Artigo: O jovem, a ética e o mercado de trabalho

Vivemos neste século profundas modificações no mercado de trabalho, desde a dominância do uso de ferramentas digitais até o crescimento, com a pandemia, do chamado teletrabalho. O impacto na vida de todos foi amplo.

A adaptação às mudanças tem sido mais difícil para as chamadas gerações analógicas, que precisam lidar com paradigmas que não tiveram na sua formação, mas também os mais jovens enfrentam novos desafios, especialmente relacionados com a inserção no mercado de trabalho.

No final do mês de março o Instituto Coca-Cola, o ETCO e a Cufa – Central Única das Favelas realizaram uma Live tratando desse tema: Ética, Juventude e o Mundo do Trabalho com a participação de jovens que têm procurado ingressar no seu primeiro emprego. Ficou claro que a formação profissional, a incorporação da tecnologia, a compreensão de como funciona a estrutura organizacional das empresas, o sentido de responsabilidade e inovação são fatores importantes, mas o comportamento, as regras de convivência passam a ser cobrados nos dois sentidos: do mercado junto aos jovens e destes perante as empresas. Os questionamentos demonstram que atitudes, antes não tão consideradas, passaram a ser determinantes.

O jovem quer saber quais as possibilidades que terá para o seu desenvolvimento profissional; se a empresa estimula a participação, dando liberdade para manifestar sua opinião; se o horário é flexível,  enfim, por meio de maior equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, são apresentados aspectos relacionados à felicidade. Interessante notar que em pesquisa realizada pelo Linkedin as respostas relacionadas ao dinheiro (aumento salarial, ganhar mais que seus amigos) ficaram em um patamar mais baixo.

Esse é o retrato do posicionamento do jovem, já pelas empresas, há também a preocupação com relação à postura do jovem em relação a valores e princípios, as práticas relacionadas ao exercício profissional poderão ensinadas, mas a compreensão do que é certo, honestidade, caráter, respeito devem ser encarados como uma postura que antecede às competências para o trabalho.

Aliás, essa compreensão sobre valores éticos ficou demonstrada na pesquisa nacional realizada pelo ETCO/Datafolha sobre a percepção da ética pelos jovens, onde esses quesitos foram apontados quando pensam no que significa ser ético.

Essa visão sobre ética no mercado de trabalho foi igualmente atestada em outra pesquisa realizada pela consultoria Eureca, indicando que os jovens consideram que as métricas ESG devem ser respeitadas pelas empresas, assim, posturas de defesa do meio ambiente, de temas atinentes à inclusão, diversidade, governança, combate à corrupção são cobrados.

Nesse aspecto existe clara convergência, jovens e empresas cada vez mais se direcionam para novas posturas e propósitos, buscando um ambiente de trabalho mais saudável, ético e de acolhimento, no fortalecimento da identidade e da satisfação de pertencer à organização.

Os dados apresentados nessas pesquisas são indicativos interessantes do momento que vivemos, da necessidade de encararmos novas posturas, em claro sentido de evolução de comportamentos e de exigências.

A constante adaptação é necessária, a postura dogmática ficou ultrapassada, o exercício de valores passou a ser regra.

Essa realidade se, de um lado, demonstra um sentido de progresso nas expectativas, de outro, me desperta preocupação, pois percebemos, não só no Brasil, mas em todo o mundo, que as lideranças, especialmente na esfera política, não demonstram estar alinhadas com esse momento que se apresenta como disruptivo, o velho ficou para trás, mas o novo ainda não se consolidou, o discurso precisa ser colocado em prática.

Não é sem razão o afastamento que o jovem tem demonstrado com relação à política. Ele não percebe nas nossas instituições compromisso com os padrões que defendem, que não compartilham com a sua visão de mundo. Isso não é novidade, a juventude sempre questionou o status quo, porém, identificava no exercício da política uma ação que poderia viabilizar mudanças, daí o movimento estudantil. Hoje, contudo, constato uma desilusão, um desalento com o exercício da política como um efetivo pacto com o interesse público.

