“O Brasil corre o risco de retroceder”

Everardo Maciel é o novo presidente do Conselho Consultivo do ETCO
Everardo Maciel é o novo presidente do Conselho Consultivo do ETCO

Novo presidente do Conselho Consultivo do ETCO fala de contrabando, sonegação, guerra fiscal e do momento ruim do País

 

 

O tributarista Everardo Maciel é o novo presidente do Conselho Consultivo do ETCO-Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial. Ele assumiu o posto em 1° de setembro, em substituição ao embaixador Marcílio Marques Moreira, que ocupava a função desde 2006.  O Conselho Consultivo é formado por nomes de destaque de diversos segmentos da sociedade, como juristas, diplomatas, políticos e empresários, e tem o papel de orientar os rumos do Instituto.

Secretário da Receita Federal no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso e atualmente trabalhando como professor e consultor, Everardo participa do Conselho Consultivo desde que ele foi criado, em 2004. “É uma responsabilidade enorme suceder alguém com o valor intelectual e a importância do embaixador Marcílio Marques Moreira”, diz ele.

Confira a seguir trechos da entrevista que ele concedeu ao ETCO em Ação.

Como recebeu a missão de presidir o Conselho Consultivo do ETCO?

Everardo Maciel: O ETCO é uma rara iniciativa do empresariado para desenvolver a concorrência justa no Brasil. Sou membro do Conselho Consultivo desde a fundação e acompanhei todas as iniciativas do Instituto. Minha intenção é dar continuidade aos trabalhos que o embaixador Marcílio vinha desenvolvendo com brilhantismo. Apenas desejo aumentar a discussão interna para formar ou fortalecer as convicções do ETCO em relação aos temas nos quais atua. Qual a nossa visão sobre o combate ao contrabando? Como o Instituto deve se posicionar em relação à guerra fiscal? Pretendo aprofundar o entendimento sobre essas questões dentro do Conselho Consultivo, incluindo contribuições de especialistas de fora, para ajudar a orientar os rumos do Instituto.

Qual sua visão sobre o momento atual?

Everardo Maciel: O Brasil está vivendo uma crise profunda, que tem uma dimensão econômica importante, inserida, entretanto, numa crise maior, a de valores. Esse quadro repercute negativamente nas matérias que constituem objeto do ETCO. A sonegação, a pirataria e o contrabando, por exemplo, tendem a aumentar, em virtude da recessão. O Brasil corre o risco de retroceder nos temas de interesse do ETCO.

O apoio a movimentos anticorrupção é um dos temas do ETCO. Como vê as novas leis que foram criadas para combater esse mal?

Everardo Maciel: Tenho muitos questionamentos. No Brasil, há uma tendência para criar leis de ocasião. Surge um problema, edita-se uma nova lei, cuja efetividade jamais é avaliada. É preciso avaliar se essa nova legislação tem, de fato, condições de reduzir a corrupção. Há o risco de não se atingir o objetivo e ainda provocar incertezas que prejudicam a economia. O nome ‘Lei Anticorrupção’, também, dificulta esse tipo de reflexão. Se você faz um questionamento, corre o risco de ser tachado de favorável à corrupção. Precisamos discutir mais esse assunto no Conselho Consultivo, para chegarmos  a uma conclusão.

Por que o Brasil não consegue reduzir o contrabando?

Everardo Maciel: Porque insistir somente no caminho da repressão não funciona. Hoje, entendo que não há como enfrentar o contrabando sem um poderoso programa de cooperação internacional. Não estou falando de apenas assinar acordos de intenções, apertar as mãos e dizer que vamos atuar juntos, mas de um trabalho mais consistente, que considere os interesses mútuos, atue nas razões do outro lado da fronteira.

Está se referindo ao Paraguai?

Everardo Maciel: Nomeadamente, o Paraguai. Nunca vamos resolver o contrabando sem um programa que considere o desenvolvimento do Paraguai. Existem semelhanças com a crise migratória que estamos vendo na Europa. Não adianta tentar fechar as fronteiras, construir muros, colocar cerca elétrica. As pessoas que correm risco de ser atingidas por bombas ou morrer de fome, em seus países, farão de tudo para furar o bloqueio. Quem acredita que dá para resolver o contrabando apenas com repressão deveria passar alguns dias na fronteira do Brasil com o Paraguai, vendo a quantidade de pequenos aviões que sobrevoam a região.

O Brasil já tentou seguir esse caminho?

