Devo, não nego. Mas também não pago

Devagar, sem alarde, uma empresa pequena tornou-se a estrela no mercado de distribuição de combustíveis do Rio de Janeiro. A empresa se chama Rodopetro, foi fundada em 2004 em São Paulo, transferiu-se dois anos depois para o Rio e hoje lidera as vendas de etanol no Estado. Venceu concorrentes poderosos como a BR Distribuidora (da Petrobras) e a Raizen (fusão das multinacionais Shell e Cosan). De cada 4 litros vendidos nos postos do Rio, 1 vem da Rodopetro. São 250 carretas de álcool todo mês. O slogan da empresa aparece logo na página de abertura do site: “Aqui, o etanol é muito mais barato”. E é mesmo. O litro de álcool vendido pela Rodopetro custa, em média, R$ 0,35 menos que o distribuído por suas concorrentes. Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, a Rodopetro, mesmo atuando apenas no Estado do Rio, já responde por 1% do mercado de distribuição de combustíveis no Brasil. Como a Rodopetro consegue?

Se a resposta tivesse a ver com eficiência, seria um caso inspirador de empreendedorismo. A resposta parece ter relação com outra palavra: sonegação. Uma lei estadual de 2007, criada para evitar a evasão, determinou que as distribuidoras têm de pagar seus impostos no momento em que os combustíveis entram no Estado – a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) sobre o etanol é 24%. A Rodopetro entrou na Justiça e, em 2009, ganhou: poderia pagar o imposto no mês seguinte – como era a prática anterior à lei. Na hora de pagar, a Rodopetro simplesmente não pagava. De acordo com a Procuradoria-Geral do Estado do Rio de Janeiro, a quem cabe cobrar a dívida, o papagaio oficial está em R$ 250 milhões. Nem tudo está somado no levantamento dos procuradores. O Sindicato Nacional das Distribuidoras, que reúne as grandes do setor, estima que, desde 2009, a Rodopetro tenha ignorado R$ 70 milhões por ano em impostos, num total de R$ 350 milhões. Essa, dizem os concorrentes, é a única explicação para preços tão baixos.

Os preços praticados pela Rodopetro são semelhantes aos de outra distribuidora, a Trim. Em fevereiro deste ano, a Trim chegou a ser descredenciada pela Secretaria da Fazenda do Rio de Janeiro por “concorrência desleal e inadimplência fraudulenta”. Uma medida aprovada em dezembro passado pode levar a Rodopetro ao mesmo caminho. Os Fiscos estaduais chegaram a um acordo. Agora, cabe aos Estados decidir soberanamente quando os impostos deverão ser pagos. Em julho passado, a Fazenda do Rio baixou um decreto exigindo condições para o pagamento do ICMS no mês seguinte. A ideia era fechar o cerco à evasão. Quem não cumpre as condições tem de pagar na estrada – ou o álcool é confiscado.

Colaboração: Sindicom
Fonte: Revista Época

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Polícia recupera R$ 30 milhões ao Pará

A Polícia Civil, por meio da Delegacia de Ordem Tributária, ajudou a recuperar para o Estado do Pará mais de R$ 30 milhões. É que os envolvidos, para não serem indiciados e, consequentemente, processados penalmente, preferem pagar ou parcelar seus débitos fiscais. É o que afirma a delegada Paula Nyandra e Souza de Oliveira, titular da DOT. Essa soma em dinheiro refere-se aos anos de 2013 e 2014. “Esses valores foram recuperados durante os inquéritos policiais instaurados, apenas com a atuação da Polícia Judiciária (Polícia Civil)”, explica.

Vinculada à Divisão de Investigações e Operações Especiais (Dioe), a DOT tem por atribuição principal a investigação dos crimes tributários previstos na Lei no 8.137/90 que envolvam tributos estaduais e municipais. Essa lei define crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo. Ainda conforme a delegada, os delitos mais comuns consistem basicamente em omissões e fraudes praticadas com o intuito de reduzir ou suprimir o valor do tributo. Tais infrações são detectadas primeiramente por agentes da Secretaria de Estado de Fazenda (Sefa) no momento de uma fiscalização que resulta na lavratura de um Auto de Infração e Notificação Fiscal (AINF).

