Conferência premia empresas aprovadas no Pró-Ética 2015 e debate Lei Anticorrupção

Evento da CGU teve apoio do ETCO e discutiu temas como compliance e integridade empresarial

Valdir Simão, Ministro do CGU: empresas com bom compliance sairão na frente
Valdir Simão, Ministro do CGU: “empresas com bom compliance sairão na frente”
Evandro Guimarães, presidente do ETCO, falou sobre o momento do país e a valorização dos programas de integridade
Evandro Guimarães, presidente do ETCO, falou sobre o momento do país e a valorização dos programas de integridade

A Controladoria-Geral da União (CGU), com apoio do ETCO-Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial, promoveu, no dia 9 de novembro, no Rio, a 2ª Conferência Lei Empresa Limpa. O evento debateu questões relacionadas à Lei Anticorrupção (Lei 12.846/2013) e também premiou as empresas aprovadas no Pró-Ética 2015, iniciativa da CGU e do Instituto Ethos que reconhece as organizações comprometidas com a integridade, a transparência, a prevenção e o combate à corrupção.

O presidente do ETCO, Evandro Guimarães, falou na abertura do evento sobre o momento que o Brasil está vivendo em relação à corrupção e à valorização dos programas de integridade. Ele também participou da cerimônia de entrega de prêmios às empresas aprovadas no Pró-Ética.  

O ministro Valdir Simão, da Controladoria-Geral da União, também destacou esses pontos. “A nova lei é rigorosa. As empresas podem ser punidas com uma multa que vai até 20% do seu faturamento”, lembrou. Segundo ele, a adoção de mecanismos de integridade será num futuro muito próximo uma vantagem competitiva. “As empresas que estiverem preparadas para esse novo ambiente certamente sairão na frente”, afirmou.

Para Marina Ferro, coordenadora de projetos do Instituto Ethos, “hoje, uma empresa que utiliza a ética como diferencial de mercado é vista de forma destacada perante seus clientes e até concorrentes”. Segundo ela, “essa é uma nova realidade que ações como o Pró-Ética fortalecem e encorajam”.

Patricia Audi, secretária de Transparência e Prevenção da Corrupção da CGU, enfatizou que atos de corrupção vão além dos conhecidos subornos a funcionários de empresas públicas ou privadas; fraudes e irregularidades em contratos públicos também são consideradas formas de corrupção.

 

Confira a lista das empresas aprovadas no Pró-Ética

·   ABB
·   AES Eletropaulo
·   AES Sul
·   AES Tietê
·   AES Uruguaiana
·   Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE)
·   Centrais Elétricas de Santa Catarina (CELESC)
·   Dudalina
·   Duratex
·   EDP Energias do Brasil
·   Elektro Eletricidade e Serviços
·   Ernst & Young
·   GranBio
·   ICTS
·   Osram do Brasil Lâmpadas Elétricas
·   Santander Brasil
·   Siemens
·   SNC-Lavalin Meio Ambiente
·   3M do Brasil

 

1º Congresso Ética, Corrupção e Gestão de empresas

O centro de estudos da AJUFESP realiza nos próximos dias 10 e 11 de dezembro, no auditório da EMAG, o 1º Congresso Ética, Corrupção e Gestão de empresas, com o apoio do ETCO.

Data: 10 e 11 de dezembro de 2015
Horários: 10/12 – Das 8h45 às 12h                                                                                                                                           11/12 – Das 9h às 12h
Local: Auditório da EMAG – Av. Paulista, 1912 – 1º andar

Para maiores informações e como se inscrever, clique aqui

Conheça as empresas aprovadas para o Pró Ética

A Controladoria-Geral da União (CGU) divulga as empresas aprovadas para o Pró-Ética 2015, reconhecendo e incentivando as entidades comprometidas com a integridade, a transparência, a prevenção e o combate à corrupção no ambiente corporativo.

