Formalização movimenta mercado do patchwork e artes afins

Fonte: SEGS – Portal Nacional de Seguros & Saúde –  09/09/2012
 
 
Desde julho de 2009, está em vigor o programa Microempreendedor Individual (MEI) do Governo Federal, que vem proporcionando aumentos significativos no faturamento para mais da metade dos empreendedores que se formalizam. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) e do Instituto Brasileiro da Ética Concorrencial (ETCO), a economia informal brasileira reduziu pelo oitavo ano consecutivo.
 
Para o consultor do Sebrae/PR, Claudinei Guilherme, essa mudança no cenário econômico pode ser explicada pelas facilidades que a formalização exerce sobre o negócio do microempreendedor. “A forte redução da informalidade é decorrente do aumento da carta de crédito disponibilizada pelas instituições financeiras. Para ter acesso ao sistema, é necessário que o empresário se formalize”, explica.
 
A expansão do emprego formal não é caracterizada, apenas, pelo fácil acesso às linhas de crédito, mas, também, pelo recolhimento de impostos com taxas reduzidas e benefícios previdenciários. “A preocupação maior do empreendedor é poder expandir seu negócio e isso é motivado por valores agregados, como poder emitir nota fiscal, vender seus produtos a outras empresas e recolher INSS”, afirma Guilherme.
 
Mercado artesanal
 
Nos últimos 10 anos, o mercado nacional de consumo de artesanato tem sido ampliado e se tornou referência pelas oportunidades de negócios. “Antes, o perfil dos quilters era de uma pessoa aficionada pelas artes manuais. Contudo, atualmente, muitos se tornam artistas por ocasião, iniciando as atividades sem interesse comercial, apenas com a finalidade de se distrair e encontrar pessoas. E, ao final, com o incentivo e apreciação de familiares e amigos, se profissionalizam e se tornam empresários do segmento”, explica Emília Aoki, promotora da feira Quilt & Craft Show.
 
O patchwork e artes afins deixaram de ser apenas hobbies e passaram a contribuir para os bons índices econômicos do País. Uma pesquisa, não oficial, realizada junto aos expositores do 2° Quilt & Craft Show, apontou um crescimento de 20% no segmento, na Região Sul, em comparação com o ano passado. Apesar disso, a alta demanda sofre com a escassez da produção industrial interna. “O mercado do patchwork e outras técnicas de arte com tecido, cresceu rapidamente e as indústrias brasileiras não conseguiram acompanhar esse ritmo. Para atender à demanda, é necessário importar produtos estrangeiros”, declarou Emilia Aoki.
 
A formalização dos pequenos artesãos, neste sentido, não só beneficiaria o empreendedor, mas aqueceria a produção de insumos em larga escala. “Sair da informalidade é importante para o pequeno empresário, pois facilita a aquisição de matérias-primas, no atacado, e desenvolve a própria indústria, aumentando o número de fornecedores”, afirma Aoki.
 
Mudança de planos
 
Foi seguindo por outros caminhos que a empresária Eliane Castelan deixou o sonho primário de ser enfermeira para consagrar-se como artista na técnica do patchwork. Após um período de cinco anos, morando na França, Eliane conheceu as artes manuais e desenvolveu suas habilidades. “Em 1988, fui morar na França e passei a ter aulas de patchwork, uma atividade que, desde então, faz parte da minha vida e é a minha principal fonte de renda”.
 
Ao regressar para o Brasil, a empresária, informalmente, ministrou aulas e comercializou seus produtos por um longo período. No entanto, há sete anos, ela abriu sua própria empresa e, hoje, gera emprego para 14 pessoas, direta e indiretamente. “A partir do momento que formalizei meu negócio, tive um retorno significativo nas vendas e na captação de alunos e pude ampliar meu quadro de colaboradores. Sei que não posso parar porque outras pessoas dependem desse trabalho”, conclui.
 
Para saber mais como formalizar um negócio, o Sebrae manterá um estande durante todo o 2º Quilt & Craft Show, que acontece de 05 a 08 de setembro, no Expo Unimed Curitiba. Mais informações no site: www.quiltshow.com.br.

