Campanha inédita alerta sobre os perigos do crime do contrabando

Nem sempre o mais barato é a melhor escolha. Ainda mais quando a opção é por produtos contrabandeados, piratas ou falsificados.

A Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF), em parceria com o Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO) lançam nesta quarta-feira, dia 23 de julho, a campanha “Promoção Achou, Perdeu!”

A proposta da campanha é chamar a atenção do consumidor e da sociedade para os riscos que produtos provenientes do contrabando trazem para a segurança e a saúde. O tom da comunicação segue a linha das grandes liquidações de lojas populares, mas com foco nos componentes desconhecidos e nos perigos gerados por software piratas, cigarros ilegais do Paraguai e brinquedos sem a certificação do Inmetro.

“Queremos envolver a sociedade e impulsionar uma mudança de comportamento no consumidor, mostrando que muitas vezes o que parece ser uma vantagem, na verdade só traz problemas e malefícios para a saúde e aumento da criminalidade no estado”, explica Rodolpho Ramazzini, diretor da Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF).

“Não bastasse os riscos para a saúde e para a segurança, o aumento do contrabando também afeta, significativamente, a arrecadação do estado”, conclui Ramazzini.

Pesquisa

Voltada para as classes B e C, que estão entre os maiores consumidores de produtos contrabandeados, piratas ou falsificados, a campanha “Promoção Achou, Perdeu!” se baseou em diversas estatísticas e pesquisas do Ibope, que ajudaram a identificar quais os pontos que mais prejudicam e sensibilizam o consumidor.

Alcance da campanha

A campanha será veiculada na região metropolitana de Curitiba entre os meses de julho e outubro e estará em diversos outdoors, abrigos de ônibus, nos canais de TV, rádios e jornais.

Depois desse período, as entidades analisarão os resultados – como a queda no consumo de produtos contrabandeados e falsificados – para avaliar a possibilidade de ampliar a veiculação para outros estados e cidades atingidos por esse problema.

PF apreende 600 caixas de cigarros contrabandeados; três foram presos

Fonte: G1 (Rio de Janeiro – RJ) – 22/05/2012

Apreensão foi realizada na segunda (20), em Marechal Cândido Rondon (PR).

Contrabando estava escondido em uma propriedade rural.

Três pessoas foram presas com 600 caixas de cigarros contrabandeados do Paraguai em Marechal Cândido Rondon, no oeste do Paraná, na noite de segunda-feira (20). Segundo a Polícia Federal (PF), 350 caixas estavam em um caminhão que transportava grãos e o restante estava em uma propriedade rural.

Além dos cigarros, também foram apreendidos um carro e uma motocicleta, que seriam usados como batedores.

Motorista é preso com 2 mil pacotes de cigarros em Prudentópolis

Fonte: Rede Sul de Notícias (Guarapuava – PR) – 21/05/2012

Contrabando estava sendo levado de Foz do Iguaçu para Curitiba

Um motorista foi preso com dois mil pacotes de cigarros contrabandeados do Paraguai na noite de ontem, domingo (20), em Prudentópolis. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a abordagem foi durante uma fiscalização de rotina na BR-277.

A mercadoria estava escondida em um carro e seria levada de Foz do Iguaçu para Curitiba.

O preso e o contrabando foram levados para a Polícia Federal em Guarapuava.

Homens são detidos com cigarros contrabandeados em Itapeva, SP



Fonte: G1 (Rio de Janeiro – RJ) – 19/05/2012

As prisões foram na Vila Isabel.

A polícia encontrou 20 caixas do produto em dois veículos.

Dois homens foram detidos por suspeita de contrabando de cigarros em Itapeva (SP). Eles estavam em dois carros carregados com 20 caixas do produto.

De acordo com a Polícia Militar, os homens foram flagrados na Vila Isabel. De acordo com o boletim de ocorrência, durante patrulhamento foram avistados três carros. Durante a abordagem, um motorista conseguiu fugir. Os outros dois foram parados e a polícia encontrou os cigarros de origem clandestina.

Os presos e os produtos apreendidos foram levados para a delegacia da Polícia Federal em Sorocaba (SP). Os homens deverão responder em liberdade por contrabando.

Preço mínimo: passo decisivo contra a evasão fiscal

 

Fonte: Correio Braziliense (26 de maio de 2012)

A realidade socioeconômica do Brasil mudou muito nos últimos 10 anos. Pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que vários indicadores tiveram desempenho sensivelmente melhorados, como a renda per capita (aumento de 176%) e a taxa de desocupação (redução de 45%). Mas isso ainda não foi suficiente para mudar o triste cenário do contrabando e da pirataria no nosso país.