A nossa obrigação, como organizações sociais e empresariais, está clara, temos, que defender uma clara atitude de defesa e prática de valores que fortaleçam nosso propósito e envolvam os mais jovens. Eles apontam o que desejam, precisamos pavimentar o caminho, para auxiliar no alcance do destino comum.

Professor, pra que serve a ética?

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Projeto do ETCO busca despertar a reflexão sobre o tema em escolas de todo o País.  Primeira parceria foi firmada em a Secretaria de educação de São Paulo

 

img1_ética para jovensUma das principais iniciativas do ETCO em 2017 é o projeto Ética para Jovens, que busca unir o Instituto a redes de escolas, especialmente as públicas, para estimular reflexões sobre comportamento ético entre os estudantes. O programa foi lançado no dia 19 de junho, em evento na Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, com quem o ETCO firmou a primeira parceria para levá-lo às escolas. E contou com o apoio da Ouvidoria Geral do Estado de São Paulo e do Conselho da Transparência da Administração Pública paulista.
O foco principal do projeto são professores e estudantes do ensino médio ou dos últimos anos do ensino fundamental – o que, só na rede pública estadual de São Paulo, representa mais de 2 milhões de alunos. O objetivo é simples: propor a professores e alunos que  dediquem algumas aulas a atividades que estimulam o pensamento crítico e a tomada de consciência sobre a importância da ética na sociedade. Para isso, o ETCO fez estudos para definir a melhor forma de impactar os jovens, contratou especialistas para preparar material de apoio aos professores e está investindo na busca de novas parcerias como a que foi firmada em São Paulo e na divulgação do projeto, para gerar a adesão de professores e ampliar seu alcance.
O presidente executivo do ETCO, Edson Vismona, conta que o projeto atende a uma responsabilidade que lhe foi atribuída pelo Conselho de Administração do Instituto em 2016, quando foi escolhido para o cargo. “Me pediram para que, além de continuar atuando em defesa da ética concorrencial, reforçasse um dos fundamentos do ETCO, que é a defesa da ética em termos mais amplos. Nesse sentido, escolhemos os jovens como nosso público-alvo: afinal, não há como transformar os padrões éticos do Brasil sem dar atenção especial à formação das novas gerações”, explica Vismona.

 
PRINCIPAIS OBJETIVOS

A partir do trabalho com os jovens, o projeto busca levar o debate sobre a importância da ética a toda a sociedade. O primeiro passo foi entender o que esse público pensa sobre o tema. Para isso, o Instituto contratou uma pesquisa do Datafolha, que trouxe diversas revelações valiosas. Constatou, por exemplo, que os jovens têm consciência de que o problema da falta de ética não se restringe “aos outros”, mas afeta também seus círculos mais próximos. A nota pior é dada aos outros: 90% consideram “a sociedade” pouco ou nada ética e 74% julgam a mesma coisa em relação aos amigos. Mas a avaliação sobre a própria família e sobre si mesmos também é majoritariamente negativa: 57% em ambos os casos. A pesquisa apontou também que os professores são um importante referencial ético para os jovens. Eles receberam a segunda melhor nota nesse quesito, atrás apenas dos bombeiros. Outra revelação importante foi a opinião dos jovens sobre que tipo de ação pode ter mais impacto na mudança do padrão ético dos brasileiros e na construção de uma sociedade mais honesta. Entre várias possibilidades, a mais indicada foi a proposta de estimular mais conversas e debates sobre o tema, seja em casa, com a família, seja nos ambientes de contato com os amigos – o que inclui a escola. “A pesquisa Datafolha consolidou a nossa crença”, afirma Vismona. “Concluímos que o ETCO poderia gerar um efeito multiplicador ao engajar os educadores, que são vistos como um dos maiores referenciais de ética dos jovens, na iniciativa de incluir ou ampliar a discussão desse tema com seus alunos.”

