Artigo: Pela defesa do mercado legal

EDSON LUIZ VISMONA Presidente do Fórum Nacional Contra Pirataria (FNCP) e do Instituto Brasil Legal

EVANDRO DO CARMO GUIMARÃES Presidente-executivo do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO)

A pirataria, a falsificação e o contrabando dos mais diversos bens de consumo vêm aumentando no Brasil e estão presentes no dia a dia dos brasileiros, atingindo os mais diversos setores produtivos: medicamentos, vestuário, cigarros, brinquedos, bebidas, produtos óticos, CDs, DVDs e uma lista infindável que chega às residências sem controle e com riscos para a saúde de cada cidadão.

Algumas vezes a sociedade tem dificuldade de compreender os prejuízos causados por essas atividades ilegais. Se considerarmos, por exemplo, os 13 setores da economia mais impactados, conforme demonstrado pelo Fórum Nacional Contra a Pirataria e ilegalidade (FNCP), os prejuízos acumulados chegaram a RS 24,5 bilhões em 2012. Para 2013, os dados em fase final de levantamento apontam para mais de RS 30 bilhões. Isso sem falar na sonegação de impostos, perda de empregos formais e o preocupante fato de que o consumidor fica à mercê de produtos prejudiciais à saúde.

Em estudo realizado pela Universidade Estadual de Ponta Grossa com cigarros contrabandeados (que não passam por fiscalização ), a agência de controle sanitário, verificou a presença de metais pesados em grande quantidade, aumentando os riscos para os consumidores. O mesmo ocorre com medicamentos, especialmente os destinados ao combate às doenças mais complexas, que, por serem mais caros, atraem os criminosos que vendem placebos como se tivessem elemento ativo.

O que muitos também desconhecem é que o comércio de produtos ilegais está vinculado a uma série de crimes muito mais graves, tais como o tráfico de armas, munição e de drogas, a lavagem de dinheiro, roubo, sequestro e o tráfico de pessoas. Por trás das compras feitas em camelôs, existe a atuação de sofisticadas redes criminosas que movimentam somas bilionárias fornecendo produtos ilegais – só na cidade de São Paulo, entre 2010 e 2012, foram apreendidos mais de RS 2 bilhões em mercadorias. No Distrito Federal, em 2013, 1,23 milhões.

A movimentação financeira supera o tráfico de drogas e alimenta o crime nas mais profundas ações. Não só. Atinge diretamente a indústria e o comércio, que têm regras para garantir a segurança e a confiabilidade dos produtos, além de ser a ferramenta de sustento de milhões de trabalhadores legalizados.

Outro grave problema são as fronteiras brasileiras, que precisam deixar de ser terra sem lei. Para que isso aconteça, não bastam ações pontuais. É preciso atuação coordenada dos governos em todos os níveis, e trabalho nas mais diversas frentes para inviabilizar as atividades criminosas que comprometem a segurança do país.

Em um ano de eleições em que temos o desafio de eleger presidente, governadores, senadores, deputados estaduais e federais, e num cenário politico em plena ebulição, o Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO) e o Fórum Nacional Contra a Pirataria e Ilegalidade (FNCP), ao lado de setores produtivos da economia decidiram não ficar alheios ao debate. O tema é complexo e envolve diversos aspectos, tais como a segurança das fronteiras, a defesa dos direitos e da saúde dos consumidores, a proteção da indústria nacional contra a concorrência desleal e a preservação do mercado de consumo.

Nesse sentido, conclamamos os candidatos a assumir compromissos que assegurem direitos e combatam desvios de conduta inaceitáveis em um país com as dimensões territoriais, populacionais e econômicas como as brasileiras, de forma a proteger o mercado interno. Propomos aos futuros governantes um esforço sistemático para combater o contrabando, a pirataria e a falsificação de forma a defender a indústria e o comércio nacional.

A realidade do comércio ilegal no Brasil atingiu patamar que obriga mudança de postura não só das autoridades, mas de toda a sociedade. Precisamos de inteligência, tenacidade, vontade política e administrativa para proteger o mercado interno. Nosso compromisso é a defesa dos interesses nacionais e a luta contra todos os tipos de ilegalidade.

Fonte: jornal Correio Braziliense

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Em 4 anos, mais de 100 mil garrafas de cerveja falsificadas no Brasil

Tirar o rótulo e a tampinha de uma cerveja barata, e colar nela o rótulo e a tampinha de uma cerveja mais cara. Tecnicamente, um processo nada complexo. Fácil, até, considerando que traz lucros de três dígitos. Era o que fazia um supostamente pacato comerciante do bairro Jardim Romano, na Zona Leste de São Paulo, segundo os agentes do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) que o prenderam. Pegava garrafas de uma pequena cervejaria oriunda da cidade paulista de mesmo nome, e as fazia passar por duas das cervejas de maior participação no mercado brasileiro.

Em maio, cinco pessoas foram presas por PMs de São Paulo, em uma casa em Ferraz de Vasconcellos, cidade da Região Metropolitana de São Paulo. Dois jovens de 20 anos e um de 18 flagrados com 64 engradados de cerveja disseram terem sido contratados há três meses pelos dois proprietários do imóvel para fazer, basicamente, a mesma coisa, substituir rótulos e tampinhas das mais baratas pelas das mais caras.  Em julho do ano passado, o mesmo Deic já havia prendido um pedreiro que atuava de forma semelhante na Avenida Parada Pinto, em Vila Nova Cachoeirinha, Zona Norte da cidade.

É uma situação em que perde o consumidor, que compra gato por lebre, e as empresas, que não só deixam de comercializar seus produtos como têm as marcas veiculadas indevidamente. Maior mercado consumidor do país, São Paulo, não à toa, parece ser alvo constante dos falsificadores, mas está longe de ser exceção. Nos últimos quatro anos, policiais civis e militares de todo o país desmantelaram pelo menos 17 esquemas deste tipo de crime em sete estados e no Distrito Federal, segundo levantamento feito por Dois Dedos de Colarinho junto a fontes policiais e periódicos online de todo o país.

Somente em 2014 (que ainda não acabou, como sabemos), consegui identificar 6 casos distintos, mesmo número de 2013. Outros 3 casos foram divulgados pelas autoridades em 2012 e 2 em 2011. No total, 50 pessoas foram presas, incluindo três menores de idade (que são “apreendidos”, para usar o termo técnico correto). O volume envolvido nestas fraudes é de 101,8 mil garrafas, ou pouco mais de 60 mil litros.

Sei que o número impressiona, mas vamos devagar com o andor, bebedores. A produção brasileira de cerveja é de quase 14 bilhões de litros por ano, segundo dados do Sistema de Controle de Bebidas (Sicobe) portanto, o volume total de falsificações representa apenas 0,0004% do total. É uma gota no oceano de cerveja consumido pelos brasileiros. Considerando ainda que as quatro maiores empresas do setor no país produzem 97% das cervejas bebidas em terras brasilis, de acordo com sua associação, o CervBrasil,  existe outra limitação de caráter prático para o alcance que as fraudes podem ter.

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Fonte: O Globo Online

Apreensões somaram US$ 62 milhões no primeiro semestre do ano

As apreensões de mercadorias e veículos realizadas nos seis primeiros meses de 2014 pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Foz do Iguaçu somaram US$ 62,1 milhões (aproximadamente R$ 138 milhões), valor que é 22% maior que o registrado no primeiro semestre do ano anterior. A maior parte das apreensões foi realizada no âmbito da operação Fronteira Blindada, desenvolvida de forma permanente pelas unidades da Receita Federal.

Os cigarros, os eletrônicos e os veículos representaram, juntos, mais de 80% do total das apreensões registradas neste primeiro semestre. Em comparação ao mesmo período do ano anterior, os veículos tiveram uma redução das apreensões na ordem de 30%, os eletrônicos tiveram uma redução de 40% e o cigarro teve aumento de 442% no período.

De janeiro a junho de 2014 foram realizadas 335 operações de repressão aos ilícitos aduaneiros por parte da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Foz do Iguaçu, em praticamente todos os municípios situados na área de sua atuação. Grande parte desses trabalhos foi realizada de forma conjunta com órgãos parceiros que atuam no combate aos crimes de contratando e descaminho e tráfico de drogas e armas.

Abaixo, segue quadro detalhado contendo os valores das apreensões realizadas no primeiro semestre de 2014 e a evolução percentual em relação ao mesmo período de 2013:

RESULTADO DA FISCALIZAÇÃO

(Apreensões de Mercadorias)

 Tipo de Mercadoria

Valores em US$

Participação % no total de 2014

Evolução %
em relação a 2013

Total 1º sem. 2013

Total 1º sem. 2014

Bebidas

220.351,00

179.015,00

0,29%

-19%

Brinquedos

918.520,00

718.690,00

1,16%

-22%

Cigarros

5.729.348,00

31.047.022,00

50,00%

442%

Eletrônicos

12.070.776,00

7.229.050,00

11,64%

-40%

Informática

3.866.411,00

2.735.398,00

4,40%

-29%

Medicamentos

686.579,00

423.988,00

0,68%

-38%

Mídia Ótica Gravada

110.094,00

237.924,00

0,38%

116%

Mídia Ótica Virgem

156.953,00

134.202,00

0,22%

-14%

Perfumes

1.161.336,00

1.091.901,00

1,76%

-6%

Relógios

1.435.201,00

929.403,00

1,50%

-35%

Vestuário

1.923.823,00

1.438.246,00

2,32%

-25%

Outras Mercadorias

6.658.786,00

4.793.697,00

7,72%

-28%

Veículos

15.901.922,00

11.133.331,00

17,93%

-30%

TOTAL

50.840.100,00

62.091.867,00

100,00%

22%

Além das mercadorias e veículos, foram apreendidos, no primeiro semestre de 2014, os seguintes quantitativos de drogas, armas e munições:

 

Drogas/Armas/Munições

Un. Medida

Qtde

Lança-perfume

frasco

70

Maconha

kg

1.128,33

Cocaína

kg

9,82

Haxixe

kg

24,43

Crack

kg

21,48

Ecstasy

un

400

Munição

un

1.040

Armas

un

13

Fonte: FNCP – Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade

O odioso comércio de falsos medicamentos

É notória a comercialização de produtos falsos, contrafeitos e piratas em todo o mundo. A indústria e o comércio formais, que arcaram com o pagamento de altos impostos (especialmente no Brasil), são prejudicados pela concorrência deslealde oportunistas que, à margem da lei e em total desrespeito ao consumidor, obtêm grandes vantagens, prejudicando toda a sociedade. O importante para esses criminosos é ganhar dinheiro – e muito, não importa como.

E quando se fala em ganhar muito, é muito mesmo: estima-se que esse mercado ilegal movimente cerca de R$ 13 bilhões ao ano no Brasil – levando em conta apenas medicamentos. Os remédios mais onerosos (combate ao câncer, por exemplo) e os mais procurados (tratamento de disfunção erétil, emagrecedores, anabolizantes) são os que mais sofrem com a falsificação. E, em verdade, a alta tributação (em média 34%) incidente nos medicamentos reforça a imensa lucratividade dos mercadores do crime.

Quando se trata de medicamentos, essa comercialização perversa ganha um agravante. Além das questões econômicas e tributárias, temos a lesão do que é mais importante: a saúde. Exemplo dessa brutalidade foi duramente apresentado na CPI da Pirataria, em 2013, na Câmara dos Deputados. Em um dos depoimentos, um criminoso expôs, com grande frieza, uma lógica aterrorizante. Perguntado por que falsificava remédios de combate ao câncer, respondeu: “São os que dão mais lucro”.

Importante salientar que o consumidor tem papel essencial no combate a essa ilegalidade e imoralidade. Entender todas as etapas do processo legal faz parte da conscientização. Primeiro, tem o altíssimo investimento em pesquisas, testes e aprimoramentos realizados por anos; às vezes, sem sucesso, representando a perda de todo o investimento para aprovar uma molécula.

Passada essa etapa, começa outro processo: o da validação pelos órgãos de vigilância sanitária e de saúde, que também consomem tempo, recursos humanos, financeiros e o registro de marcas e patentes. Uma vez aprovado, temos a fabricação, comercialização e distribuição em uma complexa logística e, claro, o pagamento dos impostos, das taxas de licenciamento e das contribuições sociais decorrentes dos vínculos empregatícios formais. Por último, vale lembrar que as empresas que se dedicam à pesquisa, fabricação, comercialização e distribuição são registradas e conhecidas, podendo ser facilmente encontradas e, se necessário, acionadas administrativa e judicialmente.

De seu lado, o criminoso. Sem qualquer investimento, falsifica o medicamento normalmente os que têm comprovada aceitação pelo mercado. Sonega impostos, não tem empregados formais, se aproveita do subemprego e até da mão de obra escrava, além de utilizar as mais precárias instalações, sem qualquer preocupação com higiene e limpeza. Resumindo: pouquíssimo investimento, baixíssimo risco e altos lucros. O consumidor compra um simulacro de medicamento e recebe o agravamento da doença, às vezes a morte. Já foram encontrados em remédios falsificados arsênico, pó de cimento, cera para chão, tinta, talco, níquel, entre outros.

Esse quadro alarmante merece total atenção por parte da sociedade e, evidentemente, do poder público, em todos os níveis. A ação integrada dos órgãos da administração pública, o fortalecimento das áreas de fiscalização, especialmente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o constante aperfeiçoamento da farmacovigilância, que pode apontar para o uso de medicamentos falsos, os procedimentos de rastreabilidade de remédios, a melhoria do processo de compra de medicamentos e o trabalho de conscientização dos consumidores são iniciativas que devem ser contempladas, com o objetivo de diminuir a ação criminosa.

O Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP), associação civil sem fins lucrativos, tem como membros associações empresariais e empresas e vem assumindo papel importante nesse processo, ao apoiar ações de fiscalização (Operações Temáticas de Combate aos Crimes contra o Fisco e a Saúde Pública, organizadas pela Polícia Rodoviária Federal nas estradas federais em conjunto com a Receita Federal, a Polícia Federal e a Anvisa) e de conscientização (Seminário – anual – da Tríplice Fronteira, em Foz do Iguaçu, além de guias para o consumidor e para o poder público).

Essas iniciativas demonstram que muito ainda deve ser feito. O rombo aos cofres públicos é impressionante, e os prejuízos à saúde são imensuráveis. O poder público, a sociedade civil e as empresas têm de perseverar nessa justa e imprescindível luta. A saúde agradece.

Edson Luiz Vismona

Advogado presidente do Fórum Nacional Contra Pirataria e a Ilegalidade (FNCP) e do Instituto Brasil Legal, foi secretário da Justiça e da Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo

Fonte: Correio Braziliense

Projeto de lei amplia interdição em fraude de medicamentos

Aprovado com modificações na Câmara dos Deputados, volta à apreciação do Senado o projeto (PLS 464/2011) do senador Humberto Costa (PT-PE) que permite a suspensão das atividades, pelo tempo que for necessário, de estabelecimento empresarial envolvido na falsificação, adulteração ou alteração de medicamentos.

Atualmente, o prazo máximo de interdição como medida cautelar, previsto na lei que trata de infrações sanitárias (Lei 6.437/77), não pode, em qualquer caso, exceder a 90 dias. Depois desse período, o estabelecimento é liberado automaticamente. De acordo com o projeto, a interdição de estabelecimentos que falsificarem ou adulterarem medicamentos e cosméticos poderá superar os 90 dias da regra vigente para possibilitar, por exemplo, a realização de testes, provas e análises.

Aprovado pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado em caráter terminativo, o projeto foi encaminhado à Câmara, onde tramitou como PL 3673/2012. Por meio de emendas, a Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara incluiu os laboratórios de produtos de higiene pessoal e de perfumaria entre aqueles passíveis de interdição por tempo indeterminado. A emenda será examinada pela CCJ, onde aguarda designação do relator.

 Fonte: Agência Senado

Campanha inédita alerta sobre os perigos do crime do contrabando

Nem sempre o mais barato é a melhor escolha. Ainda mais quando a opção é por produtos contrabandeados, piratas ou falsificados.

A Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF), em parceria com o Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO) lançam nesta quarta-feira, dia 23 de julho, a campanha “Promoção Achou, Perdeu!”

A proposta da campanha é chamar a atenção do consumidor e da sociedade para os riscos que produtos provenientes do contrabando trazem para a segurança e a saúde. O tom da comunicação segue a linha das grandes liquidações de lojas populares, mas com foco nos componentes desconhecidos e nos perigos gerados por software piratas, cigarros ilegais do Paraguai e brinquedos sem a certificação do Inmetro.

“Queremos envolver a sociedade e impulsionar uma mudança de comportamento no consumidor, mostrando que muitas vezes o que parece ser uma vantagem, na verdade só traz problemas e malefícios para a saúde e aumento da criminalidade no estado”, explica Rodolpho Ramazzini, diretor da Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF).

“Não bastasse os riscos para a saúde e para a segurança, o aumento do contrabando também afeta, significativamente, a arrecadação do estado”, conclui Ramazzini.

Pesquisa

Voltada para as classes B e C, que estão entre os maiores consumidores de produtos contrabandeados, piratas ou falsificados, a campanha “Promoção Achou, Perdeu!” se baseou em diversas estatísticas e pesquisas do Ibope, que ajudaram a identificar quais os pontos que mais prejudicam e sensibilizam o consumidor.

Alcance da campanha

A campanha será veiculada na região metropolitana de Curitiba entre os meses de julho e outubro e estará em diversos outdoors, abrigos de ônibus, nos canais de TV, rádios e jornais.

Depois desse período, as entidades analisarão os resultados – como a queda no consumo de produtos contrabandeados e falsificados – para avaliar a possibilidade de ampliar a veiculação para outros estados e cidades atingidos por esse problema.

Contrabando e descaminho têm penas mais rigorosas

Lei 13.008/14 atualiza artigo 334 do Código Penal com penas mais rígidas para contrabando e descaminho; norma também introduz tipificações que vão facilitar a repressão a esses crimes

Entrou em vigor em 27 de junho último a Lei 13.008/14 que atualiza o artigo 344 do Código Penal e amplia as penas para os crimes de contrabando e descaminho. O contrabando, definido como a exportação e importação de produtos proibidos (medicamentos e agrotóxicos sem registro, por exemplo), passa a ser punido com reclusão de 2 a 5 anos.

Se o crime for concretizado por meio de transporte aéreo, marítimo ou fluvial, a pena dobra. Na redação anterior, a punição era de 1 a 4 anos de prisão, podendo duplicar apenas se fosse perpetrado com meio de transporte aéreo.

O descaminho (subtração de impostos e direitos de produtos) ganhou tipificação separada do contrabando (antes eram entendidos como o mesmo crime) e artigo próprio no Código Penal (344A). A prática continua sendo punida com reclusão de 1 a 4 anos. A diferença é que agora a pena dobra se o crime for praticado com uso de transporte marítimo e fluvial, além dos meios aéreos já previstos no Código Penal.

Outra novidade introduzida pela Lei 13.008/14 é equiparação de condutas antes não estabelecidas no Código Penal às práticas de contrabando e descaminho. Um exemplo é a navegação de cabotagem (transporte de mercadorias entre portos). Quando feita fora dos termos da lei com objetivo de sonegar impostos, é considerada descaminho de produtos.