Artigo – A boa notícia, um alerta e os impostos

Fonte: O Estado de S. Paulo (São Paulo – SP) – 23 de julho de 2012

por Roberto Abdenur*

Traz uma boa notícia o Índice de Economia Subterrânea (IES), estudo que estima os valores de atividades deliberadamente não declaradas aos poderes públicos com o objetivo de sonegar impostos e das de quem se encontra na informalidade por força da tributação e da burocracia excessivas. Em 2011 ele representou 16,8% do produto interno bruto (PIB), o que corresponde a R$ 695,7 bilhões.

A notícia é muito boa porque, no ano anterior, o tamanho estimado do IES foi de 17,7% do PIB, ou R$ 715,1 bilhões. O estudo sobre o IES vem sendo realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, em conjunto com o Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (Etco) desde 2003, quando a economia subterrânea foi estimada em 21% do PIB.

Entre 2004 e 2006 o tamanho estimado dessa economia ficou em torno de 20%. Em 2007 baixou para 19,5%, como resultado do aumento do trabalho formal. A situação econômica do País, o crescimento da classe C e as boas perspectivas para o futuro comprovavam a tendência de formalização do emprego. Em 2008 e 2009, o IES foi de 18,7% e 18,5%, respectivamente, o que seguiu confirmando a tendência de redução das atividades que correm à margem da economia formal.

Aí vem o alerta. Chegar aos níveis dos países desenvolvidos – onde o IES fica ao redor de 10% – parece distante, apesar do número de 2011 (16,8%). É que a tendência de queda pode estar chegando temporariamente ao limite no Brasil, em razão da perda do dinamismo da economia e da redução do ritmo de aumento do crédito.

A perda do dinamismo da economia traduz-se pela perspectiva de um PIB menor. Isso tende a afetar o mercado de trabalho, o que agrava o endividamento das famílias e dificulta o crédito. Passou o momento de deslumbramento com o consumo da nova classe média, ao se perceber que tudo dependia de numerosas prestações a serem honradas.

Ademais da desaceleração da economia, a alta carga tributária também é fator de informalização das atividades no País. O atual sistema tributário eleva o custo da produção da indústria, prejudica a competitividade interna e externa, desestimula os investimentos, diminui o consumo, aumenta o desemprego, estimula a sonegação fiscal e, como resultado geral, contribui para a informalidade e a economia subterrânea.

Comparando carga tributária e PIB per capita, o Brasil fica muito mal colocado, segundo dados do Banco Mundial. Os tributos no País (36% do PIB) estão no mesmo nível da Rússia, Irlanda e Austrália e superam Estados Unidos e Coreia do Sul. Mas esses países têm PIB per capita maior (de três a cinco vezes) que o nosso. Por outro lado, nossos impostos superam os de países como China e Índia, além de Argentina e México, que têm PIB per capita mais semelhante ao brasileiro e conosco competem.

A cobrança de tributos é vital para o Estado, mas o sistema tributário deve estar em harmonia com outros fatores inerentes à atividade econômica. No Brasil, além da carga tributária elevada, o problema reside na complexidade para o pagamento de impostos e na rigidez da legislação para quem atua na legalidade.

Outro estudo do Banco Mundial, denominado Paying Taxes, mostrou que, em 2008, uma empresa-padrão gastava nada menos que 2.600 horas no ano para pagar os impostos básicos no Brasil. Foi o pior resultado em todo o mundo. Nos Emirados Árabes Unidos, por exemplo, eram 12 horas; na Suíça, 63; na Venezuela, 864.

O tempo gasto é consequência direta da complexidade da legislação tributária, que de 1988 a 2005 teve incríveis 3,4 milhões de normas editadas. A demora na simplificação e racionalização do sistema tributário tem sido um dos maiores obstáculos à modernização da economia brasileira. Na medida em que tal complexidade é usada como justificativa para a sonegação de impostos, beneficia transgressores, deteriora o ambiente de negócios, afasta investimentos e reduz o potencial de crescimento do País.

Um sistema mais simples, ao contrário, fomenta o setor produtivo, incentiva o consumo, promove o emprego formal, eleva a renda dos trabalhadores, diminui a sonegação fiscal e reduz a informalidade. Não se trata, na presente etapa, de promover uma ampla reforma tributária – que pode exigir anos de debates e ajustes -, mas de estudar propostas pontuais que poderão ter resultados quase imediatos. Entre essas propostas estão a unificação de impostos e taxas com os mesmos base de cálculo e fato gerador, como bens e serviços (IPI, ICMS, ISS), faturamento (PIS, Cofins), renda (IR, Contribuição Social) ou importação (IPI, ICMS, ISS, Cofins, tarifas).