Clique aqui e acesse a pesquisa completa no site Ética para Jovens
 
ROUBOU OU SALVOU UMA VIDA?

O passo seguinte foi criar um material que pudesse auxiliar os professores nessa tarefa. O ETCO contratou uma equipe especializada para produzir e disponibilizar na internet um conjunto de sugestões de atividades sobre ética para sala de aula. Esse trabalho foi envolvido por uma série de cuidados, a começar pela determinação de não criar um guia de “lições de moral”, como conta a consultora Denise Hirao, responsável pela elaboração do material. “Não tivemos a pretensão de ´ensinar ´ o que é ou não ético. Criamos atividades com o objetivo de provocar a reflexão dos jovens sobre como formulam os seus próprios parâmetros éticos e as razões pelas quais obedecem ou não a eles”, ela explica. Outra preocupação foi criar propostas de aula interessantes para os jovens com base nas recomendações pedagógicas mais atuais. Nesse sentido, buscou-se aproximar o tema à realidade dos alunos e utilizar recursos modernos como charges e enredos que promovem a participação dos estudantes e a interação entre eles. Em uma das atividades, por exemplo, os jovens se dividem em diferentes grupos para julgar a ação de uma funcionária pública que desviou um medicamento de um posto de saúde para salvar a vida de uma vizinha. Em outra, se deparam com o dilema entre deixar de comprar livros didáticos para todos os alunos ou recorrer a vendedores que cobram preços bem menores, mas adotam práticas criminosas. Temas como corrupção, bullying e direitos humanos também estão presentes no material.
Para os próximos meses, o desafio é ampliar o alcance do projeto. Na Secretaria da Educação de São Paulo, o projeto conta com amplo apoio. O secretário estadual, Renato Nalini, fechou parceria com o ETCO prevendo várias iniciativas para difundir as atividades nas escolas paulistas. “Estimular reflexões sobre a ética entre os jovens é uma missão extremamente importante”, avalia Nalini.
O primeiro evento dessa parceria ocorreu juntamente com o lançamento do projeto: um debate sobre ética na escola que reuniu nomes como o secretário Estadual de Educação Adjunto, Francisco José Carbonari, o Ouvidor Geral do Estado de São Paulo, Gustavo Ungaro, e os educadores Eunice Prudente e Adriano Marangoni, além do presidente do ETCO.
O lançamento do projeto e os resultados da pesquisa feita pelo Datafolha foram divulgados por diversos veículos de comunicação, ajudando a ampliar o seu impacto e a atrair o interesse de outros órgãos de educação.
A expectativa é que novas parcerias sejam fechadas no segundo semestre e que a iniciativa seja difundida por todo o país.

 
PARA PROFESSORES E ALUNOS

As atividades que o ETCO criou para estimular o debate sobre ética em sala de aula estão disponíveis no site www.eticaparajovens.com.br

 

Pesquisa ETCO/Datafolha é tema de debate no Jornal da Cultura

Assista à matéria e ao debate promovido pelo Jornal da Cultura sobre os resultados da pesquisa ETCO/Datafolha que avaliou a percepção dos jovens brasileiros em relação à Ética.

A matéria foi ao ar no Jornal da Cultura, 2ª edição, no dia 28/07.

 

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Precisamos falar sobre ética

Por Claudia Rondon*

O Brasil vive uma situação inédita, provocada pela profunda crise que envolve valores éticos e morais. Nós, brasileiros, temos de encarar a dimensão da corrupção. Sempre soubemos que havia corrupção nas esferas do poder, mas a Operação Lava Jato trouxe à luz detalhes e números nunca imaginados. O tamanho e a constância da corrupção nos deixam indignados. Temos de transformar essa indignação em oportunidade, para que o País mude, de uma vez por todas.

