Três perguntas para André Franco Montoro Filho

Por ETCO
03/02/2012

 

André Franco Montoro Filho, Conselheiro Consultivo do ETCO, fala sobre economia subterrânea, simplificação do sistema tributário e cultura das transgressões, alguns dos projetos que capitaneou nos 4 anos em que foi presidente-executivo do Instituto.


1.   Na condição de ex-presidente e atual Conselheiro Consultivo do ETCO e um dos idealizadores do Índice de Economia Subterrânea, como o Sr. vê o movimento de queda da informalidade para 17,2% apontada pelo estudo?

Desde 2003, de acordo com as estimativas do IBRE/FGV, o tamanho relativo da economia subterrânea no Brasil vem se reduzindo, ou seja, a economia formal cresce mais que a informal. Este é um bom resultado. Entretanto, em termos absolutos, a economia subterrânea continua crescendo, o que é preocupante. Assim, estes resultados, de um lado, mostram que o trabalho do ETCO e de outras instituições tem sido eficaz, mas, de outro lado, indicam que há muito a fazer.

2.    A simplificação e racionalização do sistema tributário sempre foi uma das mais importantes bandeiras do ETCO, desde a sua fundação. Em sua opinião, quais são os principais obstáculos para o avanço desse processo e quais os meios mais eficientes para sua implantação?

Há um ditado que diz “se você encontrar um jaboti em uma árvore ou é enchente ou é mão de gente, pois jaboti não sobe em árvore”. A complexidade do sistema tributário é mão de gente. Gente que continua ocupando postos importantes no governo e nas empresas e que tem conseguido manter dispensáveis exigências, pois estas lhes dão poder.

3.   A modernização institucional, o vigor da economia e a queda da informalidade são aspectos positivos que, todavia, ainda convivem com a cultura das transgressões, que traz na sua esteira um dos principais males da sociedade brasileira: a corrupção. Dentro deste cenário, qual a sua visão sobre o Brasil atual a para onde ele deve caminhar em 2012?

Corrupção é uma modalidade radical de transgressão. A percepção generalizada de aumento da corrupção e da impunidade dos corruptos é alarmante por causa de seus efeitos perversos sobre o comportamento econômico e social. Não é possível construir uma nação a partir da transgressão.