São 19 empresas dos mais diversos ramos, como energia, finanças, tecnologia, entre outros. Confira a lista de empresas no site da CGU

 

 

Fonte: CGU (9/11)

CGU e Sebrae lançam cartilha de integridade para micro e pequenos empresários

A secretária da Transparência e Prevenção da Corrupção da Controladoria-Geral da União, Patrícia Audi, participou na manhã desta terça-feira (17) da mesa de abertura do Fomenta Nacional, maior evento do país direcionado a pequenos negócios que participam ou desejam participar de licitações públicas. No evento, a secretária anunciou o lançamento da cartilha “Integridade para Pequenos Negócios”, um dos produtos da importante parceria firmada entre a CGU e o Sebrae com o objetivo de levar o tema integridade empresarial às micros e pequenas empresas brasileiras.

A secretária destacou a importância da continuidade do trabalho realizado com o Sebrae. “Esta cartilha é o primeiro passo em uma longa caminhada de conscientização da força que o pequeno empresário tem para acabar com a corrupção”, declarou. A cartilha tem o objetivo de orientar o pequeno empreendedor quanto à importância da integridade nas relações comerciais, além de apresentar sugestões de medidas que podem ser adotadas para estruturar um programa. “A ideia é fazer com o micro e pequeno empresário perceba que investir em integridade é um bom negócio, que pode ser realizado com baixo custo e sem causar grandes mudanças no seu dia a dia”, ressaltou a secretária.

 

Fonte: CGU (17/11)

Lei Anticorrupção não pode atropelar as liberdades públicas constitucionais

Veículo: Revista Consultor Jurídico
Autor(es): Hamilton Dias de Souza

É fácil constatar que o momento do país é delicado. Basta ler os jornais ou conversar informalmente com quem quer que seja. Problemas econômicos existem, como provam a desvalorização do real, o aumento do desemprego, a baixa produtividade e a comentada perda do grau de investimento do país e de diversas empresas nacionais. Porém, não se pode confundir os efeitos com a causa, pois tais problemas decorrem de anomalias mais graves. Não se trata de simples dificuldades financeiras ou monetárias, mas de séria crise de legitimidade estatal, fruto da desconfiança nas relações do poder político com o econômico, alimentada por escandalosos casos de corrupção.

Fonte: Advocacia Dias de Souza

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ETCO apoia 10 medidas do MPF contra corrupção

banner 10 medidas
Projeto endurece as penas e precisa de 1,5 milhão de assinaturas para chegar ao Congresso com a força de projeto de lei de iniciativa popular

 

A Operação Lava Jato vem demonstrando que o Brasil avançou no combate à corrupção. Ela já gerou muitas investigações, revelações, delações, condenações e, o que é raro nos chamados crimes do colarinho branco, até mesmo grandes devoluções de dinheiro. Mas um dos principais órgãos responsáveis por esse trabalho, o Ministério Público Federal (MPF), que tem a missão constitucional de investigar crimes contra o patrimônio público, acredita que o avanço é insuficiente. Segundo o MPF, com as leis e os processos judiciais atuais, o País corre o sério risco de, daqui a alguns anos, ver boa parte dos corruptos e corruptores da Lava Jato, e de outros crimes do gênero, se livrarem da cadeia e de outras punições.

Para tentar atuar também nessas esferas, o órgão realizou um estudo sobre os pontos que considera falhos na legislação brasileira, analisou leis de outros países e reuniu uma série de projetos de mudança em torno de dez temas. Além disso, criou uma campanha para recolher 1,5 milhão de assinaturas e fazer com que essas medidas sejam apresentadas ao Congresso Nacional como um projeto de lei de iniciativa popular, o que aumenta sua legitimidade e a pressão sobre os parlamentares para que discutam as mudanças propostas.

Nicolao Dino, Subprocurador-geral da República, explica o objetivo do trabalho: “Além das investigações que estão sendo feitas pelo Ministério Público Federal, nós acreditamos que é possível também contribuir nesse cenário apresentando um conjunto de sugestões com o objetivo de melhorar o funcionamento do Estado, melhorar a nossa legislação e com isso também reduzir o sentimento de impunidade que está presente na nossa sociedade”.

O ETCO-Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial tornou-se em setembro apoiador oficial da Campanha.

Para participar do Projeto de Lei de iniciativa popular, é preciso preencher uma ficha com os seus dados pessoais, assinar e entregar em um dos postos do MPF. Mais informações podem ser obtidas no site da campanha. Confira a seguir as principais mudanças propostas.

