Algo a comemorar, muito a fazer

Cresce e se consolida a economia brasileira. Não obstante, temos ainda muito a fazer para reduzir aquele nível de atividades que não está nos registros oficiais, que está à margem da economia formal. Chama-se a isso de economia subterrânea, aquela que não aparece na superfície formal, não paga impostos, taxas nem tributos. E, naturalmente, prejudica o desenvolvimento econômico de um país e compromete as relações de trabalho e o ambiente de negócios.

A informalidade traz prejuízos diretos para a sociedade, ao criar um ambiente de transgressão e estimular o comportamento econômico oportunista, com queda na qualidade do investimento e redução do potencial de crescimento da economia. Além disso, provoca a contração dos recursos governamentais destinados a programas sociais e a investimentos em infraestrutura.

Difícil saber o tamanho exato da economia subterrânea, mas é possível  estimá-lo, dele ter uma ideia aproximada. Em 2006, a pedido do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO), o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE-FGV) desenvolveu um método de estimar o tamanho dessa economia. Esse trabalho vem sendo feito desde então, com análise retrospectiva, chegando até 2003. Como resultado disso, em 2003 a estimativa apontou que a economia subterrânea chegava a 21% do PIB brasileiro, um valor de R$ R$ 570 bilhões.

De 2007 a 2009, a estimativa mostrou que o tamanho da economia subterrânea ficou no patamar médio de 19%, ou seja, em torno de R$ 640 bilhões, o que correspondia ao tamanho da economia da vizinha Argentina, ou duas vezes a economia do Chile. Nesses anos, registrou-se uma certa estabilização do índice, que crescia em ritmo próximo ao do  PIB. Já se considerava um bom indício o fato de a economia subterrânea não crescer relativamente ao PIB. Nos países desenvolvidos da Europa, por exemplo, a economia subterrânea gira em torno dos 10% do PIB. Por outro lado, há países do Terceiro Mundo em que se estima algo como 40% da economia à margem da formalidade. Assim, uma média de 19% já não era tão ruim.

Contudo, cresce e se consolida a economia brasileira. E a boa notícia é que esse índice baixou em 2011. O índice de 2010 indicou que o tamanho da economia subterrânea estava menor em relação ao PIB, baixando para o patamar de 17%. Mais precisamente, 17,7%, ou R$ 651,7 bilhões. A porcentagem diminuiu, embora seu valor em reais fosse maior, porque também o PIB cresceu, cenário per si alvissareiro. Portanto, um avanço em todos os sentidos. Não somente porque a economia brasileira vem crescendo consistentemente, como a parte não declarada desse produto vem se contraindo.

A previsão para 2011, com base nessa tendência de queda, é de 17,2% do PIB, ou R$ 613 bilhões. Essa comprovação depende dos resultados finais do ano que ainda serão divulgados no primeiro semestre do ano que vem.

De que consiste, afinal, a economia subterrânea? Seria “simples” se toda a economia subterrânea viesse de atividades 100% paralelas. Mas uma parte da economia formal também guarda suas informalidades. No caso de sonegação de impostos, por exemplo, existe uma linha tênue de variações. Tanto profissionais quanto empresas exercem parte de suas atividades na legalidade e parte na informalidade, ainda que por circunstâncias diversas. As expressões “por fora” ou “caixa dois” retratam claramente o que se faz para repartir o formal do informal.

Por essa razão, o esforço tem sido no sentido de esclarecer a população da importância de que a circulação de bens e serviços aconteça dentro de um processo formal e regular, dentro da economia e não por fora dela. Mas a conscientização é apenas um primeiro passo, e sabemos que as mudanças ocorrem quando há mais do que isso. Ocorrem quando há uma pressão ou uma necessidade real de mudança.

A queda no índice de 2011 mostra que houve uma real necessidade de mudar a relação de trabalho e valorizar a formalização do emprego. Uma das explicações para isso é, sem dúvida, o acesso ao crédito. Em um contexto de estímulo ao consumo por meio de linhas de crédito, a exigência de comprovações de renda formal para obtenção de financiamento acaba estimulando a formalização do emprego. Ao mesmo tempo, o empregado com carteira assinada acaba percebendo a maior segurança em não adquirir produtos informais e se torna mais sensível ao apelo e às vantagens da formalização. Isso pode levar, pelo menos para os otimistas, a um círculo virtuoso da economia.

A própria globalização tem sido uma mola propulsora nesse sentido, já que exportação e importação exigem documentações de todos os tipos. A modernização institucional do Brasil também contribui, estimulando a livre concorrência dentro de mecanismos de mercado legítimos em todos os sentidos. O crescimento econômico, o aumento da formalidade no emprego, a redução da economia subterrânea e uma rara confiança no futuro do Brasil formam cenário auspicioso. É dever dos poderes públicos e autoridades, como, de resto, de toda a sociedade, manter um olhar crítico e constante sobre essa questão. É o momento de nos apossarmos deste salutar avanço da economia brasileira e dar continuidade a uma política econômica que tem contribuído para colocar o Brasil na direção de níveis mais elevados de desenvolvimento.

Roberto Abdenur é presidente executivo do ETCO

 

Arquivos de áudio

Entrevistas e notícias

2014

27/05/2014 – Rádio CBN
Ouça a entrevista com o Presidente Executivo do ETCO Evandro Guimaraes, concedida ao Jornalista MILTON JUNG no Jornal da CBN hoje, dia 27 de maio – 7h

2013

06/06/2013 – Rádio Nacional de Brasília
Ouça a entrevista de Roberto Abdenur à Rádio Nacional de Brasília sobre o Ciclo de Debates 10+10

2012

27/11/2012 – Rádio CBN – IES
Roberto Abdenur fala à CBN sobre Índice de Economia Subterrânea

O Presidente Executivo do ETCO – Roberto Abdenur, cedeu uma entrevista à Rádio CBN no dia 18/12/12 onde fala sobre o Índice de Economia Subterrânea e a estagnação de seus resultados no último estudo realizado.