Diante da tendência apontada pelo Índice de Economia Subterrânea e do cenário global, é preciso, agora, um esforço conjunto – dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário com a sociedade – para estimular a formalidade na economia brasileira.

Vivemos um momento ímpar em nossa história econômica, propício para a revisão de uma série de regras que, historicamente, impedem o crescimento saudável da nossa economia. O louvável esforço da presidente Dilma Rousseff para pôr fim à chamada guerra fiscal e avançar na modernização das regras tributárias, bem como a instituição do microempresário individual – apenas para citar dois fatos recentes -, são exemplos dentre inúmeras propostas que devem ser avaliadas e postas em prática.

Está claro que só existe um caminho para reduzir o tamanho da economia subterrânea. E esse caminho consta de cinco medidas: aprimorar o sistema tributário, reduzir a sonegação fiscal, reduzir o comércio ilegal e a pirataria, reduzir a economia informal e, não menos importante, combater a corrupção. Temos avançado nessas frentes, mas ainda há muito por fazer.

* DIPLOMATA, É PRESIDENTE EXECUTIVO DO ETCO

Artigo – Boa notícia

Rio –  A economia informal encolheu no Brasil pelo oitavo ano seguido, segundo dados do Índice de Economia Subterrânea em 2011, calculado pelo Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial e pela Fundação Getúlio Vargas, divulgados semana passada. Ou seja, vem aumentando o número dos que estão buscando as vantagens da economia formal, como poder exibir renda comprovada para empréstimos, compras a prazo e aluguel de imóveis. Isso sem contar o fato de não ficar mais vulnerável à fiscalização e autuação dos órgãos regulatórios.

O aumento da oferta de crédito, cujo acesso induz à busca da formalização — tanto pelos empregados quanto pelos empresários —, e os programas governamentais de incentivo aos pequenos empreendedores, como o Microempreendedor Individual e o Supersimples, foram apontados pelos pesquisadores do índice como fatores preponderantes para essa mudança de cenário.

Outra boa notícia, também divulgada recentemente, nos deu conta do crescimento das micro e pequenas empresas no Brasil. De acordo com informações recentes, tiradas do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho e Emprego, as micro e pequenas empresas com até 99 empregados geraram 75,7% dos postos de trabalho com carteira assinada no País em maio. Ou seja, de cada dez vagas, mais de sete foram criadas pelos pequenos empreendimentos.

Entretanto, se por um lado os números mostram que os pequenos negócios têm se mostrado importantes na geração de empregos no País e para a economia brasileira, eles também indicam que é fundamental, na formulação das políticas públicas, a constante avaliação das regras que regem esse mercado.

Qualquer erro nessas políticas poderá dificultar a migração para a formalidade, sem contar o risco de provocar o retorno dos pequenos empreendedores à informalidade, além de favorecer o comércio ilegal, estimulando, consequentemente, a evasão fiscal.

E isso não seria justo porque, embora haja quem não se interesse em sair da informalidade, como é o caso de pessoas que vendem produtos piratas, a maioria parece não gostar de estar nessa situação.

Moreira Franco é ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República

A sombra que cai

Fonte: O Globo – Coluna Míriam Leitão – 04/07/2012

A economia subterrânea encolheu em quase um ponto percentual do PIB e caiu até em números absolutos. De 2003 para 2011, recuou todos os anos, saindo de 21% do PIB para 16,8%. Os organizadores do indicador – o Etco, Instituto de Ética Concorrencial, e a Fundação Getulio Vargas (FGV) – acham que o processo de avanço está se esgotando. Eles detectaram sinais de que o emprego informal parou de diminuir.

O conceito de economia subterrânea é mais sofisticado do que a medida de informalidade. Ele tenta captar até o movimento não registrado de uma empresa formal e a renda não declarada dos trabalhadores registrados. O caso mais conhecido é o dos garçons com as gorjetas.