A mudança virá com as novas gerações. Mas o que os jovens de hoje pensam sobre corrupção e ética? Para ter essa resposta, o Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO), cliente da RP1, encomendou uma pesquisa ao Datafolha. A pesquisa, qualitativa e quantitativa, foi feita com 1.048 jovens entre 14 e 24 anos em 130 municípios de todo o País.

A conclusão: 90% dos jovens consideram a sociedade brasileira pouco ou nada ética. Reproduzindo o que tradicionalmente fazemos, os jovens atribuem os desvios de conduta aos outros. Quando avaliam a si próprios, o índice muda: 63% dizem que são éticos na maioria das vezes em seu dia a dia. A família tem imagem melhor, embora numa cena ainda problemática: 57% consideram os familiares pouco ou nada éticos. Já os amigos são vistos como pouco ou nada éticos por 74% dos entrevistados.

Preocupante. Mais preocupante ainda é a descrença na mudança. Para 56%, não importa o que se faça, a sociedade sempre será antiética. A maioria também tem uma visão flexível e elástica da ética: 55% admitem que é impossível ser ético o tempo todo. Mais. Dizem que podem agir de forma antiética se não prejudicarem ninguém.

Há esperança quando se fala de profissões. A pesquisa pediu avaliação de 0 a 10 em relação a dez categorias profissionais. Bombeiros são considerados os mais éticos (nota 8,7), seguidos por professores (8,5). Em último lugar, por óbvio, estão os políticos (2,2).

Também há esperança quando se fala em discutir o tema. Para 87% dos jovens, conversar sobre isso com a família e amigos faria a sociedade brasileira se tornar mais ética.

Justamente para discutir mais a questão, o ETCO desenvolveu uma plataforma online que servirá de apoio para que professores abordem o tema em sala de aula (www.eticaparajovens.com.br). É isso mesmo. Precisamos falar sobre ética. Em casa, na escola, no trabalho, na sociedade.

Claudia Rondon é presidente do Conselho Diretivo da Associação Brasileira das Agências de Comunicação (Abracom) e presidente e fundadora da RP1 Comunicação

A ética segundo os jovens

 

“A gente não quer só comida.  A gente quer a vida como a vida quer.”

Comida, Titãs

 
Por Gustavo Ungaro

Neste imenso e imundo lamaçal da crise ética nacional, como será que a juventude está vendo a ética dos dias atuais?
Quais as condutas consideradas contrárias ao interesse da coletividade, como são percebidos os comportamentos e como andam as expectativas daqueles que estão entrando na maturidade? E o que se entende por “ética” em tempos de modernidade líquida e pós-verdade?

Interessante pesquisa Datafolha realizada pelo Instituto ETCO acaba de colher as respostas de mais de mil brasileiros com idades entre 14 e 24 anos: para eles, ética significa respeito ao próximo (22%), ser educado (12%), agir com conduta moral (5%), bom caráter (4%) e honestidade (4%).

O resultado lembra o sentido dos velhos brocardos jurídicos presentes nos cursos de Direito, recitados em latim: alterum non laedere (não prejudicar ao outro), honeste vivere (viver honestamente), suum Cuja que tribuere (dar a cada um o que lhe seja devido).

90% dos jovens acham a sociedade brasileira pouco ou nada ética; 74% consideram seus amigos pouco ou nada éticos; 57% avaliam que sua própria família é pouco ou nada ética, e o mesmo percentual, 57%, considera a si mesmo como pouco ou nada ético.

Sobre as profissões mais associadas à ética, despontam os bombeiros e os professores, figurando os políticos como os mais distantes da conduta valorizada. E o que fazer para tornar a sociedade brasileira mais ética? As respostas mais repetidas foram conversar sobre ética com amigos e familiares, compreender o que seja público e do interesse de todos, pensar mais nos outros e não apenas nos próprios interesses.

