirmou que, no contexto de Angola, quando se fala de mercado informal não é só das zungueiras ou do Roque Santeiro, mas, também, de empresas que não pagam impostos e não têm contabilidade. “Elas até, em muitos casos, são capazes de patrocinar determinados eventos”, sublinhou. Estes, disse, são alguns dos elementos que, “embora dispersos, quando sistematizados, contribuem para o leque de constrangimentos para o desenvolvimento do sector privado”. No domínio da agricultura, Paixão Franco declarou ser difícil trabalhar com os agricultores, pois “parte considerável só vai à fazenda ao fim-de-semana”. “Os jovens dos Institutos Médios Agrários são a esperança para o ressurgimento da agricultura, pois a fazenda só se desenvolve se o gestor estiver lá”, opinou. A procura de soluções práticas e eficazes para o problema passa pela criação de uma base tecnológica, assistência técnica, suprimento e planeamento das importações, disse. Quanto à eficiência dos portos, afirmou que o problema não está da criação de novos, mas na organização dos que existem. Paixão Franco lembrou que, em 2008, o PIB de Angola cresceu 6 por cento, na mesma altura em que as exportações petrolíferas representaram mais de 80 por cento. O presidente do Conselho de Administração salientou a importância das políticas de diversificação da economia, que deve ser vista numa perspectiva de longo prazo. Paixão Franco referiu que “existem muitas oportunidades, mas, também, muitos constrangimentos à actuação do sector privado, independentemente da sua dimensão”. “A burocracia, a deficiência dos portos e aeroportos, o problema da precariedade das estradas e a descontinuidade no fornecimento de energia eléctrica são, entre muitos, constrangimentos que as empresas enfrentam”, realçou.