O maior componente do Índice de Economia Subterrânea é a informalidade no mercado de trabalho. Para compor o dado, a FGV trabalha não apenas com a PME, mas também com a Pnad. Foi lá que encontraram indícios de que o círculo virtuoso está se esgotando. No gráfico abaixo, pode-se ver que o índice caiu todos os anos, mesmo nos difíceis.

– A tendência de queda da informalidade pode estar chegando no limite, pela perda do dinamismo da economia e do mercado de trabalho e pela redução do ritmo de aumento do crédito – afirmou o embaixador Roberto Abdenur, presidente do Etco.

O pesquisador Fernando Holanda Barbosa Filho, da FGV, responsável pelo índice, confirma essa impressão.

– Uma parte importante da queda da informalidade é a do mercado de trabalho que, nos últimos seis meses, parou de cair. Esse é um dos motivos para a nossa impressão de que esse círculo virtuoso pode estar chegando ao limite – disse o pesquisador.

O Etco e a FGV têm feito um esforço sério de medir e diagnosticar o problema da economia não declarada. Na primeira vez que mediram, eles compararam o tamanho da economia subterrânea do Brasil com uma Argentina. Felizmente, o vizinho cresceu e a economia subterrânea no Brasil diminuiu, portanto, a comparação já não pode mais ser esta.

Mesmo assim, o tamanho da economia que vive na sombra é calculado por eles como sendo de R$ 695,8 bilhões, mais de uma Suécia.

– Uma parte desse movimento positivo de queda da economia subterrânea foi consequência da expansão do crédito que, agora, está diminuindo pelo aumento do endividamento das famílias – afirmou Fernando Holanda.

Mesmo assim, ele diz que não são apenas fatores conjunturais que explicaram a melhora. Em outro estudo ainda não concluído, o economista já tem indícios de que parte desse avanço tem a ver com a melhora na educação brasileira. O aumento do nível de escolaridade impulsionou a formalização.

Mesmo tendo sido pequena a melhora na educação, ela já faz diferença em temas como esse, o da informalidade.

O que leva o Brasil a ter uma economia tão grande não declarada ou na área cinzenta, em que parte fica na legalidade, parte não?

Abdenur apresenta as razões: alta carga tributária, complexidade do pagamento de impostos, rigidez da legislação para quem atua na legalidade, principalmente no mercado de trabalho.

– Entre 1988 e 2005, a carga tributária brasileira aumentou em 88%, segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário – disse Abdenur.

O problema é que aumentou desigualmente. Alguns setores pagam impostos demais, outros são incentivados com desconto.

– Pior é a complexidade do pagamento de impostos – conta o embaixador.

O Etco se baseia para falar isso num estudo do Banco Mundial. Comparando os países, concluiu que o Brasil teve o pior resultado do mundo. Uma empresa padrão brasileira gasta 2.600 horas por ano apenas pagando os impostos. Na Bolívia, que também tem um mau desempenho nesse indicador, são 1.080 horas. No Brasil, são editadas 554 normas por dia. É de enlouquecer.

Por isso, todo esse tema é mais complicado do que parece. Há sobreposição entre o legal e o não legal, entre o formal e o informal, entre luz e sombras na economia brasileira.

Até medir é um esforço difícil. O Etco começou a fazer o cálculo em 2003 e pelo menos até agora a notícia é boa. É torcer para que essa sombra permaneça caindo.

Três perguntas para Fernando de Holanda Barbosa Filho

O pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE/FGV) Fernando de Holanda Barbosa Filho, responsável pelo Índice de Economia Subterrânea, fala sobre o estudo e seus impactos na sociedade. Barbosa Filho tem graduação em Economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, mestrado pela Escola de Pós-Graduação em Economia e doutorado na New York University. Atualmente, é também professor da FGV.

Por que é importante medir o Índice de Economia Subterrânea?

A medição do índice é muito importante, principalmente, porque se descobre o tamanho de uma economia que está à margem da formalidade. Isso significa que a carga tributária como fração do PIB seria inferior a que observamos, pois existe uma parte do produto não captada. A base de arrecadação é menor, ou seja, o governo está cobrando uma taxa muito elevada, que boa parte da população não está pagando. Se todas as pessoas contribuíssem no pagamento dos impostos, por meio da formalização, a carga tributária seria muito menor. Através do índice é possível tornar tangível e saber o tamanho daquilo que você não conhece, uma vez que a pesquisa reduz a ignorância de algo importante. Uma economia informal que equivale ao tamanho da Argentina não pode ser desprezada. Precisamos aproveitar esse estudo para desenvolver ações que tragam para a formalidade uma parcela importante de nosso produto. Certamente, a informalidade é apensar um sintoma de uma doença que faz com que as pessoas atuem na informalidade.

