Economia informal no Brasil movimenta R$ 578 bilhões, mais que PIB argentino

Por ETCO

Autor: Lino Rodrigues

Fonte: O Globo (RJ) – 22/07/2010

Peso do setor, porém, caiu de 21% para 18% de tudo que é produzido no país.

SÃO PAULO. A economia subterrânea ou informal movimentou R$ 578 bilhões no ano passado, ou 18,4% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e riquezas produzidas) brasileiro.

O valor é superior ao tamanho do PIB da vizinha Argentina (cerca de R$ 560 bilhões), e corresponde a toda produção de bens e serviços que não passaram pelos mecanismos de controle do governo. Medido com base nos números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) sobre mercado de trabalho informal e na renda gerada por esse emprego subterrâneo, o índice foi divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (Etco) e pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

Desde que começou a ser apurado, em 2003, pela FGV, a taxa vem registrando quedas sucessivas. Nesses seis anos, período que corresponde ao governo Lula, o índice caiu de 21% do PIB para os atuais 18,4%. Em valores, o dinheiro movimentado pela economia informal no país passou de R$ 357 bilhões para R$ 578 bilhões.

O peso da economia subterrânea no Brasil, de 18,4%, é considerado alto se comparado a países desenvolvidos, que apresentam taxas de até 10% — caso dos Estados Unidos. Mas é bem menor que a maioria dos países em desenvolvimento, onde a economia informal responde por 30% a 40% de tudo que é produzido no país.

Crescimento da economia foi ‘santo remédio’ diz FGV Na avaliação do pesquisador Fernando de Holanda Barbosa Filho, responsável pelo estudo, a redução da informalidade no Brasil nos últimos seis anos tem relação direta com o crescimento da economia brasileira. A partir do que ele chamou de “círculo virtuoso” as empresas passaram a dar mais importância à formalização no mercado de trabalho. Além disso, a expansão do volume de crédito no país serviu de incentivo para os trabalhadores exigirem o registro em carteira.

— Sem comprovação de renda na carteira, eles não conseguiriam ter acesso a esse crédito — afirma Barbosa Filho, lembrando que, no lado empresarial, o efeito foi semelhante: com o consumo crescente, as empresas precisaram da formalização para ter acesso ao crédito nos bancos privados e públicos.


— O crescimento da economia acaba sendo um santo remédio — resume Luiz Schymura, diretor do Ibre.

Já o presidente do Etco, André Franco Montoro Filho, acredita que, caso se confirme as previsões de um crescimento do PIB em torno de 7% este ano, o peso da economia subterrânea deve registrar nova queda em 2010.


Para ele, a informalidade, além de manter relações com o crime organizado, traz prejuízos diretos para a sociedade, reduz o potencial de expansão da economia brasileira e inibe o investimento das empresas.