Everardo Maciel: Quando eu era Secretário da Receita, o presidente Fernando Henrique me incumbiu de negociar um amplo acordo com o Paraguai. Em poucos meses, firmamos um acordo. Infelizmente, a diplomacia segue um ritmo muito moroso e o acordo somente veio a ser homologado pelo Congresso já no governo do presidente Lula, quando as circunstâncias eram outras. O Senado paraguaio acabou rejeitando o acordo.

Como reduzir a sonegação?

Everardo Maciel: A solução exige regras simples e carga tributária em níveis razoáveis. Do ponto de vista da tecnologia, o Brasil já tem um dos sistemas de arrecadação mais modernos do mundo. Tenho orgulho de ter participado, no ETCO, da implantação da nota fiscal eletrônica. Um dos nossos maiores problemas hoje não é a sonegação da mercearia, mas a que é praticada por grandes grupos econômicos por meio da elisão ilícita, do planejamento tributário abusivo. São bilhões de reais que escorrem por esses mecanismos que o País continua negligenciando.

Conseguiremos fazer a reforma tributária?

Everardo Maciel: Não teremos reforma tributária. As pessoas sonham em criar outro sistema de impostos, mas não existem paradigmas a seguir. Se você juntar os dez maiores tributaristas brasileiros e pedir para eles criarem um novo sistema, no final teremos, pelo menos, onze modelos diferentes. Sistemas tributários são modelos culturais, que evoluem continuadamente. No Brasil, há a ilusão do reformismo, na presunção de que reformas são uma panaceia para todos os males. Reforma tributária não é evento, é processo.

Como solucionar a guerra fiscal?

Everardo Maciel: Guerra fiscal é a competição nociva, contra legem. Não podemos, porém, confundi-la com competição fiscal lícita, que existe no mundo desde que foram criados os impostos. O Brasil precisa decidir até que ponto aceita a competição fiscal. Hoje, vivemos numa situação de caos. Não há leis, e as que existem não contêm sanções, o que é o mesmo que não existir. Infelizmente, acredito que estamos longe de resolver essa questão, porque não demos nem o primeiro passo, que é entender o problema. É como o dilema de Alice [do livro Alice no País das Maravilhas], que pede ao gato para ajudá-la a encontrar a saída, mas não sabe dizer para onde quer ir. E o gato fala: “Nesse caso, pouco importa o caminho”. Para resolver a guerra fiscal, precisamos antes ter clareza de quais são nossos objetivos.

‘Nova Lei de Informática aumenta o contrabando no Amazonas’

A afirmação é de analista que aponta o reajuste de preços de eletrônicos nacionais como incentivo a compra de irregulares.

Divulgação Portal EM TEMPO (13/09)
Divulgação Portal EM TEMPO.

Produtos de diversos setores entram ilegalmente no País, sem a devida certificação técnica ou sanitária. Não recolhem impostos e, além de prejudicar a saúde da população, subtrai o emprego dos brasileiros, aumenta a insegurança nas cidades e nas fronteiras e atenta contra a soberania e a defesa nacional.

A recente alteração na Lei de Informática, que reajusta os valores dos produtos eletrônicos em até 10%, segundo especialistas, aumenta o risco de contrabando de produtos como smartphones, tablets, modens, computadores e notebooks também no Amazonas.

Fonte: Portal EM TEMPO (13/09)

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Defesa divulga balanço da Operação Ágata 9

Durante os dez dias de realização da operação Ágata, 9 foram apreendidas mais de quatro toneladas de maconha e 65 toneladas de gêneros alimentícios sem procedência. O contrabando de materiais proibidos e o descaminho de mercadorias, sem o pagamento de tributos, estão avaliados em cerca de R$ 700 mil.

O balanço da operação realizada em toda extensão da fronteira oeste brasileira foi divulgado no último sábado (2). Segundo o ministro da Defesa, Jaques Wagner, a operação além de servir para a proteção transfronteiriça, é uma ferramenta para o treinamento de tropas. “Muitos me falam que a Ágata deveria ser permanente e definitiva. Isso é difícil, mas acho necessário que se faça com mais frequência”, completou.

Até o momento, o trabalho interagências governamentais e Forças Armadas foi responsável por 42.509 inspeções, vistorias e revistas em postos de bloqueio e controle de estradas distribuídos entre Rondônia e o Paraná, na faixa de fronteira destes estados. Ainda foram realizadas 709 patrulhas fluviais, motorizadas ou a pé.

A Força Aérea Brasileira (FAB), em conjunto com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), inspecionou oito aeródromos, além de realizar 60 abordagens, 24 notificações, nove interdições e a apreensão de uma aeronave irregular em Porto Velho (RO).