A partir de então, o contribuinte pode se defender administrativamente, impugnando o AINF. A policial civil diz ser importante salientar que, na maioria dos casos, o crime só passa a existir após a finalização do processo administrativo fiscal e inscrição do crédito tributário em dívida ativa, em atendimento à Súmula Vinculante número 24 do Supremo Tribunal Federal, que exige o lançamento definitivo do tributo para os crimes previstos na lei número 8.137/90 para que se inicie a persecução penal. “A investigação consiste basicamente em identificar e localizar as pessoas que compunham o quadro societário da empresa autuada na época do período fiscalizado. O intuito é descobrir a quem cabia à gerência da sociedade, pois, em crimes desse tipo, respondem por eles aqueles que na prática conduziam os negócios”, diz Paula Nyandra.

Os investigados são informados que, no caso de pagamento integral do débito fiscal, extingue-se a punibilidade. “E, no caso de parcelamento, ocorre a suspensão da pretensão punitiva. Dessa forma, a Delegacia de Ordem Tributária ajudou a recuperar para o Estado do Pará, por meio de seus inquéritos, nos anos de 2013 e 2014, mais de R$ 30 milhões”, reforça. A Delegacia de Ordem Tributária é uma unidade especializada cuja circunscrição de atuação é todo o Estado do Pará. “Assim, pode-se imaginar que sua demanda é enorme, pois não são poucas as requisições do Ministério Público com base nas autuações procedidas pela Sefa. Dessa forma, a maior dificuldade está em atender esta demanda, já que nosso quadro funcional é pequeno. Procuramos otimizar os trabalhos, priorizando os casos que envolvem créditos tributários mais elevados”, destaca a delegada.

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Fonte: Portal O Liberal

Passeio de nota fiscal 2.0

Fonte: Info Exame (São Paulo – SP) – 22/05/2012

São Paulo – O manicômio tributário brasileiro oferece um vasto espaço para a atua­ção de sonegadores. Apenas no que diz respeito ao imposto sobre circulação de mercadorias e serviços (ICMS), cada estado tem sua própria legislação, com um total de 3.500 normas em constante mutação.

Nos últimos anos, esse emaranhado se complicou ainda mais com o agravamento da guerra fiscal entre estados e municípios para atrair empresas e aumentar sua arrecadação. É fácil entender o apetite pelo ICMS. A arrecadação do imposto aumentou 33% desde 2009 e se aproximou de 300 bilhões de reais no ano passado.

A principal arma utilizada na guerra é a oferta de redução no tributo. Como resultado, vigoram no país mais de 40 alíquotas diferentes de ICMS, variando de 4% a 25%. E o que poderia ser bom — pagar menos imposto — se tornou um campo fértil para o crime.

O golpe mais aplicado é o passeio da nota fiscal. Há alguns anos, os golpistas elaboravam uma verdadeira engenharia logística para fraudar: partindo de um estado produtor, as mercadorias viajavam para estados com tributo menor. O passeio servia para esquentar a nota, registrando o produto como se tivesse sido produzido no estado que cobra menos imposto.

Depois, o bem voltava ao ponto de partida, geralmente São Paulo, para ser consumido. Com a criação da nota eletrônica, um clique no computador passou a ser suficiente para emitir o documento — são 180 milhões por mês no país. E aí nasceu o passeio 2.0: a nota fiscal cumpre virtualmente o trajeto para outros estados, mas o produto não sai do lugar.

Para simular que algo foi produzido num estado distante, basta enviar a nota para lá e depois fazer o inverso. Por mágica, o produto “muda” de origem. “A diferença de ICMS induz o desonesto a simular um destino fictício”, diz Clóvis Panzarini, ex-coordenador da Secretaria da Fazenda paulista.

Embora alguns estados e algumas empresas possam ter ganhos com a fraude, a economia do país só tem a perder. “A guerra fiscal promove distorção nas decisões de investimento, eleva custos e prejudica as empresas que andam dentro da lei”, diz o economista Paulo Rabello de Castro.