O Índice de Economia Subterrânea, divulgado no fim de 2011 pelo Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO) e o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), apresentou uma queda de 1,1% no ano passado em relação a 2009. Depois de registrar crescimento por dois anos (2008 e 2009), com velocidade próxima à do PIB, a economia subterrânea acentua a taxa de queda, atingindo, pela primeira vez, a casa dos 17,2%. Apesar disso, o volume de dinheiro envolvido na economia subterrânea cresceu (de R$ 589 bilhões em 2009 para R$ 653 bilhões em 2011).

As explicações para esses números foram apuradas em pesquisa da Fecomércio-RJ/Ipsos. O resultado indica que o número de brasileiros que consomem produtos de origem irregular saltou de 42% em 2006 para 48% em 2010. A maioria dos consumidores ouvidos na pesquisa justifica a diferença de preço entre o produto legal e o ilegal como o grande motivador da compra.

Muitos consumidores brasileiros ainda não se deram conta de que o preço mais baixo embute sonegação de impostos, desvio de dinheiro, contrabando, falta de garantias do produto e, eventualmente, pior qualidade. Como tratar um problema que não esbarra em fronteiras físicas e é culturalmente aceito pela sociedade? É evidente que leis mais severas podem contribuir para o desestímulo à prática de contravenção. Hoje, muito pouco é feito em caráter punitivo, tanto contra quem coopta alguém quanto contra quem é cooptado.

A questão tributária é talvez a mais importante nesse aspecto. Muito já se discutiu sobre a carga de impostos no Brasil, uma das mais altas do mundo, e especialmente sobre a dificuldade no processo de pagamento de tributos. Se pegarmos como exemplo o setor de cigarros, vemos que, em 2011, a parcela de produtos comercializados oriundos do contrabando e fabricados por empresas que possivelmente não recolhem devidamente seus impostos alcançou cerca de 30% do mercado brasileiro. Estima-se com isso que a evasão fiscal tenha alcançado a marca dos R$ 2 bilhões.

A indústria formal, pressionada pela alta carga tributária, hoje acima de 60%, é forçada a praticar preços muito superiores aos ofertados pelo mercado ilegal. A diferença entre os preços praticados pela indústria formal e o contrabando em algumas cidades brasileiras pode atingir estratosféricos 240%.

Por meio da Lei nº 12.546, sancionada em 14 de dezembro de 2011 pela presidente Dilma Rousseff, que entre outros temas introduzirá a mudança do sistema de IPI para cigarros, aumentando a carga tributária para próximo de 70% até 2015, o governo federal criou o preço mínimo para a comercialização do cigarro. O objetivo é frear a evasão fiscal provocada não só pelo contrabando, mas principalmente por empresas que deixam de pagar a totalidade dos impostos devidos. A medida traz penalidades ao varejo que comercializar cigarros abaixo de R$ 3 (2012), podendo o comerciante ter o produto apreendido e ainda ser inabilitado para a venda de cigarros por cinco anos.

Para a Receita Federal, a lei visa “coibir a evasão tributária que ocorre no setor de fabricação de cigarros pela prática predatória de preços que estimulam a concorrência desleal no setor”. A iniciativa é um passo importante no combate ao mercado ilegal, mas não poderá vir sozinha. Para evitar que acabe como outras leis que “não pegam”, a fiscalização e a devida punição deverão ser companheiras inseparáveis do preço mínimo.

A fixação do preço mínimo, ainda segundo a Receita, “proporcionará uma maior competitividade entre as empresas, garantindo a implementação de condições favoráveis para o desenvolvimento das atividades em ambiente de concorrência igualitária e leal”. Entretanto, o preço mínimo estabelecido ainda está longe de ser um valor capaz de cobrir todos os custos, margem e tributos pagos pelos fabricantes.

Com as novas regras do IPI, vender um maço de cigarro a R$ 3 e pagar todos os tributos significará possivelmente ainda trabalhar com margem negativa, o que faz crescer o risco de provável evasão fiscal. Análises econômicofinanceiras dão conta de que, idealmente, o preço mínimo deveria ser estabelecido em um patamar entre R$ 3,50 e R$ 4 em 2012.

Para que o país continue avançando e possa contar com um ambiente de negócios ainda mais atrativo, é fundamental perseverar na redução dos níveis atuais de evasão fiscal, não apenas no setor de cigarros, mas em todos aqueles que se destacam pela elevada sonegação, de forma a se privilegiar um efetivo equilíbrio entre os agentes de mercado, na linha do que asseveram os princípios da livre iniciativa e da livre concorrência previstos no artigo 170 da Constituição.

Por fim, a afirmação de que o aumento da tributação sobre o cigarro ensejaria a redução do consumo não se sustenta, pois, na prática, tende a implicar uma migração de consumo para o mercado ilegal, que, com preços artificialmente baixos, constitui-se em uma oferta ainda mais atrativa para novos consumidores.

