A ética é fundamental para o desenvolvimento de um país – não só no aspecto da riqueza, mas também para a própria democracia, sem a qual a prosperidade a longo prazo não é possível. Sem ética, não há confiança; sem confiança não há participação – e, portanto, não há democracia real.

Há um estudo publicado pelo professor Robert Putnam, Making Democracy Work, que me marcou profundamente. O estudo compara duas regiões da Itália, o Sul e o Centro/Norte, em termos de desenvolvimento, instituições e origens das diferenças marcantes encontradas hoje.

Com o fim do Império Romano, o Sul foi dominado por mercenários normandos que impuseram um sistema feudal de governo, enquanto na região Centro/Norte as cidades-estado predominaram. Esse arranjo fez com que, no Sul, o governo fosse exercido de maneira arbitrária e vertical, enquanto no Centro/Norte a participação dos cidadãos nas instituições criou relacionamentos de confiança e, posteriormente, o capital social que permitiu, por exemplo, o nascimento do crédito, uma das três “invenções” da humanidade (além do mercado e do dinheiro) que nos permitem viver numa economia moderna.

Temas complexos

A atuação do ETCO ao longo desses 18 anos foi evoluindo para ações mais concretas, como o apoio à introdução das Notas Fiscais Eletrônicas, e também para temas mais complexos, como o dilema da dívida ativa ou dos devedores contumazes de impostos.

Uma ação que me marcou, como então representante da indústria de refrigerantes no Conselho Administrativo, foi a implantação dos medidores de vazão na indústria e a queda vertiginosa da informalidade que essa ação propiciou, com o consequente aumento de arrecadação.

Cipoal tributário

Eu gostaria de ver uma evolução da tributação, nos moldes que nosso presidente Everardo Maciel preconiza, sem jogar fora o que funciona e introduzindo novos conceitos, quando justificados por novas circunstâncias da economia, como as vendas pela internet. Isso deve ser feito com a obrigação do Fisco de consolidar todas as normas ano a ano, para evitar o cipoal tributário em que estamos mergulhados.