 

27/11/2012 – Rádio Jovem Pan – Economia Informal
Jornal da Manhã: Índice de Economia Subterrânea

No programa Jornal da Manhã os apresentadores Roberto Muller e Leonardo Muller falam sobre o Índice de Economia Subterrânea realizado pela FGV e Instituto ETCO

 

27/11/2012 – Rádio Jovem Pan – IES
Jornal da Manhã: Índice de Economia Subterrânea

No programa Jornal da Manhã os locutores Roberto Muller e Leonardo Muller apresentam dados do Índice de Economia Subterrânea realizado pela FGV e Instituto ETCO

 

27/11/2012 – Rádio CBN – IES 0:20
CBN fala sobre Economia Informal

O jornal da CBN comenta sobre alguns números apresentados no Índice de Economia Subterrânea realizado pela FGV e Instituto ETCO

 

27/11/2012 – Rádio CBN – IES 1:28
CBN fala sobre Economia Informal

Durante o programa Repórter CBN são apresentados dados obtidos no levantamento do Índice de Economia Subterrânea realizado pela FGV e Instituto ETCO

 

27/11/2012 – Rádio Band News
Band News: Economia Informal movimenta 17% do PIB nacional

Na Band News os apresentadores conversam sobre Economia Informal e sobre o Índice de Economia Subterrânea realizado pela FGV e Instituto ETCO

 

 

27/01/2012 – Entrevista do presidente do ETCO, Roberto Abdenur, à Rádio Jovem Pan sobre práticas ilegais no setor de combustíveis – Este arquivo de áudio também está disponível aqui em formato Windows Media (wma)

2010

28/07/2010 – Economia subterrânea – Ricardo Amorim – Rádio Eldorado

26/07/2010 – Economia informal – André Franco Montoro – Rádio Nacional DF

21/07/2010 – Índice de Economia Subterrânea – André Franco Montoro – Rádio Eldorado

21/07/2010 – Estudo da FGV sobre economia subterrânea – Rádio CBN

21/07/2010 – Economia informal movimentou 578 bilhões no Brasil (1) – Rádio Band News

21/07/2010 – Economia informal movimentou 578 bilhões no Brasil (2) – Rádio Band News

2009

02/12/2009 – São Paulo intensifica o combate à pirataria – Rádio Band News

02/12/2009 – Crise financeira favorece o crescimento da economia informal – Jovem Pan

01/12/2009 – FGV divulga o IPC-S – Economia subterrânea – Rádio Eldorado

01/12/2009 – Economia informal cresceu 0,9% sobre o PIB no 1º semestre – Rádio CBN

01/12/2009 – Cidade livre de pirataria e do comércio Ilegal – Rádio CBN

01/12/2009 – Curitiba será a primeira cidade do projeto Cidade livre de pirataria – Band News

30/11/2009 – Curitiba será a primeira cidade livre de pirataria e do comércio ilegal – Band News

04/06/2009 – Debate – Programa Gente Que Fala – Rádio Trianon

14/05/2009 – Entrevista com André Franco Montoro Filho – Rádio CBN

2008

30/09/2008 – Entrevista com André Franco Montoro Filho – Rádio Eldorado

30/09/2008 – Entrevista com André Franco Montoro Filho – Rádio Trianon

22/07/2008 – Impostos – Entrevista com André Franco Montoro Filho – Rádio CBN

04/06/2008 – André Montoro fala sobre a venda da Varig – Rádio Eldorado

17/04/2008 – Índice da Economia Subterrânea – Rádio Cultura

01/04/2008 – Entrevista com André Franco Montoro Filho – Rádio Nacional

28/03/2008 – André Franco Montoro Filho fala sobre possível elevação da taxa básica de juros que poderá ser feita pelo Banco Central – Rádio Eldorado

11/03/2008 – Entrevista com André Franco Montoro Filho – Rádio Roquette Pinto

10/03/2008 – Entrevista com André Montoro sobre a economia informal no Brasil – CBN

07/03/2008 – Entrevista com André Franco Montoro Filho – Rádio Band AM

2007

10/09/2007 – José Nêumanne – alta incidência de sonegação de impostos – Jovem Pan

16/08/2007 – Entrevista – André Franco Montoro Filho – Rádio CBN

 

Mais áudio: Spots institucionais do ETCO

Novo Presidente

O Conselho de Administração do ETCO, na pessoa do seu presidente Hoche Pulcherio, deu posse hoje, 2 de maio, ao novo presidente-executivo do Instituto, Roberto Abdenur. Ele substitui André Franco Montoro Filho que, depois de mais de 4 anos como presidente-executivo, passou a fazer parte do Conselho Consultivo do ETCO.

Pulcherio explica que “a escolha teve como principais razões a profunda experiência como homem público e a reconhecida trajetória pautada na defesa dos interesses da nação, o que, sem dúvida, será de grande contribuição aos objetivos do ETCO”.

Um dos nomes mais importantes da diplomacia brasileira do fim do século XX e início do XXI, Abdenur aceitou o desafio de comandar o ETCO em razão do que ele considera “a importante missão de defender e difundir a ética concorrencial em nosso País”. Nos seus 44 anos de carreira diplomática, Abdenur esteve à frente da Embaixada do Brasil em Washington, D.C, além de ter sido também embaixador do Brasil no Equador, na China, na Alemanha e na Áustria.