Roberto Abdenur

Diplomata e presidente-executivo do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO)

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Contrabando cresce com a recessão na Europa

Valor Econômico

Assim como milhões de espanhóis, Alicia García vê-se obrigada a fazer sacrifícios para enfrentar a crise de endividamento do país. A esteticista de 32 anos costumava fumar um maço por dia, mas agora reduziu para apenas cinco cigarros.

“Fumar simplesmente tornou-se caro demais”, diz García, enquanto fuma em uma rua no centro de Madri. “Tenho de pensar duas vezes antes de acender.”

Pressionados por uma recessão cada vez maior e por aumentos nos impostos sobre o consumo, os mais de 10 milhões de fumantes espanhóis tornaram-se alvos perfeitos para os contrabandistas de cigarro. As importações ilegais agora representam entre 7% e 8% das vendas totais de cigarros, sendo que há um ano eram praticamente inexistentes, segundo a associação das empresas de tabaco do país.

O número de maços de cigarro vendidos na Espanha caiu 17% no ano passado, de acordo com a Tobacco Market Comission, que acompanha apenas o comércio legítimo.

“O contrabando e a falsificação de tabaco, que estavam erradicados desde 1993, voltaram com força no ano passado”, diz Jaime Gil-Robles, diretor de assuntos empresariais da Altadis, unidade local do Imperial Tobacco Group, que domina cerca de 30% do mercado espanhol, de € 11,3 bilhões.

Em apenas uma semana de janeiro, as autoridades espanholas confiscaram mais de 1 milhão de maços ilegais de cigarros, no valor de € 4 milhões, aproximadamente.

O problema não é exclusivo da Espanha. As autoridades francesas confiscaram 462 toneladas de produtos com tabaco contrabandeado ou falsificado em 2011 – 33% a mais do que em 2010. Grande parte disso estava destinada ao Reino Unido e Irlanda, que têm os maiores impostos sobre o consumo de tabaco da União Europeia (UE). Em Dublin, um maço de Marlboro custa € 9,10, em comparação ao preço de € 6,20 em Paris.

“Trabalho nesta área há quatro anos e o problema só faz crescer, crescer, crescer”, diz Ross Marié, que comanda a unidade encarregada de combater o comércio ilegal na British American Tobacco, fabricante das marcas Lucky Strike e Dunhill. Morgan Rees, diretor de comunicação de regulamentação da Philip Morris International, dona da marca Marlboro, estima que as vendas ilegais dominem cerca de 10% do mercado na Europa.

Embora as importações de contrabando da China tenham se estabilizado, as provenientes da Rússia e outros países do Leste Europeu estão em alta, diz Austin Rowan, chefe da unidade de tabaco e bens falsificados da Agência Europeia Antifraude (Olaf, na sigla em inglês), em Bruxelas.

“A profunda crise econômica em certos mercados, como Lituânia, Letônia, Romênia e Espanha, alimentou o problema”, afirma.

O índice de desemprego da Espanha, em 22,9%, é o maior da UE. Também leve em conta a proibição ao fumo em lugares públicos em vigor desde o início do ano e o aumento nos impostos de € 0,50 por maço e você tem a “tempestade perfeita”, diz a executiva-chefe da Imperial Tobacco, Alison Cooper. As multidões de espanhóis fumando do lado de fora de bares e restaurantes são um mercado de fácil alcance para os vendedores ambulantes de cigarros contrabandeados, diz Marcelino Gamez, presidente da Onae, um grupo lobista que representa cerca de 2,5 mil empresas do setor de tabaco. Um maço de Marlboro, de € 4,25, pode ser comprado por volta de € 2,25 nomercado paralelo.

Não são apenas os fabricantes de cigarros que perdem. O comércio ilícito de tabaco custa aos governos europeus cerca de US$ 10 bilhões em perda de arrecadação, segundo a Olaf. Na Espanha, a Altadis defendeu o congelamento por dois anos dos aumentos nos impostos sobre o tabaco, enquanto Cooper, da Imperial, tem esperanças de que o governo relaxe a proibição ao fumo.

São concessões que enfureceriam ativistas pela saúde pública, como Armando Peruga, gerente da Iniciativa Livre de Tabaco, da Organização Mundial da Saúde (OMS). Peruga destaca que a Espanha, ao lado da Itália e Irlanda, foi bem-sucedida ao usar aumentos tributários para diminuir o número de fumantes. “As empresas de tabaco querem assustar o governo com o espantalho de que, com os aumentos, perde dinheiro em impostos do tabaco”, afirma. “Isso é uma falácia. Quando se proíbe fumar em espaços públicos, o único poder que as empresas têm é reduzir os preços, [poder] que eles perdem quando o governo eleva os impostos.”