Para tentar acabar com a guerra, o governo federal discute com estados a unificação das alíquotas interestaduais — hoje elas são de 7% e 12%. Mas a negociação deve demorar. Enquanto isso, o passeio de nota viceja, como mostram três exemplos a seguir, nos mercados de etanol, medicamentos e aço.

Etanol

Desde 2007, para evitar fraudes, o governo determinou que as 16 refinarias do país centralizassem o recolhimento de impostos sobre a gasolina e o óleo diesel. O etanol, porém, por ser produzido em centenas de usinas, ficou de fora — e se tornou o alvo preferido de distribuidores desonestos.

Os fraudadores criam distribuidoras em estados como Goiás, onde a alíquota do ICMS é inferior à de São Paulo, o principal estado produtor. “O esquema é montado com uma empresa legalmente constituída, mas em nome de laranjas”, diz Alísio Vaz, presidente do sindicato das distribuidoras de combustíveis.

A empresa serve apenas para simular a passagem do etanol e emitir a nota fiscal eletrônica, obtendo o benefício do imposto menor. Mas só a nota viaja a Goiás. O combustível segue direto do produtor para postos que participam do esquema e que, assim, oferecem etanol a preço baixo — tirando clientes dos concorrentes que atuam na legalidade.

A fraude, porém, não termina no passeio da nota. Com o tempo, os fraudadores passam a sonegar todos os impostos. Quando são multados, abandonam a distribuidora e recomeçam com o nome de outro laranja. Sete empresas estão atualmente sob investigação — a Agência Nacional do Petróleo não divulga quais são.

Medicamentos

os medicamentos são um dos produtos mais afetados pelo passeio de nota fiscal. A existência de 82 000 farmácias dispersas pelo país — 90% delas pequenas — e as margens apertadas do setor facilitam a atuação dos picaretas, pois ganhos no imposto podem aumentar o lucro dos comerciantes.

As fraudes com remédios são antigas, mas recentemente incorporaram a tecnologia. Até três anos atrás, a carga e a nota fiscal de papel faziam um bate-volta: viajavam de estados que são produtores, como São Paulo e Rio de Janeiro, onde o ICMS é mais pesado, até, por exemplo, o Distrito Federal, que cobra um tributo menor.

Depois, a carga voltava à origem para ser vendida. Agora, com um clique no computador, é emitida a nota eletrônica como se a carga tivesse cumprido o mesmo trajeto. O novo esquema é chamado de carrossel: a nota faz uma volta para chegar ao mesmo lugar e a carga fica parada. “A diferença de alguns pontos percentuais incentiva o passeio de notas no atacado”, diz Ronaldo de Carvalho, dono da rede Drogaria São Paulo.

Aço

Longe de diminuir, a guerra fiscal entre os estados tem evoluído com novos formatos. O que ganhou mais espaço recentemente foi a oferta de  benefícios fiscais específicos para produtos importados. Em portos como Itajaí, em Santa Catarina, e Vitória, no Espírito Santo, isso passou a ser feito para atrair cargas vindas do exterior e destinadas a outros estados.

Assim, um produto que vai ser vendido em São Paulo, em vez de desembarcar em Santos, utiliza um terminal de um estado que cobra ICMS menor. As empresas que desembaraçam seus produtos importados nesses portos pagam uma pequena parcela de ICMS ao estado e recebem um crédito tributário como se tivessem recolhido integralmente o imposto.

A diferença é cobrada do estado de destino e se transforma em lucro. No mercado de distribuição de aço, esse novo cenário da guerra fiscal está propiciando mais uma trambicagem: o passeio de nota fiscal internacional. Distribuidores desonestos passaram a simular que cargas de produtos brasileiros vieram de países como China ou Itália.

Mas, na realidade, apenas a nota fiscal foi emitida eletronicamente como se o aço tivesse origem no exterior. Com a operação, os enganadores conseguem vender aço a preço até 8% mais barato que a média do mercado, o equivalente a 224 reais por tonelada.

“Dependendo do crédito tributário obtido pelo distribuidor no porto, a vantagem em relação ao preço do meu produto chega a 12%”, afirma um empresário do setor que pediu anonimato. A solução para acabar com esse tipo de golpe está em discussão no Senado: definir uma alíquota única de ICMS para os bens importados.

“A guerra dos portos patrocinada por alguns estados exige uma solução urgente para acabar com fraudes como o passeio de nota internacional”, diz Marco Polo Lopes, presidente do Instituto Aço Brasil.

Sefaz anuncia reforço no combate ao tráfico e à sonegação no Ceará

Fonte: G1 (Rio de Janeiro – RJ) – 21/05/2012

Uma das operações especiais começa já nesta terça-feira (22).

Além de scanners para visualizar cargas, fiscais vão a divisas e festas.

A Secretaria da Fazenda do estado do Ceará (Sefaz) anunciou que vai reforçar o combate à sonegação fiscal, ao tráfico de drogas e de armas. A Sefaz apresentou nesta segunda-feira (21) os equipamentos que vão ser usados em operações especiais, que começam a ser postas em prática nesta terça-feira (22).  Segundo o secretário da Fazenda do estado, Mauro Filho, a primeira das operações especiais vai se chamar “varredura”, que começa nesta terça-feira (22), e vai até o final de setembro.

Segundo o secretário, cem auditores, distribuídos pelo estado, vão reforçar a fiscalização nos seguintes pontos: Cais do porto e porto do Pecém, aeroporto de Fortaleza e antigo terminal, aeroporto de Juazeiro do Norte, centro de triagem dos correios de Fortaleza, Juazeiro do Norte e Sobral e postos fiscais de divisa.

A segunda operação recebeu o nome de “balada” pois vai acompanhar a distribuição de bebidas em festas e grandes eventos na capital. As operações contam com o apoio de órgãos como a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), Receita Federal, Polícia Federal, Ministério Público e Secretaria de Segurança Pública. “Esse equipamento servirá no combate efetivo ao tráfico de armas e de drogas no estado do ceará”, avaliou o secretário de segurança pública do estado, Francisco Bezerra.

Para reforçar a fiscalização, foram investidos R$ 15 milhões na compra de equipamentos do tipo scanner que mostram, na hora, o peso e a natureza das cargas transportadas por caminhões pelo estado.

A ideia é diminuir o tempo de fiscalização e aumentar o percentual de 12% para 100% de veículos vistoriados, segundo a Sefaz. O primeiro scanner já funciona em Tianguá, na região da Ibiapaba, e o segundo deve ser instalado até agosto, no município de Penaforte, no Sul do Ceará. Depois, a tecnologia segue também para o Crato, na região do Cariri, e Aracati, no litoral Leste do Ceará.

Além desses quatro pontos fixos, um scanner móvel ficará à disposição para onde houver
denúncias. Na parte interna do scanner móvel, além de seis câmeras de segurança que ficam ao redor do veículo, tem também uma que faz o raio x de todo e qualquer caminhão que entra e sai do estado.

O operador do scanner, Adriano Rocha, mostra como funciona. “Através desse tipo de sistema, a gente consegue distinguir a carga orgânica da inorgânica. Além de outros tipos de mercadoria, que podem estar em contradição com a nota fiscal ou algo do tipo”, explicou.

O objetivo do scanner móvel é evitar a fuga por rotas alternativas, já que o destino dele não é revelado. O secretário da Fazenda acredita no ganho com as novas tecnologias. “Esse equipamento dá uma eficiência incomparável no estado do Ceará. Há a impossibilidade de você entrar com mercadorias diferentes daquelas que estão especificadas na nota fiscal”, afirmou.

Cervejaria é alvo de operação contrasonegação fiscal no interior de SP

Fonte: RJTV, Bom Dia Rio, Globo Comunidade (Rio de Janeiro – RJ) -16/05/2012

Empresa teria deixado de recolher mais de R$ 600 milhões aos cofres.

Grupo Petrópolis diz que vai auxiliar nas investigações.

A Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, o Ministério Público, a Polícia Civil e a Polícia Militar deflagraram nesta quarta-feira (16) a Operação Czar na região de Sorocaba (SP). A ação tem como objetivo combater crime contra ordem tributária, além de outros ilícitos supostamente cometidos por empresas que fazem parte de um grande grupo econômico que opera no segmento de bebidas e é responsável pelas marcas Crystal, Itaipava, Lokal e Petra.

Foram mobilizados cerca de 80 agentes públicos dentre os quais promotores do Ministério Público, agentes fiscais de rendas da Secretaria da Fazenda e policiais das Polícias Civil e Militar do Estado de São Paulo. Os agentes vão cumprir mandados de busca e apreensão em uma cervejaria do Grupo Petrópolis. A empresa fica localizada na cidade de Boituva (SP). A assessoria de imprensa do grupo emitiu nota sobre o assunto e diz que vai auxiliar nas investigações.

Com esta operação, pretende-se reunir evidências que permitirão comprovar as irregularidades e identificar os responsáveis. Caso se confirme que todas as operações de transferência foram simuladas, o grupo econômico teria deixado de recolher mais de R$ 600 milhões aos cofres do Estado de São Paulo no período de 2006 a 2011.

Segundo as investigações, a principal empresa paulista do grupo estaria sonegando o ICMS devido por substituição tributária através da realização de operações simuladas de transferências de bebidas entre o estabelecimento paulista e uma de suas filiais, localizada em outro Estado.

Sendo fabricante de um produto sujeito à substituição tributária (situação em que um estabelecimento, normalmente a indústria, recolhe antecipadamente todo o ICMS da cadeia produtiva), a empresa deveria recolher tanto o ICMS próprio, devido por suas operações, como o incidente nas demais etapas da circulação da mercadoria ao Estado, isto é, o imposto das vendas no atacado e no varejo.

O objetivo da simulação era evitar o recolhimento do imposto por substituição tributária e que seria devido ao suposto estado de destino.

As investigações tiveram início em 2011 e suspeita-se que inúmeras distribuidoras de bebidas dentro e fora do estado de São Paulo seriam, na verdade, controladas, de fato, pelo próprio grupo econômico, de modo a dissimular sua participação no esquema fraudulento.

Documentos apreendidos em cervejaria seguem para análise

Fonte: SPTV, Bom Dia São Paulo, Antena Paulista (São Paulo – SP) – 16/05/2012

A empresa é investigada por suspeita de sonegação fiscal.

Diretores do grupo informaram que irão auxiliar as investigações.

Documentos apreendidos na cervejaria do Grupo Petrópolis em Boituva (SP) deverão ser analisados pelo Ministério Público de Sorocaba e Secretaria da Fazenda. O material foi recolhido durante a Operação Czar para cumprir mandados de busca e apreensão no centro de distribuição e na fábrica. Com isso, a unidade parou de funcionar e trabalhadores foram dispensados.

A ação mobilizou agentes da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, do Ministério Público, Polícia Civil e Polícia Militar, que passaram o dia recolhendo os documentos e fazendo copias das memórias dos computadores. O material poderá comprovar a fraude.

De acordo com o promotor Welington Veloso, representante do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), uma vez analisados esses documentos e se comprovada a sonegação, devem ser lavrados os autos de infração. “A partir daí haverá a instauração de um processo administrativo e, só depois do final desse processo administrativo e fiscal, é que poderá ser analisada a eventual responsabilidade criminal dos envolvidos”, afirma.

SP investiga Petrópolis por suspeita de sonegação

Fonte: Valor Econômico (São Paulo – SP) – 17/05/2012

O grupo Petrópolis, que produz as cervejas Itaipava, Crystal e Petra, entre outros rótulos, está sendo investigado por suspeita de sonegação fiscal. A Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo calcula que a cervejaria tenha deixado de pagar cerca de R$ 600 milhões em Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) nos últimos cinco anos.

Segundo as investigações, iniciadas no ano passado, a sonegação fiscal ocorreria na apuração do imposto na forma de substituição tributária. Por meio desse tipo de recolhimento, obrigatório para alguns setores, uma única empresa recolhe o ICMS antecipadamente por toda a cadeia de produção. No caso do setor de bebidas, por exemplo, a fabricante recolhe o imposto pelos distribuidores e revendedores. O objetivo do sistema é evitar a sonegação fiscal. Segundo informações da Fazenda, a Petrópolis teria simulado a transferência de bebidas comercializadas em unidades paulistas para suas filiais localizadas em outro Estado.

Ontem, cerca de 80 fiscais da Fazenda de São Paulo, Ministério Público e polícias Civil e Militar cumpriram mandados de busca e apreensão em estabelecimentos do grupo e em distribuidoras de bebidas na região de Sorocaba, interior de São Paulo. A ação foi batizada de “Operação Czar”.

A Petrópolis informou, por nota assinada por seu diretor jurídico Fernando Jacob Filho, que “manifesta total tranquilidade e a certeza de sua conduta correta em relação aos tributos de qualquer origem. Desde o primeiro momento, a empresa colabora com as investigações e abriu suas portas para a investigação consciente de sua conduta totalmente de acordo com a legislação em vigor”. A empresa acrescentou que “este procedimento investigatório, coincidentemente, acontece no momento em que o Grupo Petrópolis anuncia a intenção de abrir uma nova unidade no Nordeste”.

Ainda conforme a Fazenda, “suspeita-se que inúmeras distribuidoras de bebidas dentro e fora do Estado de São Paulo seriam, na verdade, controladas, de fato, pelo próprio grupo econômico, de modo a dissimular sua participação no esquema fraudulento”.

Esta é a terceira vez que a cervejaria é investigada por sonegação fiscal. Em 2005, a Receita Federal e a Polícia Federal fizeram uma operação na Schincariol, suspeita de sonegar R$ 1 bilhão. As vendas teriam sido subfaturadas ou sem nota fiscal. Na ocasião, 70 pessoas foram presas, incluindo o empresário Walter Faria, presidente do grupo Petrópolis, que fazia a distribuição da Schincariol. Em 2006, durante a Operação Cerol o diretor comercial e sócio da Petrópolis, Paulo Henrique Vilela Pedras foi preso sob a acusação de sonegação fiscal.

Fisco paulista investiga dona da cerveja Itaipava

Fonte: Folha de S. Paulo (São Paulo – SP) – 17/05/2012

 Petrópolis e distribuidores teriam deixado de recolher R$ 600 milhões
Empresa diz que “foram lançadas suspeitas sem nenhuma comprovação real” e que recolheu tributos corretamente

 

A fábrica da cervejaria Petrópolis em Boituva, interior de São Paulo, e distribuidores da região foram alvo de operação ontem para investigar sonegação fiscal.

Essa é a segunda vez que o grupo Petrópolis, dono das marcas de cerveja Crystal e Itaipava, é investigado por supostos crimes contra a ordem tributária (leia ao lado).

O grupo Petrópolis disse, sobre a operação, que “foram lançadas suspeitas sem nenhuma comprovação real”.

Batizada de Operação Czar, a ação de ontem contou com 80 fiscais da Secretaria Estadual da Fazenda, promotores do grupo de combate ao crime organizado (Gaeco) do Ministério Público e policiais civis e militares.

As investigações começaram em 2011 e, pelas estimativas do fisco, o grupo Petrópolis teria deixado de recolher ao menos R$ 600 milhões em impostos.

A suspeita é que a empresa estaria sonegando ICMS ao simular transferências de bebidas entre a fábrica no interior paulista e uma filial em outro Estado, sem destacar o imposto no sistema de substituição tributária. Pelo sistema, a indústria recolhe antecipadamente todo o ICMS da cadeia produtiva.

“A empresa deveria recolher tanto o ICMS próprio, devido por suas operações, como o incidente nas demais etapas da circulação da mercadoria ao Estado, isto é, o imposto das vendas no atacado e no varejo”, diz a Fazenda, em comunicado.

“O objetivo da simulação era evitar o recolhimento do imposto por substituição tributária e que seria devido ao suposto Estado de destino.”

Em nota, o diretor jurídico do grupo Petrópolis, Fernando Jacob Filho, diz que o grupo tem “certeza de sua conduta correta em relação aos tributos de qualquer origem” e que a investigação ocorre quando “o grupo anuncia a intenção de abrir uma nova unidade no Nordeste”.