Pão de Açúcar desiste de comprar rede de supermercados G. Barbosa

Por ETCO

Fonte: Valor Econômico, 08/06/2004









Por Claudia Facchini 

SÃO PAULO – O controlador do grupo Pão de Açúcar, Abilio Diniz, desistiu de comprar o G. Barbosa, de Sergipe, a segunda maior de supermercados do Nordeste. O G. Barbosa é o último ativo que ainda resta ao holandês Royal Ahold vender no Brasil. E o Pão de Açúcar era o candidato mais provável à compra.


” Estamos fora. O preço que os holandeses querem é muito alto. Eles acham que o G. Barbosa vale uma fortuna ” , disse Diniz, após participar, em São Paulo, do seminário ” Brasil Paralelo versus Crescimento Econômico ” , promovido pelo Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (Etco) e que traçou um panorama da informalidade no país.
Segundo o controlador do Pão de Açúcar, a rede possui terrenos para construir lojas nas capitais do Nordeste, incluindo Natal, Maceió e Aracaju. ” Achamos melhor crescer organicamente no Nordeste ” , acrescenta.


Em março, o Pão de Açúcar perdeu para o Wal-Mart a disputa pelo Bompreço, a maior rede de supermercados do Nordeste. Depois de quase um ano de negociações, o Ahold vendeu a rede nordestina para a gigante americana por US$ 300 milhões. Pelo mesmo critério, o G. Barbosa poderia valer em torno de R$ 100 milhões. Em 2003, o Bompreço faturou R$ 3,4 bilhões e o G. Barbosa, R$ 924 milhões.


O Wal-Mart está impedido, agora, de comprar o G. Barbosa. Por determinação das autoridades antitruste, o Ahold foi obrigado a vender metade das lojas do G. Barbosa para um comprador diferente, que não fosse o mesmo controlador do Bompreço. A multinacional holandesa, porém, preferiu não desmembrar o G. Barbosa e vender a rede com todas lojas.


Ontem, as ações do Pão de Açúcar eram negociadas em alta no dia de 3,2%, a R$ 49,75 o lote de mil. A valorização demonstra um maior otimismo dos investidores com os setores de consumo, que vêm apresentando uma recuperação desde fevereiro.


Diniz elegeu como bandeira o combate à informalidade que, segundo ele, representa hoje o maior problema enfrentado pela companhia. Embora o Pão de Açúcar não participe do instituto Etco, que é financiado pelas indústrias de fumo, bebida e combustível, Diniz foi o único empresário que participou da apresentação de um estudo elaborado pela consultoria McKinsey. Segundo o estudo, 54% do setor varejista opera hoje na informalidade e a sonegação de impostos possibilita que os estabelecimento tenham margens de lucro três vezes maiores do que as empresas formais.