Quais são os fatores que mais contribuem para a economia subterrânea?

A alta carga tributária e o excesso de regulação são fatores que, se não tomarmos cuidado, acabam prejudicando a economia. Outro fator importante, que incentiva as pessoas a não saírem da informalidade, é a corrupção. Precisamos nos atentar para o fato da corrupção funcionar em duas pontas. A primeira como justificativa social, pelo fato dos impostos arrecadados muitas vezes não serem revertidos em investimentos por meio de políticas públicas nos demais setores da sociedade, como educação, saúde, saneamento básico, entre outros. E, por outro lado, quando o indivíduo acha que será flagrado como sonegador, muitas vezes, ele apela para o suborno do agente que fiscaliza, e isso funciona. São vários os canais existentes, e é esse conjunto de fatores que afeta simultaneamente a economia brasileira.

Qual é o método de apuração do índice?

São duas metodologias combinadas: o método monetário (estima-se uma equação de demanda da moeda) e informalidade no mercado de trabalho (com base nos dados da Pnad). A partir desses dados, calcula-se uma média entre as duas formas de estimar o que é intangível. A obtenção dessa estimativa é um excepcional avanço e responde a uma das principais questões, ou seja, medir o quanto se produz na economia subterrânea brasileira e comparar isso com outros indicadores, obtendo-se uma ordem de grandeza concreta.

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Algo a comemorar, muito a fazer

Cresce e se consolida a economia brasileira. Não obstante, temos ainda muito a fazer para reduzir aquele nível de atividades que não está nos registros oficiais, que está à margem da economia formal. Chama-se a isso de economia subterrânea, aquela que não aparece na superfície formal, não paga impostos, taxas nem tributos. E, naturalmente, prejudica o desenvolvimento econômico de um país e compromete as relações de trabalho e o ambiente de negócios.

A informalidade traz prejuízos diretos para a sociedade, ao criar um ambiente de transgressão e estimular o comportamento econômico oportunista, com queda na qualidade do investimento e redução do potencial de crescimento da economia. Além disso, provoca a contração dos recursos governamentais destinados a programas sociais e a investimentos em infraestrutura.

Difícil saber o tamanho exato da economia subterrânea, mas é possível  estimá-lo, dele ter uma ideia aproximada. Em 2006, a pedido do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO), o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE-FGV) desenvolveu um método de estimar o tamanho dessa economia. Esse trabalho vem sendo feito desde então, com análise retrospectiva, chegando até 2003. Como resultado disso, em 2003 a estimativa apontou que a economia subterrânea chegava a 21% do PIB brasileiro, um valor de R$ R$ 570 bilhões.

De 2007 a 2009, a estimativa mostrou que o tamanho da economia subterrânea ficou no patamar médio de 19%, ou seja, em torno de R$ 640 bilhões, o que correspondia ao tamanho da economia da vizinha Argentina, ou duas vezes a economia do Chile. Nesses anos, registrou-se uma certa estabilização do índice, que crescia em ritmo próximo ao do  PIB. Já se considerava um bom indício o fato de a economia subterrânea não crescer relativamente ao PIB. Nos países desenvolvidos da Europa, por exemplo, a economia subterrânea gira em torno dos 10% do PIB. Por outro lado, há países do Terceiro Mundo em que se estima algo como 40% da economia à margem da formalidade. Assim, uma média de 19% já não era tão ruim.

Contudo, cresce e se consolida a economia brasileira. E a boa notícia é que esse índice baixou em 2011. O índice de 2010 indicou que o tamanho da economia subterrânea estava menor em relação ao PIB, baixando para o patamar de 17%. Mais precisamente, 17,7%, ou R$ 651,7 bilhões. A porcentagem diminuiu, embora seu valor em reais fosse maior, porque também o PIB cresceu, cenário per si alvissareiro. Portanto, um avanço em todos os sentidos. Não somente porque a economia brasileira vem crescendo consistentemente, como a parte não declarada desse produto vem se contraindo.

