ETCO e FGV revelam: Economia Subterrânea ultrapassa R$ 650 bilhões em 2010 e para de cair em relação ao PIB

Por ETCO
22/07/2011
Economia subterrânea equivale a 18,6% do PIB

 

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Economia Subterrânea

São Paulo, 24 de novembro de 2010 – O Índice de Economia Subterrânea divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO) em conjunto com o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), com a revisão de 2009 e atualização para 2010, mostra um dado não observado desde que começou a ser estimado em 2003. Depois de passar 5 anos – entre 2003 e 2008 – crescendo menos do que o PIB, a Economia Subterrânea cresceu com a mesma velocidade do PIB e a curva da relação do Índice com o PIB parou de cair, mostrando uma tendência de estabilização na casa dos 18,6%. Isso significa que, nos últimos três anos, a Economia Subterrânea cresce na mesma proporção que o Produto Interno Bruto Brasileiro, o que é preocupante para a economia do País.

Do ponto de vista de valores absolutos a análise dos resultados de hoje apresenta também um novo marco: a Economia Subterrânea brasileira, que compreende o conjunto de atividades relativas à produção de bens e serviços deliberadamente não reportada aos governos, ultrapassa, em 2010, a marca de R$ 650 bilhões. Em julho deste ano, o Ibre/FGV e o ETCO divulgaram que os valores estimados em reais, em 2009 atingiram R$ 578 bilhões, valor igual ao PIB da Argentina.

 

Tamanho da Economia Subterrânea

% PIB

Em Milhões de Reais

Reais Correntes

Reais a Preços de 2009

2003

21.0%

357388.7

523524.6

2004

20.9%

405317.3

549560.6

2005

20.4%

438417.5

554465.9

2006

20.2%

478455.2

570044.5

2007

19.5%

518520.1

583533.8

2008

18.7%

562276.3

589217.4

2009

18.6%

583663.6

583663.3

2010*

18.6%

656621.5

627438.3

Fonte: Elaboração Própria
* Previsão de crescimento de 7,5% do PIB e de 5% de inflação em 2010

 

“A divulgação de valores absolutos é fundamental para que não se tenha a visão equivocada de que a estabilização em relação ao PIB é positiva. A exemplo de 2009, este ano mais R$ 656 bilhões devem ficar à margem da economia formal brasileira”, comenta Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisador do Ibre/FGV e responsável pelo estudo.

Na visão de André Franco Montoro Filho, presidente executivo do ETCO, é necessária uma profunda reflexão sobre as razões dos atuais resultados, para que sejam elaboradas políticas públicas realmente efetivas, de modo que a importância de economia subterrânea no Brasil se torne gradativamente menor.

Para ele, o crescimento da economia tem um duplo e antagônico efeito sobre a informalidade. “De um lado o crescimento gera uma modernização institucional que estimula a formalização das atividades econômicas, mas de outro o crescimento da renda aumenta o consumo de bens e serviços, inclusive os produzidos na economia subterrânea. Os resultados divulgados indicam que o segundo efeito tem sido predominante nos últimos anos”, avalia Montoro Filho.

A informalidade, além de suas relações com o crime organizado e de precarizar as relações de trabalho, traz prejuízos diretos para a sociedade, cria um ambiente de transgressão, estimula o comportamento econômico oportunista com queda na qualidade do investimento e redução do potencial de crescimento da economia brasileira. Além disso, provoca a redução de recursos governamentais destinados a programas sociais e a investimentos em infraestrutura.

Sobre o ETCO

Fundado em 2003, o Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial é uma organização da sociedade civil de interesse público -OSCIP- com o objetivo de promover a ética concorrencial para melhorar o ambiente de negócios e estimular o crescimento econômico Para isto desenvolve ações que combatam desequilíbrios concorrenciais causados por evasão fiscal, informalidade, falsificação e outros desvios de conduta. Procura-se também conscientizar a sociedade sobre os malefícios sociais de práticas não éticas e seus reflexos negativos para o crescimento do país. Compõem o ETCO seis câmaras setoriais congregando empresas dos segmentos de tecnologia, medicamentos, combustíveis, fumo, cervejas e refrigerantes.