Para estimular a reflexão sobre as consequências do comportamento humano e a importância dos princípios e valores norteadores, acaba de ser lançado, com apoio da Ouvidoria Geral do Estado e da Secretaria da Educação, o site www.eticaparajovens.com.br, com sugestões de atividades práticas para serem realizadas em salas de aula, de modo a estimular a reflexão, o debate e a ação, com vistas a contribuir para que cada um possa ser a mudança que espera no outro, transformando a realidade e impulsionando, cada qual no seu âmbito de atuação, um outro mundo possível, num futuro que se quer próximo.

* Gustavo Ungaro é Bacharel e Mestre em Direito pela USP, Professor de Ensino Superior, é Ouvidor Geral do Estado de São Paulo

Leia também: O jovem, a ética e o mercado de trabalho

Uma sociedade sem ética

Por Luiz Gonzaga Bertelli, presidente do CIEE/SP

É preocupante o resultado de uma recente pesquisa: para 90% dos jovens de 14 a 24 anos, a sociedade brasileira é pouco ou nada ética. Nesse universo, não entram apenas os políticos o que seria um efeito previsível diante da enxurrada de denúncias e processos contra eles. Os próprios familiares pertencem à categoria dos pouco ou nada éticos na opinião de 57% dos entrevistados, o mesmo acontecendo com os amigos, para 74%. E como eles veem a si mesmos? Se 63% dizem que buscam ter conduta correta no dia a dia e apenas 8% acreditam ser possível se ético o tempo todo.

Saindo do campo conceitual e caindo num questionamento mais objetivo, a firmeza se reduz. Enquanto mais de 50% concordam que, numa compra, é importante verificar se a empresa paga impostos e respeita o meio ambiente, 52% admitem comprar produtos piratas por serem mais baratos e, pior, confiam que, com isso, não prejudicam ninguém, esquecendo que parte dos tributos custeiam serviços públicos.

Entre os aspectos lamentáveis da pesquisa, realizada pelo Instituto Brasileiro de Etica Concorrencial (Etco) e o Datafolha, destacam-se três percepções negativas: 56% acham que, não importa o esforço, a sociedade sempre será antiética; é impossível ser ético o tempo todo (55%); e, para ganhar dinheiro, nem sempre é possível ser ético.

O estudo, entretanto, aponta um caminho para mudar essa visão sobre a ética, cuja valorização será um dos fatores que impedirá a repetição do triste desfile de empresários, executivos, governantes, políticos, funcionários de todos os escalões arrastados aos tribunais, sob a acusação de apropriação de dinheiro público. Acontece que, no quesito sobre profissionais com melhor imagem entre os jovens, a lista é encabeçada pelos bombeiros (nota 8,7), seguidos pelos professores (8,5). Essa percepção lança sobre os docentes a missão de moldar, com a prática e a teoria, os corações e as mentes das novas gerações. Aliás, tarefa não exclusiva deles, mas, sim, de todos os brasileiros responsáveis e desejosos de construir um país mais justo e mais próspero.

 

Artigo publicado no jornal Diário de São Paulo, em 13/07/2017

 

ETCO lança projeto para ajudar professores de todo o Brasil a tratar do tema ética com seus alunos.

 

Etica para jovensA ética é a base do convívio social. Para construir um Brasil forte e justo que todos queremos, precisamos reforçar as bases éticas da nossa sociedade, cultivando esse valor para novas gerações.

O ETCO tem como foco principal trabalhar para a melhoria do ambiente de negócios no País por meio do combate a condutas ilícitas que provocam desequilíbrio concorrencial entre as empresas, como sonegação fiscal, falsificação de produtos, contrabando e corrupção.

Mas o ETCO entende que a solução para esses problemas depende também da formação ética dos brasileiros.

Nesse sentido, o Instituto lançou ontem (20/06), em evento na Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, o projeto ÉTICA PARA JOVENS.