A previsão para 2011, com base nessa tendência de queda, é de 17,2% do PIB, ou R$ 613 bilhões. Essa comprovação depende dos resultados finais do ano que ainda serão divulgados no primeiro semestre do ano que vem.

De que consiste, afinal, a economia subterrânea? Seria “simples” se toda a economia subterrânea viesse de atividades 100% paralelas. Mas uma parte da economia formal também guarda suas informalidades. No caso de sonegação de impostos, por exemplo, existe uma linha tênue de variações. Tanto profissionais quanto empresas exercem parte de suas atividades na legalidade e parte na informalidade, ainda que por circunstâncias diversas. As expressões “por fora” ou “caixa dois” retratam claramente o que se faz para repartir o formal do informal.

Por essa razão, o esforço tem sido no sentido de esclarecer a população da importância de que a circulação de bens e serviços aconteça dentro de um processo formal e regular, dentro da economia e não por fora dela. Mas a conscientização é apenas um primeiro passo, e sabemos que as mudanças ocorrem quando há mais do que isso. Ocorrem quando há uma pressão ou uma necessidade real de mudança.

A queda no índice de 2011 mostra que houve uma real necessidade de mudar a relação de trabalho e valorizar a formalização do emprego. Uma das explicações para isso é, sem dúvida, o acesso ao crédito. Em um contexto de estímulo ao consumo por meio de linhas de crédito, a exigência de comprovações de renda formal para obtenção de financiamento acaba estimulando a formalização do emprego. Ao mesmo tempo, o empregado com carteira assinada acaba percebendo a maior segurança em não adquirir produtos informais e se torna mais sensível ao apelo e às vantagens da formalização. Isso pode levar, pelo menos para os otimistas, a um círculo virtuoso da economia.

A própria globalização tem sido uma mola propulsora nesse sentido, já que exportação e importação exigem documentações de todos os tipos. A modernização institucional do Brasil também contribui, estimulando a livre concorrência dentro de mecanismos de mercado legítimos em todos os sentidos. O crescimento econômico, o aumento da formalidade no emprego, a redução da economia subterrânea e uma rara confiança no futuro do Brasil formam cenário auspicioso. É dever dos poderes públicos e autoridades, como, de resto, de toda a sociedade, manter um olhar crítico e constante sobre essa questão. É o momento de nos apossarmos deste salutar avanço da economia brasileira e dar continuidade a uma política econômica que tem contribuído para colocar o Brasil na direção de níveis mais elevados de desenvolvimento.

Roberto Abdenur é presidente executivo do ETCO

 

Arquivos de áudio

Entrevistas e notícias

2014

27/05/2014 – Rádio CBN
Ouça a entrevista com o Presidente Executivo do ETCO Evandro Guimaraes, concedida ao Jornalista MILTON JUNG no Jornal da CBN hoje, dia 27 de maio – 7h

2013

06/06/2013 – Rádio Nacional de Brasília
Ouça a entrevista de Roberto Abdenur à Rádio Nacional de Brasília sobre o Ciclo de Debates 10+10

2012

27/11/2012 – Rádio CBN – IES
Roberto Abdenur fala à CBN sobre Índice de Economia Subterrânea

O Presidente Executivo do ETCO – Roberto Abdenur, cedeu uma entrevista à Rádio CBN no dia 18/12/12 onde fala sobre o Índice de Economia Subterrânea e a estagnação de seus resultados no último estudo realizado.

 

27/11/2012 – Rádio Jovem Pan – Economia Informal
Jornal da Manhã: Índice de Economia Subterrânea

No programa Jornal da Manhã os apresentadores Roberto Muller e Leonardo Muller falam sobre o Índice de Economia Subterrânea realizado pela FGV e Instituto ETCO

 

27/11/2012 – Rádio Jovem Pan – IES
Jornal da Manhã: Índice de Economia Subterrânea

No programa Jornal da Manhã os locutores Roberto Muller e Leonardo Muller apresentam dados do Índice de Economia Subterrânea realizado pela FGV e Instituto ETCO

 

27/11/2012 – Rádio CBN – IES 0:20
CBN fala sobre Economia Informal

O jornal da CBN comenta sobre alguns números apresentados no Índice de Economia Subterrânea realizado pela FGV e Instituto ETCO