 

As 10 medidas contra a corrupção

1. Prevenção à corrupção, transparência e proteção à fonte de informação
  • Cria limites de tempo para os processos judiciais, de três anos na primeira instância e um ano na instância superior.
  • Obriga órgãos públicos a investir em campanhas internas de prevenção de desvios.
  • Aumenta a proteção a quem fornece informações importantes para a investigação.
2. Criminalização do enriquecimento ilícito de agentes públicos
  • Permite condenar funcionário público que tiver aumento de patrimônio muito superior à sua renda e não conseguir provar a origem lícita do dinheiro mesmo que o crime não seja desvendado.
3. Aumento das penas e crime hediondo para corrupção de altos valores
  • Hoje, a pena mínima é de 2 anos, metade da que é estipulada para o roubo comum. E quem recebe pena mínima costuma trocar a condenação por serviço comunitário. Pelo projeto, a pena mínima sobe para 4 e a máxima, para 12 anos. Portanto, quem for condenado cumprirá pelo menos pena em regime semiaberto.
  • Corrupção evolvendo valores acima de cem salários mínimos passa a ser considerada crime hediondo, perdendo benefícios que implicam na redução da pena.
4. Eficiência dos recursos no processo penal
  • Permite que o réu condenado comece a cumprir a pena antes do fim de todos os recursos, quando os juízes entenderem que ele está abusando do direito de recorrer.
  • Elimina alguns tipos de recurso e estabelece prazos mais curtos para outros.
5. Celeridade nas ações de improbidade administrativa
  • Simplifica e acelera o processo contra agentes públicos que cometem ato ilegal no exercício da sua função.
  • Permite que o MPF firme acordo de leniência com réus que confessem seus crimes.
6. Reforma do sistema de prescrição penal
  • Dificulta artifícios usados para prolongar os processos e levar à prescrição do crime.
7. Ajustes nas nulidades penais
  • Reduz as chances de um processo ou uma prova serem anulados por causa de erros na investigação que não tenham afetado o direito de defesa do réu.
8. Responsabilização dos partidos políticos e criminalização do caixa 2
  • Permite punir também o partido, e não só o seu funcionário, pela prática de manter recursos em conta paralela à oficial.
  • Transforma o caixa 2 em crime, com penas de 4 a 5 anos de prisão.
9. Prisão preventiva para assegurar a devolução do dinheiro desviado
  • Amplia as circunstâncias em que a Justiça pode manter o acusado preso, além das situações envolvendo risco de fuga e de destruição de provas, para aumentar as chances de recuperação de dinheiro desviado.
10. Recuperação do lucro desviado do crime
  • Permite confiscar, dos condenados por corrupção, a parte do patrimônio que não puder ter sua origem lícita comprovada, independentemente de se conseguir provar o valor desviado.

 

O caso Volkswagen e a ética das grandes empresas

Os desdobramentos da fraude dos controles antipoluição praticada pela Volkswagen nos Estados Unidos suscitaram uma série de interrogações e de polêmicas. Quem iniciou e deu cobertura à trapaça? Embora o CEO e vários outros altos responsáveis da empresa tenham se demitido ou mandados para a rua, ainda há pontos obscuros.

Mais importante proprietário da VW, com 20% de ações que lhe dão um direito de veto na direção da firma, o Estado da Baixa Saxônia (um dos 16 Estados da Alemanha), não sabia de nada, conforme declarou o ministro da Economia do Estado (Lander).

Fonte: Uol Notícias (30/09).

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Os avanços e os problemas da Lei Anticorrupção

Ex-ministro do STF , Nelson Jobim, na palestra de encerramento do seminário da AIDE
Ex-ministro do STF , Nelson Jobim, na palestra de encerramento do seminário da AIDE

Tema foi tratado em seminário da Academia Internacional
de Direto e Economia, que teve o patrocínio do ETCO

As novas leis de combate à corrupção representaram um avanço para o Brasil, mas criaram confusão jurídica que terá de ser resolvida pelos tribunais. Além disso, são insuficientes para corrigir o grave problema de desvio de dinheiro público no País.

