Três perguntas para Roberto Faldini

Por ETCO
17/05/2012

O conselheiro consultivo do ETCO Roberto Faldini fala sobre governança corporativa, principalmente, nas empresas familiares. Diretor da FIESP/CIESP, Faldini é membro do Instituto Brasileiro da Governança Corporativa e do Núcleo da Empresa Familiar (IBCG) – e da rede Ampliar da Fundação Dom Cabral.

 

Quais são os passos fundamentais para uma transição eficiente e sem grandes impactos durante um processo de transformação de uma empresa familiar em uma companhia de capital aberto?

 

Esta pergunta nos leva a uma reflexão sobre a definição do que é considerada uma empresa familiar. No Brasil ou no exterior, existem empresas familiares de controle acionário de uma ou mais famílias, que tanto podem ser de capital fechado quanto de capital aberto, com suas ações geralmente negociadas nas bolsas de valores. O grande desafio para uma empresa que visa crescer sustentadamente é o grau como ela é gerida de forma profissional e ética. Assim, o passo fundamental para uma transição eficiente é a capacidade de transformar uma administração que ainda não comunga com princípios da boa governança corporativa, em uma gestão – mesmo que de controle familiar, aberta ou fechada – onde prevaleçam a transparência, a equidade, a prestação de contas e a responsabilidade corporativa, que inclui a ética em seu mais amplo sentido.

Uma gestão que mescle membros da família com executivos recrutados de fora é uma forma de fortalecer a governança corporativa de uma empresa? Essa é uma realidade atual do mercado?

 

A administração de uma empresa, não importa se tem controle familiar ou não, deve ser gerida de forma profissional e ética. Em outras palavras, no caso de uma empresa de controle familiar, não necessariamente devemos excluir ou incluir qualquer gestor pelo fato de ser ou não da família. O mais relevante é escolher, e indicar para a gestão dos negócios, administradores que sejam realmente profissionais e éticos. Quanto à atual realidade do mercado, posso afirmar que, cada vez mais, as famílias empresárias estão se conscientizando sobre a necessidade de transpor esse desafio e, assim, buscam acelerar este processo. Caso contrário, sabem que é uma questão de tempo para passarem a fazer parte do clube dos ex-empresários.

A profissionalização das empresas familiares requer o estabelecimento de políticas internas e código de ética. É possível aproveitar este dispositivo para  disseminar a cultura da ética concorrencial e conscientizar sobre os benefícios em relação ao uso de estruturas regularizadas, que as diferenciará no ambiente global de negócios?

 

Sem dúvida, o estabelecimento de políticas internas transparentes, que tratem com equidade os colaboradores, os acionistas e as demais partes interessadas, e que se pautem por um código de conduta que seja cumprido por toda a organização, é uma das formas reais de se promover a profissionalização da empresa. Este também é o passo fundamental e necessário para se disseminar a cultura da ética concorrencial e conscientizar todos sobre os benefícios em relação ao uso de estruturas regularizadas, que as diferenciem no ambiente global de negócios.