A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) atuou na produção de informações que auxiliaram no planejamento e execução das ações táticas e repressivas. O trabalho, em cooperação com a Anac e o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), resultou na detecção de cerca de 200 pistas de pouso em propriedades particulares e áreas de preservação ambiental nas regiões de fronteira.

Nesta edição, o aparato militar atuou em 166 municípios indo de Vista Alegre do Abunã (RO) a Foz do Iguaçu (PR), envolvendo 5.310 militares da Marinha, do Exército e da Aeronáutica e 255 profissionais de agências federais e órgãos públicos estaduais e municipais. Ao todo, 46 instituições federais, estaduais e municipais participaram da Ágata 9.

Para o chefe de Operações Conjuntas do Ministério da Defesa, almirante Ademir Sobrinho, a interoperabilidade entre agências governamentais, órgãos de segurança pública e as Forças Armadas já está consolidada, após a realização de nove edições da Operação Ágata. “Devemos atuar de forma mais intensa o ano que vem, em apoio aos Jogos Olímpicos Rio 2016”, comentou o almirante.

Para saber mais, acesse: http://www.brasil.gov.br/defesa-e-seguranca/2015/08/de-acordo-com-ministro-operacao-agata-deve-ser-permanente

E para saber mais sobre o combate ao contrabando, acesse: http://www.naoaocontrabando.com.br/

Projeto que endurece pena para quem transporta contrabando avança na Câmara

A Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados aprovou, em 19 de agosto, o parecer favorável ao Projeto de Lei 1530/15, que aumenta o rigor no combate ao crime de contrabando. O projeto estabelece três novos mecanismos para coibir o contrabando:

  • Suspensão por cinco anos da carteira de habilitação de quem for preso conduzindo veículo com carga contrabandeada.
  • Suspensão por cinco anos do CNPJ de empresas condenadas por transportar, distribuir, armazenar ou comercializar produtos contrabandeados.
  • Pontos de venda de cigarros e bebidas ficam obrigados a afixar placa com a advertência: “É crime vender cigarros e bebidas contrabandeados. Denuncie”.

O projeto segue agora para a Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio (CDEIC).

O PL 1530/15 foi uma das primeiras iniciativas da Frente Parlamentar Mista de Combate ao Contrabando e à Falsificação, instituída em maio com o apoio do ETCO-Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial. O projeto é de autoria do deputado federal Efraim Filho (DEM/PB), presidente da Frente.

 

Apreensões de contrabando sobem 4,9% no 1º semestre, diz Fisco

Nos seis primeiros meses deste ano, apreensões somaram R$ 933 milhões. Sobem apreensões de armas e cigarros, mas caem de óculos e vestuário.

A fiscalização da área de comércio exterior da Receita Federal apreendeu R$ 933 milhões em mercadorias e veículos em consequência de tentativas de contrabando, descaminho ou fraude no primeiro semestre deste ano, o que inclui as aduanas (portos, aeroportos e unidades de fronteira terrestre), segundo informações divulgadas nesta segunda-feira (24) pelo órgão. O valor representa um aumento de 4,9% sobre o mesmo período do ano passado (R$ 889 milhões).

A maior parte das apreensões do Fisco feitas nos seis primeiros meses deste ano refere-se a cigarros (R$ 342 milhões, com alta de 45% sobre o mesmo período de 2014), seguidos por eletroeletrônicos (R$ 65,7 milhões, com aumento de 8,6% nesta comparação), veículos (R$ 44,2 milhões, com recuo de 11,8%), vestuário (R$ 36,12 milhões, com queda de 20% sobre o ano anterior), óculos de sol (R$ 23,44 milhões, com queda de 36%), produtos de informática (R$ 20,1 milhões, com aumento de 6,3%), relógios (R$ 17,15 milhões, com alta de 34,6%), e armas e munições – com forte aumento de 369%, para R$ 567 mil, entre outros.

“Tivemos uma presença maior nas fronteiras. Verificamos um número menor da quantidade de casos identificados, mas aqueles que foram identificados, o valor aumentou. Houve um acrescimento de 37% em termos de valor de mercadorias apreendidas”, afirmou o subsecretário de Aduana e Relações Internacionais da Receita Federal, Ernani Checcucci. Ele informou que foram realizadas 1.834 operações de vigilância e repressão ao contrabando e descaminho nos seis primeiros meses deste ano, o que representou um aumento de 21,38% sobre o mesmo período do ano passado.

Remessas postais
A Secretaria da Receita Federal informou que foram desembaraçadas, nos Correios, 16,5 milhões de remessas postais oriundas do exterior, o que representa um crescimento de 54,3% em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo o Fisco, estas operações geralmente se referem ao comércio eletrônico, ou seja, a compras feitas em outros países.