A nova lei também estabelece tipificações que criminalizam atividades de suporte essenciais a esses crimes. A expectativa é que essas mudanças facilitem o trabalho de repressão das autoridades policiais.

“O crime organizado cada vez mais utiliza o contrabando e o descaminho para financiar suas atividades. A Lei 13.008/14 fortalece o combate a essas práticas, que põem vidas em risco, oneram os cofres públicos e prejudicam empresas atuantes na legalidade”, afirma Evandro Guimarães, presidente executivo do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial.

O descaminho e o contrabando, aliados à pirataria, causam prejuízos anuais de R$ 100 bilhões ao Brasil. A estimativa é da Receita Federal e data de 2013.

Fiscalização apreende mais de 1.500 produtos vendidos sem nota no centro de Brasília

A Operação Choque de Ordem, conduzida por 14 órgãos de fiscalização do Distrito Federal, recolheu, nesta quinta-feira (3), no centro de Brasília (DF), 1.534 produtos sem nota, entre eles 1.202 falsificados. Uma pessoa foi presa. Representantes da Seops (Secretaria da Ordem Pública e Social (Seops) e da Agefis (Agência de Fiscalização) fizeram a apreensão entre o Conic e a Rodoviária do Plano Piloto. A PMDF (Polícia Militar do Distrito Federal) participou da ação para garantir a segurança do local.

Segundo a operação, o vendedor preso oferecia pelo menos 56 camisetas e shorts da seleção brasileira e uniformes com a imagem do boneco mascote da Copa do Mundo, o que é considerado crime de violação de marcas. Cada camiseta estava à venda por R$ 35 de forma improvisada no chão da plataforma inferior do terminal. Em lojas convencionais, a original custa, em média, R$ 230.

O ambulante, conduzido foi à 5ª DP (Delegacia de Polícia), prestou depoimento, assinou um termo circunstanciado e foi liberado. A pena para quem vende produtos pirateados é de um a três meses de prisão ou multa.

As ações na Rodoviária são, sobretudo, voltadas para a ocupação dos espaços públicos pelos agentes a fim de evitar a chegada dos ambulantes ao terminal. No entanto, alguns insistem no comércio e acabaram no prejuízo, disse o subsecretário de Operações da Seops, Luciano Teixeira.

Também foram apreendidos 1.132 CDs e DVDs em frente ao Conic e 14 celulares, na plataforma inferior da Rodoviária. Os vendedores fugiram. Entre as outras mercadorias recolhidas na ação estavam frutas, latas de refrigerantes e cervejas, garrafa de água mineral, doces e salgadinhos.

Os materiais seguiram ao depósito da Agefis e poderão ser recuperados pelos donos mediante pagamento de multa e apresentação de nota fiscal, exceto os falsificados, que serão destruídos.

Grupo de trabalho

O Choque de Ordem faz parte do cronograma de ações desenvolvidas na Rodoviária desde agosto do ano passado, quando foi criado o Comitê de Gestão Integrada. O grupo de 14 órgãos do GDF (Governo do Distrito Federal) é coordenado pela Casa Civil.

As atividades são planejadas com o objetivo de manter a ordem pública, a segurança, a qualidade nas instalações públicas e o atendimento às pessoas em situação de vulnerabilidade. À Seops e à Agefis cabe a fiscalização para coibir a pirataria e o comércio ilegal.

De acordo com a legislação que regula as atividades econômicas do DF, a venda de mercadorias em área pública que não foi autorizada pelo Estado é considerada irregular. Feirantes e demais lojistas podem conseguir uma autorização na Administração Regional da cidade onde se pretende comercializar produtos.

Para os ambulantes, a opção é solicitar uma licença eventual na Coordenadoria das Cidades. Basta levar ao órgão RG e CPF e se inscrever na lista de interessados para trabalhar em shows e eventos com dia e horários definidos.

Saiba mais: http://noticias.r7.com/distrito-federal/fiscalizacao-apreende-mais-de-1500-produtos-vendidos-sem-nota-no-centro-de-brasilia-03072014