Essas foram duas das principais conclusões do seminário Lei Anticorrupção – Limites e Consequências para as Empresas, promovido pela Academia Internacional de Direito e Economia (AIDE) no dia 18 de setembro, em São Paulo. O evento teve patrocínio do ETCO-Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial.

O seminário reuniu palestras de mais de vinte especialistas dos meios jurídico, econômico e acadêmico, que abordaram diversos aspectos das novas leis. Inclusive a proibição, definida em votação no Supremo Tribunal Federal (STF) no mesmo dia do seminário, da contribuição de empresas para campanhas políticas. O assunto foi abordado pelo ex-ministro do STF Nelson Jobim, que demonstrou ceticismo em relação aos seus resultados. Segundo ele, o problema não é o financiamento vir de empresas ou pessoas físicas, mas sim o alto custo das campanhas, cuja redução exige mudanças mais profundas no sistema político.

Demora e perda de credibilidade

O ex-ministro Gilson Dipp, do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), foi um dos que abordaram a confusão legal que se instalou no sistema jurídico brasileiro nos últimos anos, com a Lei Anticorrupção se sobrepondo a outras que tratam de temas correlatos, como a lei de Improbidade Administrativa, a lei das Organizações Criminosas, a lei de Lavagem de Dinheiro e o Código Penal. “Temos um universo jurídico caótico”, afirmou. Por conta dessa confusão, o ex-ministro do STJ prevê muita demora no julgamento definitivo dos casos de corrupção. “Isso pode levar à perda de credibilidade da lei e dos órgãos responsáveis por aplicá-las”, alertou.

Mas Dipp considera que a Lei Anticorrupção supriu uma lacuna importante do combate à corrupção ao instituir a responsabilidade objetiva da pessoa jurídica. Esse dispositivo faz com que as empresas envolvidas em corrupção possam ser condenadas independentemente de seus donos ou dirigentes terem conhecimento do fato. Basta a empresa, por meio de algum de seus representantes, inclusive externos, ter participado do crime.

Pela importância do tema, a responsabilidade da pessoa jurídica mereceu dois painéis do seminário: um sobre as sanções previstas na esfera administrativa e outro, na esfera judicial, presididos respectivamente pelos juristas Bernardo Cabral e Ivette Senise Ferreira, vice-presidente da OAB-SP. O advogado e acadêmico Hamilton Dias de Souza, membro do Conselho Consultivo do ETCO, foi um dos palestrantes da mesa que debateu as punições no âmbito judicial.

O jurista Ives Gandra Martins, presidente de honra da AIDE, lamentou a ausência, na Lei Anticorrupção, de novos instrumentos para coibir o crime de concussão, praticado por agentes públicos que exigem propina e outras vantagens para contratar fornecedores ou liberar seus pagamentos. “Se uma empresa de 20 mil, 30 mil funcionários é colocada contra a parede – ou ‘entra no clube’ ou não ganhará concorrência nenhuma –, será que ela tem escolha?”, questionou.

Remédio capitalista

Apesar dos problemas jurídicos, muitos palestrantes consideram que, no conjunto, o País está avançando no combate à corrupção, levando em conta também a atuação dos órgãos de investigação e controle. Alguns acreditam, porém, que é necessário adotar novos mecanismos para prevenir esse tipo de crime.

Na aula magna que abriu o seminário, o jurista Modesto Carvalhosa falou sobre o caminho adotado pelos Estados Unidos, que reduziram a corrupção em obras públicas utilizando um remédio capitalista: os chamados “performance bonds”. Trata-se de um tipo de seguro que garante o prazo, a qualidade e o preço de obras contratadas pelo governo. Esse sistema, segundo ele, faz a seguradora controlar o trabalho com muito rigor, a começar pela qualidade do projeto que dá origem ao processo de licitação.

O desembargador Fábio Prieto, presidente do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, concordou. “Não dá para botar um sujeito que ganha R$ 10 mil para fiscalizar uma obra de R$ 4 bilhões”, criticou. “Para resolver, precisa colocar alguém do mesmo tamanho”.