O órgão lembra que as remessas de pessoas físicas para pessoas físicas, cujo valor não exceda US$ 50, são isentas. “Existe um abuso desta exceção. Deve o Congresso Nacional ser pautado para resolver isso. Em outros países, isso não existe”, declarou Checcucci, da Receita Federal, explicando que os contribuinte estão “fracionando” suas encomendas para não pagar imposto de importação.

Fiscalização nos aeroportos
Os números da Receita Federal também mostram que houve queda no número de declarações de produtos adquiridos no exterior de 7,4% no primeiro semestre deste ano, para R$ 36,94 milhões, contra R$ 39,9 milhões nos seis primeiros meses do ano passado. Estes produtos foram declarados pelos contribuintes antes de retornarem ao país via aeroportos.

Ao mesmo tempo, também recuaram as ocorências, ou seja, produtos importados por meio nos aeroportos, sem que fossem declarados ao Fisco, no primeiro semestre deste ano, para R$ 77,7 milhões. Um recuo de 10,6% frente ao mesmo período do ano passado (R$ 87 milhões). De acordo com Checcucci, da Receita Federal, isso se deve à alta do dólar, que está diminuindo o valor das importações (que ficaram mais caras) do início de 2014 para o começo de 2015.

Nos aeroportos, a cota de importação é de US$ 500. Há ainda um valor igual para compras feitas nos freeshops que estão nos aeroportos brasileiros. Para as importações que excederem estes valores, há cobrança de 50% do imposto de importação e, para os produtos não declarados, há ainda uma multa também de 50%.

Fonte: Site G1 (24/08)

Para ler a matéria na íntegra, acesse: http://g1.globo.com/economia/noticia/2015/08/apreensoes-de-contrabando-sobem-49-no-1-semestre-diz-fisco.html

E para saber mais sobre o combate ao contrabando, acesse: http://www.naoaocontrabando.com.br

 

CAE do Senado aprova convite para Receita e PF falarem sobre contrabando

A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou nesta terça-feira, 11, convite para que o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, e o diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, participem de uma audiência pública para discutir a atuação dos dois órgãos no combate ao contrabando de produtos que são comercializados burlando o pagamento de impostos no País.

Fonte: Portal R7 (11/08)

 

Leia a matéria na íntegra clicando aqui.

 

Fronteiras

Em artigo publicado em 10/08/2015, o professor de Filosofia Denis Lerrer Rosenfield afirma que a proteção das fronteiras brasileiras é fundamental para a manutenção da soberania nacional, o combate à diversos tipos de ilegalidade, o crescimento do país e a garantia ao emprego em muitos setores da economia.

Fonte: Site O Globo (10/08)

 

Para ler a matéria na íntegra clique aqui.

Para saber mais sobre ações de combate ao contrabando, visite o site naoaocontrabando.com.br

Lei com novas punições ao contrabando avança na Câmara

Projeto de Lei que fortalece o combate ao contrabando avança na Câmara
Projeto de Lei que fortalece o combate ao contrabando avança na Câmara

O Projeto de Lei 1530/15, que aumenta o rigor no combate ao crime de contrabando, de autoria do deputado federal Efraim Filho (DEM/PB), avançou na Câmara dos Deputados. Em 9 de julho, recebeu parecer favorável à aprovação na Comissão de Viação e Transportes (CVT) por parte do relator, o deputado federal José Stédile (PSB-RS).

O projeto estabelece três novos mecanismos para coibir o contrabando:

  • Suspensão por cinco anos da carteira de habilitação de quem for preso conduzindo veículo com carga contrabandeada.
  • Suspensão por cinco anos do CNPJ de empresas condenadas por transportar, distribuir, armazenar ou comercializar produtos contrabandeados.
  • Pontos de venda de cigarros e bebidas ficam obrigados a afixar placa com a advertência: “É crime vender cigarros e bebidas contrabandeados. Denuncie”.

A próxima etapa, prevista para ocorrer em agosto, após o recesso parlamentar, é a deliberação do assunto na reunião da CVT. Em seguida, o projeto será encaminhado para as comissões de Indústria e Comércio, Segurança Pública e Constituição e Justiça. Tendo a aprovação nessas instâncias, será enviado ao Senado.

O PL 1530/15 é uma das primeiras iniciativas da Frente Parlamentar Mista de Combate ao Contrabando e à Falsificação, instituída em 14 de maio com o objetivo de aumentar a participação do Congresso Nacional no combate a esses crimes. A Frente Parlamentar tem o apoio do ETCO-Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial.