Um século de renovação

Por ETCO

Fonte: Conjuntura Econômica, 21/08/2008

Inovar é algo que já está no DNA da Souza Cruz, empresa de origem carioca, nascida em 1903, e que desde 1914 é controlada pelo grupo internacional British American Tobacco, que detém 17% de participação no mercado global, presente em 180 países.

Desde os primeiros cigarros, da marca Dalila, produzidos em lotes de cinco unidades por uma máquina considerada revolucionária no princípio do século passado, a Souza Cruz vem buscando na inovação o passaporte para manter-se na liderança do mercado.

Líder absoluta no mercado nacional de cigarros e um dos cinco maiores grupos empresariais do Brasil, a companhia, que atua em todo o ciclo do fumo, desde a produção e processamento das folhas até a fabricação e distribuição de cigarros, comemora mais um ano de crescimento.

A Souza Cruz fechou 2007 com um volume total de 78,8 bilhões de cigarros comercializados, sendo 0,8% superior aos 78,2 bilhões obtidos em 2006. A participação de mercado apresentou um crescimento de 0,5 ponto percentual em relação a 2006, alcançando 60,9% do mercado brasileiro, em um ano que o consumo total de cigarros permaneceu relativamente estável.

“Esse desempenho decorre principalmente da queda do volume de cigarros no mercado ilegal, devido às ações das autoridades na repressão às empresas que comercializam o produto sem o pagamento de tributos, associada à expansão da estrutura de vendas e distribuição e de melhor foco no segmento de marcas Premium”, explica Dante Letti, presidente da Souza Cruz.

Em 2007, a receita bruta cresceu 14,5%, passando de R$ 8,7 milhões, em 2006, para mais de R$ 9,9 milhões. O lucro operacional consolidado antes do resultado financeiro foi de R$ 1,2 milhão, 14% superior ao registrado no ano anterior (R$ 1,1 milhão). E o lucro líquido de R$ 908,1 milhões foi 10,2% superior aos R$ 824,1 milhões registrados em 2006.

“Os principais fatores responsáveis por esse crescimento foram o aumento do resultado operacional e o resultado financeiro positivo de R$ 54,6 milhões (em 2006, R$ 23,9 milhões), decorrentes principalmente das receitas com aplicações fi nanceiras e da redução de impactos negativos provocados pela desvalorização dos ativos indexados ao dólar”, afirma Dante Letti. Ele também destaca o benefício da obrigatoriedade na nota fiscal eletrônica para o setor de cigarros, válida desde 1° de abril, uma forma de combater a informalidade, que no setor chega a 28,7% dos cerca de 130 bilhões de cigarros consumidos anualmente no Brasil.

Até abril de 2009, a empresa quer inaugurar o parque gráfico de Cachoeirinha do Sul, último passo de um processo de concentração iniciado em 2005 que consumiu investimentos de R$ 330 milhões. “O objetivo deste processo é capturar sinergias operacionais, obtendo maior eficiência e integração logística da cadeia de produção”, revela Dante Letti. (BC e FR)

Entre recordes e ilegalidades

O setor de fumo vem registrando recordes de vendas internas e externas, mesmo enfrentando a concorrência desleal decorrente do comércio ilegal de cigarros e ainda as campanhas antifumo, com restrição de vendas em alguns setores. De acordo com os números do Sindicato da Indústria do Fumo (Sindifumo), as exportações do setor fumageiro bateram todos os recordes em 2007. O volume de fumo exportado pela Região Sul, onde se concentra 96% da produção nacional (os 4% restantes vêm da Bahia e Alagoas, no Nordeste), foram 25% superior ao do ano anterior, totalizando 700 mil toneladas e movimentando US$ 2,2 bilhões (FOB) — contra 560 mil toneladas e um faturamento de US$ 1,72 bilhão (FOB), em 2006. “Entre os fatores que contribuíram para este desempenho estão a qualidade da safra, bem como a venda de boa parte dos estoques remanescentes de safras anteriores”, explica Iro Schünke, presidente do Sindifumo.

As vendas externas na última década formam uma linha ascendente: cresceram, em volume, nada menos do que 140% desde 1998, quando o país exportou 291 mil toneladas a um valor de US$ 960 milhões. A qualidade e integridade do fumo brasileiro, aliada à garantia de fornecimento e, principalmente, sustentado pelo Sistema Integrado de Produção (SIP) é que asseguraram este resultado, segundo o dirigente. “O Brasil é o maior exportador mundial do produto, além do segundo maior produtor”, afirma Schünke. O Brasil exporta para cerca de 100 países — a Europa é o principal mercado, absorvendo 45% das vendas externas brasileiras.

“O Sistema é uma forma consolidada de operação, que serve como modelo para outras culturas e também para outros países”, diz Iro Schünke. O sistema alicerça o agronegócio do fumo, presente na economia de 780 municípios da Região Sul do Brasil. Por meio do SIP, as empresas regulam o volume da safra de acordo com as necessidades ao mesmo tempo em que asseguram a qualidade e integridade do produto final.

Para o presidente do Sindifumo, a vantagem deste sistema está refletida em números do setor: nas últimas duas décadas, ele incorporou mais de 70 mil famílias de pequenos produtores rurais na atividade, que hoje totalizam 182 mil nos três estados do Sul. E a área plantada e do volume de produção aumentaram mais de 100% no mesmo período.

No entanto, a indústria de fumo enfrenta ainda o mercado ilegal de cigarros brasileiro: o país está em quarto lugar em vendas da América Latina. A indústria formal é atingida diretamente pelo contrabando, a falsificação e a sonegação — o produto é fabricado no país de forma clandestina, sem pagamento de tributos. Além da evasão fiscal, o setor sofre com o deságio entre os preços no mercado informal e a prática de elevada margem na cadeia de distribuição. O preço médio praticado no mercado ilegal apresenta deságio de cerca de 50% em relação ao legal. (BC e FR)