Economia Subterrânea do Brasil se mantém estável em relação ao PIB, revelam ETCO e FGV

Por ETCO
19/07/2011

São Paulo, 28 de junho de 2011 – O Índice de Economia Subterrânea divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO) em conjunto com o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), com a atualização dos resultados de 2010 (PIB, inflação) confirma a tendência de estabilização já apontada pelas duas instituições em novembro do ano passado. Depois de passar 5 anos – entre 2003 e 2008 – crescendo menos do que o PIB, a Economia Subterrânea cresceu com a mesma velocidade do PIB e a curva da relação do Índice com o PIB parou de cair, mostrando uma tendência de estabilização na casa dos 18,5%. Isso significa que, nos últimos três anos, a Economia Subterrânea cresce na mesma proporção que o Produto Interno Bruto Brasileiro.

Do ponto de vista de valores absolutos a análise dos resultados de hoje apresenta ainda um ligeiro crescimento em relação à previsão de novembro: R$ 663 bilhões são produzidos na Economia Subterrânea brasileira, que compreende o conjunto de atividades relativas à produção de bens e serviços deliberadamente não reportada aos governos. Em novembro, a previsão era de R$ 656 bilhões.

Tamanho da Economia Subterrânea

 

Em Milhões de Reais
% PIB Reais Correntes Reais a Preços
de 2010
2003 21.0% 357388.7 571965,3
2004 20.9% 405317.3 600410,4
2005 20.4% 438417.5 605769,5
2006 20.2% 478455.2 622789,6
2007 19.5% 518520.1 637527,1
2008 18.7% 566624,2 643102,7
2009 18.5% 589690,9 632971,1
2010 18.3% 663402,3 663402,3

 

 

“Vale ressaltar que as pequenas variações observadas nos três últimos anos não refletem uma queda relevante, mas apenas os ajustes necessários a cada atualização do estudo”, comenta Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisador do Ibre/FGV e responsável pelo estudo.

Segundo o recém-empossado presidente executivo do ETCO, Roberto Abdenur, o Índice de Economia Subterrânea “convoca a sociedade e os poderes públicos a uma reflexão sobre as razões dos atuais resultados, principalmente levando em consideração o processo de modernização do País, que, sem dúvida, não pode conviver com mais de   R$ 663 bilhões gerados à margem da economia formal”.

“É possível detectar que, paralelamente ao salutar avanço da economia brasileira – que vem passando por um processo de modernização institucional e aumento de consumo de bens e serviços, graças ao crescimento da renda – a aquisição dos produtos gerados na economia subterrânea também tem, infelizmente, crescido na mesma proporção”, avalia Abdenur.

A informalidade, além de suas relações com o crime organizado e de precarizar as relações de trabalho, traz prejuízos diretos para a sociedade, cria um ambiente de transgressão, e estimula o comportamento econômico oportunista, com queda na qualidade do investimento e redução do potencial de crescimento da economia brasileira. Além disso, provoca a redução de recursos governamentais destinados a programas sociais e a investimentos em infraestrutura.