Durante o evento, que contou com a participação do Secretário Adjunto Francisco José Carbonari, do Ouvidor Geral do Estado, Gustavo Ungaro, além de convidados, estudantes e professores do ensino médio da Escola Caetano de Campos, foram apresentados os resultados de uma PESQUISA encomendada pelo ETCO ao Datafolha sobre o Jovem e a Ética  e o site ETICA PARA JOVENS.  Encerrando o evento, os professores Adriano Marangoni (Escola de Formação de Professores), Eunice Prudente (Ouvidoria Geral do Estado) e Denise Auad (Conselho Consultivo do Instituto Alana), falaram sobre O papel da escola na formação ética do jovem.

Da esquerda para direita: Edson Vismona (Presidente do ETCO), Francisco José Carbinari (Secretário Adjunto de Educação)e Gusta Ungaro (Ouvidor Geral do Estado)
Edson Vismona (Presidente do ETCO), Francisco José Carbonari (Secretário Adjunto de Educação) e Gustavo Ungaro (Ouvidor Geral do Estado)
Da esquerda para direita, os professores Adriano Marangoni, Eunice Prudente e Denise Auad
Os professores Adriano Marangoni, Eunice Prudente e Denise Auad

 

 

 

 

 

 

A iniciativa do ETCO consiste em ajudar professores de todo o Brasil a tratar do tema ética com seus alunos, através de atividades a serem trabalhadas em sala de aula.

O projeto foi desenvolvido pelo ETCO, a partir de uma pesquisa sobre como os jovens encaram o tema ética. Eles entendem que existe uma crise ética na sociedade, mas parecem dispostos a mudar esse cenário e validam os princípios deste projeto ao colocar os professores entre suas principais referências éticas e ao recomendar como solução para o problema, que se fale mais sobre o assunto.

A primeira parceria, fechada com a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, deve atingir 230.000 professores da rede pública.  A próxima etapa é avançar em novas parcerias em outros estados.

Acesse www.eticaparajovens.com.br e saiba mais sobre o projeto.

90% dos jovens consideram sociedade brasileira pouco ou nada ética, aponta Datafolha, em estudo para o ETCO

Para o jovem, a sociedade brasileira não é ética. Esse é o resultado de uma pesquisa inédita feita pelo Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial – ETCO, em parceria com o Datafolha. O levantamento constatou que para 90% dos entrevistados, entre 14 e 24 anos, a sociedade brasileira é pouco ou nada ética.

Os números não melhoram nem mesmo quando o alvo do questionamento é o comportamento de pessoas próximas de seu relacionamento. Os próprios familiares foram considerados pouco ou nada éticos para 57% dos entrevistados. A avaliação sobre os amigos é ainda pior: 74%. Em relação à própria conduta, 63% dos jovens afirmam que buscam ser éticos na maioria das vezes em seu dia a dia. Apenas para 8% deles é possível ser ético o tempo todo.

Quando confrontados com perguntas menos hipotéticas e mais objetivas, nem sempre mantiveram a mesma firmeza de conduta. Por exemplo, mais de 50% deles concordam ou concordam totalmente que ao comprar um produto é importante saber se a empresa paga impostos e respeita o meio-ambiente. No entanto, 52% compra produtos piratas por serem mais baratos – a justificativa é que não acreditam estar fazendo mal a alguém.

Observou-se ainda uma descrença na possibilidade de ética da sociedade como um todo. Chama a atenção que 56% concordem que não importa o que se faça, a sociedade sempre será antiética. Mais: 55% admitem que é impossível ser ético o tempo todo e 36% avaliam que, para ganhar dinheiro, nem sempre é possível ser ético.