 

27/11/2012 – Rádio CBN – IES 1:28
CBN fala sobre Economia Informal

Durante o programa Repórter CBN são apresentados dados obtidos no levantamento do Índice de Economia Subterrânea realizado pela FGV e Instituto ETCO

 

27/11/2012 – Rádio Band News
Band News: Economia Informal movimenta 17% do PIB nacional

Na Band News os apresentadores conversam sobre Economia Informal e sobre o Índice de Economia Subterrânea realizado pela FGV e Instituto ETCO

 

 

27/01/2012 – Entrevista do presidente do ETCO, Roberto Abdenur, à Rádio Jovem Pan sobre práticas ilegais no setor de combustíveis – Este arquivo de áudio também está disponível aqui em formato Windows Media (wma)

2010

28/07/2010 – Economia subterrânea – Ricardo Amorim – Rádio Eldorado

26/07/2010 – Economia informal – André Franco Montoro – Rádio Nacional DF

21/07/2010 – Índice de Economia Subterrânea – André Franco Montoro – Rádio Eldorado

21/07/2010 – Estudo da FGV sobre economia subterrânea – Rádio CBN

21/07/2010 – Economia informal movimentou 578 bilhões no Brasil (1) – Rádio Band News

21/07/2010 – Economia informal movimentou 578 bilhões no Brasil (2) – Rádio Band News

2009

02/12/2009 – São Paulo intensifica o combate à pirataria – Rádio Band News

02/12/2009 – Crise financeira favorece o crescimento da economia informal – Jovem Pan

01/12/2009 – FGV divulga o IPC-S – Economia subterrânea – Rádio Eldorado

01/12/2009 – Economia informal cresceu 0,9% sobre o PIB no 1º semestre – Rádio CBN

01/12/2009 – Cidade livre de pirataria e do comércio Ilegal – Rádio CBN

01/12/2009 – Curitiba será a primeira cidade do projeto Cidade livre de pirataria – Band News

30/11/2009 – Curitiba será a primeira cidade livre de pirataria e do comércio ilegal – Band News

04/06/2009 – Debate – Programa Gente Que Fala – Rádio Trianon

14/05/2009 – Entrevista com André Franco Montoro Filho – Rádio CBN

2008

30/09/2008 – Entrevista com André Franco Montoro Filho – Rádio Eldorado

30/09/2008 – Entrevista com André Franco Montoro Filho – Rádio Trianon

22/07/2008 – Impostos – Entrevista com André Franco Montoro Filho – Rádio CBN

04/06/2008 – André Montoro fala sobre a venda da Varig – Rádio Eldorado

17/04/2008 – Índice da Economia Subterrânea – Rádio Cultura

01/04/2008 – Entrevista com André Franco Montoro Filho – Rádio Nacional

28/03/2008 – André Franco Montoro Filho fala sobre possível elevação da taxa básica de juros que poderá ser feita pelo Banco Central – Rádio Eldorado

11/03/2008 – Entrevista com André Franco Montoro Filho – Rádio Roquette Pinto

10/03/2008 – Entrevista com André Montoro sobre a economia informal no Brasil – CBN

07/03/2008 – Entrevista com André Franco Montoro Filho – Rádio Band AM

2007

10/09/2007 – José Nêumanne – alta incidência de sonegação de impostos – Jovem Pan

16/08/2007 – Entrevista – André Franco Montoro Filho – Rádio CBN

 

Mais áudio: Spots institucionais do ETCO

Estudos e pesquisas

Uma das principais ferramentas estratégicas de atuação do ETCO é a constante reflexão sobre os mais diversos temas. Por isso, o Instituto promove e incentiva estudos e pesquisas celebradas em parcerias com renomadas instituições, como a consultoria McKinsey, a Fundação Getulio Vargas (FGV), a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) e o Ibmec (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais).

Índice da Economia Subterrânea (IES)

Pandemia afeta atividade informal no Brasil e derruba indicador

Pesquisa ETCO-IBRE/FGVrevela o tamanho da economia subterrânea

Economia subterrânea no Brasil, movimentou algo próximo a R$ 1,2 trilhões de reais, maior que o PIB de países como Suíça e Suécia

Estudos recentes

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