Seminário discute a informalidade no mercado de remédios no Brasil

Por ETCO
19/10/2011

O Globo Online – 17/10/2011

A compra de medicamentos sem receita é praticada por um quinto da população brasileira. O dado alarmante é parte de uma pesquisa do Ibope divulgada na manhã desta segunda-feira no seminário “A informalidade e seus impactos na sociedade”, realizado na sede do GLOBO pela Interfarma – Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa, com a participação de especialistas da área de combate à pirataria. De acordo com a pesquisa, o hábito dos brasileiros de adquirir remédios sem ir ao médico é ainda mais comum nas capitais e na região Nordeste, onde 24% dos entrevistados pelo Ibope admitiu não apresentar a receita médica na fármacia.

Essa realidade foi um dos assuntos mais comentados pelos debatedores presentes ao seminário, que revelou ainda o índice de brasileiros que admitem comprar medicamentos em camelôs: o grupo soma 6% da população. Na Região Norte, o número chega a 18%.

Para abrir as análises sobre os efeitos da informalidade na economia do país e na saúde da população, foi convidado o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Ele destacou a necessidade de se investir em ações pedagógicas junto à população:

– Precisamos identificar, por exemplo, porque o brasileiro compra um medicamento pirata e fazer um trabalho de conscientização sobre os riscos desse hábito.

Já o presidente do Fórum Nacional contra a Pirataria e Ilegalidade, Edson Vismona, mostrou como o mercado ilegal prejudica os consumidores e os produtores – que perdem mercado -, além de aumentar a sonegação. Participaram ainda do primeiro bloco de debates o presidente do Conselho Nacional de Combate à Pirataria e Delitos contra a Propriedade Intelectual, Paulo Pires Junior; e o presidente executivo do Instituto brasileiro de Ética Concorrencial (Etco), Roberto Abdenur.

A segunda parte do seminário foi aberta pelo convidado internacional Scott La Ganga, diretor executivo da organização americana The Partnership for Safe Medicines. Ele relatou a experiência no combate aos remédios falsificadas nos Estados Unidos e em outros países onde a organização atua, destacando a importância da cooperação entre governos, agências reguladoras e iniciativa privada. Depois dele foi a vez de o diretor presidente da Anvisa, Dirceu Barbano, apresentar suas considerações sobre o tema. Segundo ele, os remédios que mais sofrem falsificação no Brasil são os que combatem a disfunção erétil, os anabolizantes, emagrecedores, medicamentos para aborto e os fitoterápicos. O dado mais alarmante apresentado no seminário, para Barbano, é o número de brasileiros que compram medimentos sem receita.

– Um país em que 70% dos remédios são vendidos sem receita médica está mais vulnerável a esse mercado de medicamentos de origem duvidosa. Pelas nossas apreensões, percebemos que a maior parte desses remédios chega aos consumidores pelas farmácias, que podem receber o produto dos distribuidores ou revender cargas roubadas, por exemplo – afirma Barbano.

O último convidado do seminário foi o senador Humberto Costa (PT/PE), que apresentou seus projetos de lei para coibir a falsificação de medicamentos no país.