Formalizar o negócio custa caro mas traz vantagens a longo prazo

Por ETCO

Fonte: A Tarde Online, 18/02/2008

Sim, abrir uma empresa no Brasil custa caro. Se isto não bastasse, ainda há o peso dos impostos, que consomem uma fatia bastante considerável do faturamento de qualquer empreendimento.

É por isso que muitos empreendedores preferem continuar na informalidade.

Mas trabalhar à margem da lei não é a melhor opção para quem quer construir um empreendimento duradouro.
Os custos para se manter uma empresa lhe assustam? Calma! Você verá que existem soluções baratas para todo tipo de negócio e dicas que evitam o pagamento de taxas desnecessárias.

O porte da empresa é definido pelo plano de negócios. Se a previsão de faturamento anual não ultrapassar R$ 240 mil, é possível constituir uma microempresa e aderir ao programa Simples, que ajuda a reduzir o peso dos impostos em até 30%.

ALÍQUOTAS – Os impostos são conhecidos por siglas e suas alíquotas variam conforme a região geográfica e as atividades desenvolvidas.


Quem só trabalha prestando serviços paga o ISS (Imposto sobre Serviços). Se há algum tipo de comércio, é cobrado o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).

Sobre o faturamento da firma também é feita a cobrança do PIS (Programa de Integração Social), Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ).

Mas o pagamento de impostos só acontece quando a empresa já está funcionando. Na abertura, o futuro empresário tem que arcar com as taxas cobradas pelos órgãos da administração municipal, Receita Federal, cartórios e Junta Comercial do Estado da Bahia (Juceb). Além disso, é preciso contratar um contador ou um advogado, que ficará encarregado de elaborar o contrato social da empresa. Na prática, este documento é a certidão de nascimento da empresa, mas também define a participação dos sócios, se o empreendimento for constituído em sociedade. Segundo a analista Joana Sá, do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), todo o trâmite burocrático pode ser resolvido em até 30 dias. Para que isso aconteça, é necessário adiantar todos os documentos exigidos (veja box) e definir o local de funcionamento da empresa.

Além de cumprir estas exigências, o futuro empreendedor também precisa comprovar que não tem dívidas com o Município, o Estado ou a União. “Se o débito foi parcelado e estiver sendo pago em dia, não há impedimento”, observa Joana. Somando todas as taxas, o processo de abertura de uma microempresa em Salvador custa cerca de R$ 400. Para manter os registros contábeis da firma, é preciso ter um contador. Em Salvador, é possível contratar o serviço pelo valor mensal de um salário mínimo (R$ 380).

VIRTUAL – Utilizar o escritório virtual é uma alternativa interessante para se reduzir os custos fixos da empresa. O endereço do escritório virtual pode ser utilizado como domicílio fiscal para outras empresas. Ou seja, a depender do porte do seu negócio e tipo de atividade, o empresário paga um valor mensal em vez de alugar uma sala comercial.

Muitos escritórios virtuais também oferecem salas para reuniões que podem ser reservadas conforme a necessidade do empresário. Além disso, também é possível contratar de forma avulsa o trabalho de secretárias e office-boys, que anotam recados e fazem serviço externo como o pagamento de contas e emissão de certidões.Mas não é qualquer negócio que pode funcionar desta forma.A lei não permite que empresas de comércio operem em escritórios virtuais. Mas esta limitação não afeta empresas de prestação de serviço. “A maioria das pessoas que nos procuram são consultores, engenheiros e médicos que prestam serviço para outras empresas”, detalha Rosani Silva, proprietária do RS Centro de Negócios, em Salvador.

NOVA VIDA – Trocar a vida de empregado pela rotina de empresário foi um caminho natural para a dupla de contadores Jorge Luís Silva Santos e Adson Santos Nascimento. Depois de passar quatro anos trabalhando num grande escritório de contabilidade em Salvador, eles resolveram fazer um plano de negócios para abrir o própria empresa.

O empreendimento nasceu há apenas seis meses e já atende a muitos empreendedores interessados em sair da informalidade. Fizemos um bom levantamento de custos e despesas, mas é difícil organizar a contabilidade antes da empresa estar funcionando.

Na maioria das vezes, é preciso fazer alguns ajustes conforme o cenário previsto inicialmente no plano de negócios”, revela Adson.