O Presidente Executivo do ETCO, Edson Vismona, avalia que a pesquisa mostra um cenário preocupante em relação ao jovem e que ela deve ser utilizada para motivá-los a assumir uma postura ética cada vez mais firme. “É verdade que jovens compram produtos pirateados em razão do preço, mas é importante notar que 72% sabem que deixar de comprá-los tornaria o Brasil mais ético. Metade desses jovens ouvidos tem consciência de atitudes que podem influenciar a sociedade positivamente, como participar de atividades políticas e conhecer melhor os partidos. Basta fazê-los entender que a mudança no todo parte do indivíduo e que a sociedade só se torna ética verdadeiramente quando todos contribuem para isso”.

A contradição entre o mundo ideal, ético, e o real, antiético, é intrínseca ao dia a dia dos jovens, principalmente nesse momento em que enfrentamos uma aguda crise de representação e de questionamentos sobre o comportamento de pessoas públicas. Desenvolver resistências às tentações entre o certo e o errado, passa por conhecer o comportamento dos semelhantes. É nesse ponto que a pesquisa contribui para a conscientização dos futuros gestores do País”, afirma Mauro Paulino, diretor do Datafolha.

Pesquisa exalta bombeiros e professores

 A pesquisa encomendada pelo ETCO também questionou os jovens sobre a percepção de profissionais éticos. O resultado apontou que bombeiros e professores são os profissionais com melhor imagem perante esse público. Numa escala de 0 a 10, os bombeiros foram os profissionais mais bem avaliados com uma nota 8,7, seguido pelos professores, que tiveram nota 8,5.

“É positivo que o jovem enxergue o professor dessa maneira porque ele é um dos exemplos de adulto mais próximos e é importante que este profissional transmita credibilidade e um firme senso de moral e ética. O jovem está em formação e seu comportamento mira muito nas pessoas mais próximas, portanto, é fundamental ter uma boa referência em sala de aula”, avalia Vismona.

Por outro lado, os políticos são a classe mais mal avaliada, com nota 2,2, refletindo o desgaste de imagem com acusações de corrupção por todo o País. Não à toa, uma das afirmações com maior nível de concordância (51%) é de que a sociedade brasileira seria mais ética se as pessoas participassem pessoalmente das atividades políticas.

 Instituto irá incentivar discussão na sala de aula

 Além da excelente avaliação dos professores e da constatação de que 21% dos jovens não sabem dizer o que é ética, um outro dado bastante relevante apontado pela pesquisa chamou a atenção do ETCO: para 87% dos jovens, conversar sobre o tema com familiares e amigos faria a sociedade brasileira se tornar mais ética.

Para fomentar essa importante discussão, o ETCO desenvolveu uma plataforma online (www.eticaparajovens.com.br) que servirá de apoio para que docentes comecem a discutir o tema em sala de aula. A ferramenta foi lançada hoje, em evento realizado em parceria com a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, e já está disponível para docentes de todo o País.

Acreditando que os professores e os jovens podem impulsionar uma transformação ética em seu entorno e na sociedade brasileira, o site apresentará sugestões para ativar as reflexões e ações sobre ética na escola. Ele contém sugestões de atividades para professores de Ensino Médio realizarem em sala de aula, além de materiais e links para aprofundamento da discussão. O conteúdo poderá ser facilmente adaptado para o Ensino Fundamental II.

As atividades do site não buscarão “ensinar” o que é ético e o que não é ético. Elas têm a intenção de provocar a autorreflexão dos jovens sobre como formulam os seus próprios parâmetros éticos e as razões pelas quais suas condutas estão – ou não estão – em consonância com esses parâmetros.

“O Brasil está passando por um momento inédito, com diversos casos de corrupção sendo revelados e seus responsáveis, punidos. É possível que este seja o início de um ponto de inflexão para a ética no Brasil. Para que isso ocorra, porém, será necessário questionar os parâmetros éticos da sociedade brasileira, incluindo cada um de nós. Os professores serão importantes protagonistas neste processo de transformação por serem vistos como profissionais éticos e por influenciarem milhões de estudantes pelo País”, avalia Vismona.